
Mulheres nas STEM: Como estamos, Portugal?
Por Teresa Vicente, head of People na Minsait em Portugal
A diversidade é a chave do progresso tecnológico e o talento feminino desempenha um papel fundamental na inovação. As histórias de mulheres que encontraram na tecnologia um espaço para desenvolver todo o seu potencial são inspiradoras e demonstram que é possível alcançar grandes objectivos. Engenheiras, programadoras, técnicas, entre muitas outras profissões nesta área, contribuem todos os dias com seu talento e visão única, impulsionando o crescimento de diversos sectores produtivos do país através da tecnologia.
Nos últimos anos, temos assistido a um aumento significativo da participação das mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em Portugal. No entanto, ainda existem desafios consideráveis que precisam de ser superados para alcançar uma verdadeira igualdade de género nestas áreas.
Apesar de em Portugal existirem mais mulheres nas áreas STEM do que na média da UE27, este valor ainda está aquém do desejado. De acordo com o Boletim Estatístico de 2022 da Igualdade de Género em Portugal, em 2021 as mulheres representavam apenas 37,7% dos licenciados em áreas STEM. Embora esta percentagem seja encorajadora, ainda há uma diferença 24,6 p.p. em relação aos homens, que representavam 62,3%. Além disso, a proporção de mulheres em empregos STEM é de 44%, mas estes empregos representam apenas 12% do total de empregos no país.
Um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres em carreiras STEM é a persistência de estereótipos de género. Muitas vezes, existe a percepção de que as mulheres não têm interesse ou competências naturais nestas disciplinas, o que pode influenciar as suas escolhas educacionais e profissionais desde cedo. Este preconceito pode levar a uma menor representação feminina em áreas como Engenharia e Tecnologias, onde a taxa de presença feminina é significativamente mais baixa comparada às Ciências e Matemáticas.
Fomentar ambientes inclusivos e oferecer oportunidades de mentoria são passos fundamentais para apoiar as mulheres nestas carreiras. Além disso, construir redes sólidas e privilegiar políticas equitativas pode ajudar a criar um ambiente mais propício ao desenvolvimento profissional das mulheres em carreiras STEM.
Para promover a inclusão e aumentar a participação das mulheres em carreiras STEM, é crucial implementar estratégias inovadoras. E como? As empresas podem promover esta inclusão criando ambientes de trabalho inclusivos, implementando políticas de diversidade e oferecendo formação contínua sobre inclusão. Estabelecer programas de mentoria e desenvolvimento de carreira personalizados também é importante. Não menos importante, é estabelecer parcerias com instituições de ensino para criar programas de estágio e bolsas de estudo, além de organizar workshops e eventos, que podem incentivar a participação de mulheres nas carreiras STEM.
Adoptar processos de recrutamento inclusivos e oferecer benefícios que apoiem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal são igualmente estratégias importantes. Celebrar as conquistas das mulheres nesta área e destacar o seu papel dentro das empresas pode aumentar a visibilidade e inspirar outras.
Embora Portugal tenha feito progressos notáveis na inclusão de mulheres nestas carreiras, ainda há um longo caminho a percorrer. É essencial que – mulheres e homens – continuem a combater os estereótipos de género e promovam políticas que incentivem a participação feminina nestas áreas. Só assim poderemos garantir um futuro mais equitativo e inovador para todos.
Ada Lovelace, nascida Augusta Ada Byron em 1815, foi uma matemática e escritora inglesa, reconhecida como a primeira programadora de computadores. Entre 1842 e 1843, Ada traduziu um artigo sobre a máquina analítica de Babbage e adicionou as suas próprias notas, incluindo o primeiro algoritmo destinado a ser processado por uma máquina. Ada Lovelace, considerada a mãe da programação, teve de assinar o seu trabalho com iniciais para evitar a censura. Embora a realidade tenha mudado, o desafio de colmatar o fosso entre os géneros mantém-se. O reconhecimento do papel das mulheres na tecnologia tem sido um processo gradual, não obstante os avanços alcançados.
Assim, à luz do Dia Internacional da Mulher, que se assinala este mês de Março, é importante destacar que o campo da inovação requer cada vez mais profissionais capazes de liderar a adopção de novas tecnologias. A diversidade de género não é apenas uma questão de justiça, mas sim uma necessidade para o progresso contínuo e sustentável da tecnologia.