Metade dos trabalhadores nesta região não usam todos os dias de férias a que têm direito. Saiba as razões

Apesar de muitos trabalhadores se queixarem que o número dos dias de férias não é suficiente e estejam cada vez mais stressados, a verdade é que nem sempre aproveitam o total a que têm direito.

 

Apenas menos de metade dos trabalhadores dos Estados Unidos da América (EUA), cerca de 48%, desfrutam de todos os dias de descanso que por lei têm de ter, de acordo com um novo inquérito elaborado pelo Pew Research Center, baseado in Washington, D.C., nos EUA.

Quem opta por não tirar o tempo todo aponta várias razões, entre as quais o facto de acreditar que não precisa; a preocupação excessiva com o trabalho ou um sentimento de culpa em relação aos colegas que têm de compensar a sua falta e acabam por ficar sobrecarregados com trabalho. Há até quem pense que o tempo de férias prejudica a hipótese de ser promovido ou possa fazer com que seja despedido.

A razão mais frequente, apontada por 52% dos inquiridos é que ‘não precisam’, enquanto 49% dizem que ficam preocupados com a possibilidade de ‘ficar para trás’ no trabalho. Por volta de 43% usam como argumento o facto de se ‘sentirem mal pelos colegas’ e 19% indicam a preocupação com a carreira como factor. Uma minoria, 16%, tem medo de perder o emprego e 12% são desencorajados pelos patrões.

Há uma ansiedade crescente que surge na sequência dos despedimentos em massa, ocorridos recentemente, da contratação de funcionários mais lentos e menos capacitados, porque requerem um salário mais baixo, e ainda dos cortes de benefícios e outros custos.

“Durante a pandemia assistimos a uma vaga de pessoas a abandonar os seus empregos devido ao esgotamento e ao stress e a um declínio constante no envolvimento dos empregados”, recordou a chefe global de talentos e desempenho da organização de pesquisa NeuroLeadership Institute, Christy Pruitt-Haynes, ao salientar que “o tempo de férias é mais importante do que nunca”.

O aumento do trabalho à distância também contribuiu para que os funcionários tirem menos tempo de descanso, segundo a chefe de recursos humanos da empresa de software Paycor, Paaras Parker. Como até as consultas médicas podem agora ser feitas de forma virtual e muitos serviços passaram a ser à distância, deixou de haver necessidade de tirar dias de férias para tratar determinados assuntos. Ainda assim, Pruitt-Haynes argumenta que o principal motivo para que os empregados dispensem o seu tempo pago sem trabalhar é “simplesmente medo”.

“Os trabalhadores norte-americanos foram condicionados a acreditar que se não estiverem a trabalhar são preguiçosos ou estão em risco de serem substituídos”, explicou a especialista ao justificar: “Foi-nos incutido que para conseguirmos mais, temos de trabalhar mais e como todos queremos mais, tendemos a dar prioridade ao trabalho activo em detrimento de outras coisas na nossa vida”.

A atitude das empresas perante os trabalhadores influencia a forma como as pessoas se sentem na empresa, o seu à-vontade, disponibilidade e motivação, factores que influenciam o seu desempenho e produtividade. O tempo de descanso é essencial para o melhor funcionamento laboral, reflectindo-se tanto a nível individual como no trabalho em equipa.

A preocupação das empresas com a saúde dos empregados, o desincentivo de más práticas e o controlo do tempo de descanso deve ser parte das prioridades de cada empresa, dado que esta demonstração faz com que os funcionários reconheçam o valor do local onde trabalham e eles próprios passem a ter em atenção factores associados ao seu percurso profissional.

 

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