Natureza Humana – a verdadeira Linha Vermelha!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

A Natureza Humana faz referência ao conjunto de traços que o ser humano tende a ter. Falamos da forma de pensar, falamos de sentimentos e de mecanismos para a ação. Pode ou não ser influenciada culturalmente. É uma velha questão da filosofia ocidental, mas estudada largamente pelos diversos ramos das ciências humanas, dada a sua complexidade.
O debate é imenso, seja pela capacidade de podermos fazer escolhas verdadeiramente livres, seja porque qualquer opção que façamos na vida provêem de uma causa, intrínseca ou extrínseca, resultantes do meio social ou de fatores biológicos. Mas não entremos nas questões de análise das teorizações das grandes correntes filosóficas. Nem tão pouco nos preocupemos se existe predisposição genética para se agir de determinada forma, ou se é o contexto que influenciador.
O importante é colocar-se o ser humano no centro do debate. Ficamos atónitos como é possível fazerem-se escolhas, supostamente livres, que conduzem as sociedades para regimes de pendor mais autocrático. Ainda mais nos questionamos como são possíveis conflitos que desprezam as condições básicas de vida e, até, a própria existência do ser humano. E como permitimos que, numa lógica de sobrevivência, existam cada vez mais refugiados. Já para não falarmos na fome, ou a destruição do planeta que habitamos.
E quando passamos para o que nos rodeia mais de perto, permitimos uma escalada de violência, até mais doméstica, ou temos que construir políticas específicas de emprego digno. Será que a dignidade não é um dos traços a ser defendido, em primeira linha, numa lógica de natureza humana? Que mundo efetivamente se tem construído ao longo dos anos, para que em pleno século XXI, ainda se discutam conceitos que certamente deveriam ter ficado na Idade Média?
Foi precisa uma crise sanitária para se discutir e tomar medidas relativamente ao Bem Estar das Pessoas, é necessária uma guerra na Europa e uma inflação galopante para se perceber que tem de se acudir a carências básicas do ser humano. É necessário um impacto ambiental sem precedentes para se perceber definitivamente que há zonas do planeta que não têm água e alimentação e que, numa lógica de sobrevivência, há quem tenha de abandonar as suas raízes.
Mas será que estamos mesmo a tomar consciência dos perigos que existem? A sensação que temos é que existe o que vulgarmente se chama de desnorte – não se consegue perceber que planeamento existe para a implementação de soluções. Sem dúvida que existem horizontes temporais: 2030 para o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável, 2045 para a descarbonização, pelo menos em alguns países. Sim, existem metas muito interessantes no papel. Mas como e quando as vamos atingir? Sim, até existem orçamentos. Mas como, quando e que resultados vamos obter com tantos milhões?
Já que está na moda falar de linhas vermelhas, se bem até com alguma propriedade em muitos casos, a verdadeira linha vermelha que não se pode ultrapassar é não respeitarmos a Natureza Humana, na sua essência – liberdade de pensamento, assunção dos seus Valores e desenho de ações que permitam o acesso ao bem estar global.