Liderança no feminino: o factor inclusão na cultura corporativa das empresas

Por Tânia Saraiva, directora de Specialty e Oncologia na GSK

 

Nos dias de hoje, muito se fala sobre igualdade, equidade e inclusão, especialmente no universo profissional e na cultura das empresas. Igualdade e equidade, efectivamente, são conceitos fundamentais quando o tema é o papel das mulheres no mundo corporativo. Mas ainda que se complementem e possam surgir, lado a lado, nas discussões e no esgrimir de argumentos, têm significados distintos e diferenças fundamentais; não são conceitos intercambiáveis, pelo que se a ideia é aplicá-los na promoção de uma sociedade verdadeiramente justa e inclusiva, há diferenças que importa esclarecer.

Igualdade é, segundo o dicionário, a “qualidade de igual”, a “relação entre coisas ou pessoas iguais”. Equidade, ainda que possa ser confundida com igualdade, tem definição diferente: é o “reconhecimento dos direitos de cada um”. Ou seja, enquanto a primeira pressupõe um tratamento idêntico para todos, independentemente das circunstâncias individuais, a segunda reconhece que pessoas diferentes têm necessidades distintas e que, para alcançar resultados justos, é necessário um tratamento diferenciado, que tenha em conta essas especificidades.

No mercado de trabalho, a igualdade defende condições iguais para funções idênticas, mas a equidade vai mais além, reconhecendo que as mulheres podem enfrentar períodos que exigem medidas adaptadas, como é o caso da maternidade, pelo que se criaram políticas de licença parental adequadas e horários flexíveis. Por isso, fomentar a igualdade é muito importante, mas é igualmente essencial garantir a equidade. Só assim conseguimos ser inclusivos.

Não só as mulheres são diferentes dos homens, como desempenham papéis diferentes e têm também necessidades distintas, consoante as várias fases das suas vidas. Enquanto mãe, as minhas necessidades quando as minhas duas filhas eram bebés nada têm a ver com as de hoje, que são adolescentes. E, seguramente, serão diferentes no futuro. O que funcionou para mim em termos de apoio, poderá não funcionar do mesmo modo para outra colega, que precisa de dar apoio a familiares mais idosos ou que necessita de suporte emocional em algum momento da sua vida.

A equidade vai reconhecer as minhas diferenças biológicas, sociais e culturais, ao permitir que as intervenções sejam adaptadas. Não se trata de criar privilégios, mas eliminar obstáculos, tendo como objectivo último a equidade substantiva nos resultados: uma sociedade onde todas as mulheres, independentemente da fase da sua vida, possam alcançar o seu potencial. Não é isso o que procuramos quando defendemos a inclusão?

Isto continua a ser uma jornada repleta de desafios, sobretudo quando esse potencial se pode traduzir na ocupação de lugares de liderança, uma vez que ainda existem algumas barreiras sistémicas a condicionar o acesso das mulheres a posições mais seniores. Não só as normas de género continuam a insistir em atribuir à mulher determinados papéis que dificultam a sua ascensão profissional, como, em alguns casos, – felizmente cada vez menos – as responsabilidades familiares e domésticas recaem mais sobre o sexo feminino, complicando a já difícil conciliação entre vida pessoal e profissional.

As empresas têm, por isso, um papel fundamental na resposta a estes desafios e na promoção de uma cultura inclusiva. É isso que procuramos na GSK em Portugal, onde se contam 91 mulheres de um total de 160 profissionais, que ocupam 60% dos cargos executivos e onde têm sido criadas políticas focadas na inclusão: todos os colaboradores da GSK que vão ser pais/mães têm direito a 18 semanas de licença de maternidade/paternidade pagas a 100%, tal como a possibilidade de usufruir de quatro semanas de licença paga para cuidar de familiares de primeiro grau em estado de saúde crítico ou fim de vida.

Mas vamos mais longe, ao potenciar o desenvolvimento de todos os colaboradores, disponibilizando um plano de carreira, alinhado e acompanhado pelos respectivos managers, além de um portal interno de desenvolvimento, com diferentes treinos e programas formativos, em diversas áreas, assim como um programa de Reverse Mentoring.

Acreditamos que isso podem ser alguns dos motivos por termos conquistado o top 15 das 100 melhores empresas, no ranking FTSE Women Leaders, no que diz respeito à representatividade das mulheres em cargos de direcção e liderança. Mais importante do que isso, acreditamos que é o facto de sermos uma empresa inclusiva, onde todas as pessoas têm oportunidade de desenvolver-se e prosperar, independentemente de ser homem, mulher ou da idade que têm, que faz de nós uma das melhores empresas para trabalhar… sem “mas” e “se”.

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