“Jovens inquietos” E “carreira para a vida”: Um equilíbrio necessário

«A capacidade para adaptar as rotinas diárias às variáveis que se impõem no dia-a-dia deve tornar-se um requisito das organizações.»

 

Por Inês Madeira, directora de Capital Humano do Grupo FHC

 

A propósito da XXV Conferência Human Resources e do tema “Gestão de Pessoas: No centro do furacão. E afinal, quem manda aqui”, explanam-se as exigências e os desafios que as empresas encaram diariamente no desenho de estratégias sólidas na atracção e retenção de talento.

Hoje em dia, mais do que proporcionar excelentes condições de trabalho, como a flexibilização dos modelos de trabalho, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional com uma forte componente social e lúdica, e os benefícios pessoais e sociais, as empresas deparam-se com a necessidade de “injectar” constantemente factores motivacionais às equipas de trabalho. Estas congregam perfis diversos, desde o colaborador que durante toda a sua carreira colocou os interesses da empresa em primeiro lugar, ao colaborador que está sempre a questionar os desafios que a empresa tem para lhe oferecer, tendo como principal – e muitas vezes único – objectivo concluir as diferentes tarefas, numa checklist idealizada nos últimos anos da faculdade para o seu percurso profissional.

Uma das premissas para que os integrantes da nova força de trabalho encarem o projecto da empresa como o seu projecto de vida – mesmo que seja durante um período de tempo específico previamente estabelecido – é, sem dúvida, a possibilidade de poderem desenvolver um conjunto de competências e experiências únicas, desafiadoras e diferenciadoras. O foco de aproximar a formação ao desenvolvimento das pessoas e permitir que a empresa beneficie neste processo possibilita a sinergia perfeita. Não obstante, encontrar e manter esta agradável sintonia confere uma realidade efémera. A busca incessante pela estabilização das equipas e, consequentemente, dos projectos, bem como a previsão de resultados, está notoriamente ultrapassada.

A capacidade para adaptar as rotinas diárias às variáveis que se impõem no dia-a-dia deve tornar-se um requisito das organizações. O estabelecimento de objectivos e de uma estratégia clara assente neste princípio fará a diferença na cultura das organizações. Conseguir absorver a energia e a “sede” dos jovens que entram no mercado de trabalho, equilibrando com o perfil dos elementos estáveis, maduros, que detêm um profundo conhecimento da organização e da génese de todos os processos, estabelece o verdadeiro desafio da actualidade nas empresas.

A revolução, com a transição ou transformação digital e a inteligência artificial aplicada à melhoria dos processos, exige deste tipo de perfil uma alteração de comportamento, uma saída da zona de conforto, uma adaptação a uma realidade desconhecida. E é neste momento que uma vez mais se encontra a responsabilidade e compromisso mútuo entre empregador e empregado.

A empresa não olha apenas para os jovens inquietos como também direcciona um olhar atendo para a sua força basilar, proporcionando ferramentas para que se adaptem às circunstâncias e reais necessidades da empresa. Não obstante, tanto os “jovens inquietos” como os “profissionais de uma carreira para a vida” devem assumir a simbiose da relação, acrescentar valor à organização, e absorver tudo o que os possa distinguir e diferenciar.

Esta perspectiva, através da qual a atribuição de papéis parece confusa e a realidade parece inverter-se, faz-nos questionar “Afinal, quem manda aqui”. Por conseguinte, a definição e consolidação da estratégia de Gestão de Pessoas fica afectada. Quando até há bem pouco tempo, a estratégia era definida com base em realidades constantes e consistentes, e permitia a análise dos resultados das acções a médio ou longo prazo, à data de hoje, o acompanhamento da execução das acções na Gestão de Pessoas e o alinhamento dos objectivos da organização são feitos obrigatoriamente sob diferentes perspectivas.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Abril (nº. 148) da Human Resources, nas bancas. 

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