Neotalent: Na pole position da transformação digital

Perante o actual contexto, que veio acelerar a mudança nas empresas, a Neotalent identificou uma oportunidade e propõe-se transformar, através da digitalização, o mercado de talento e a forma como as várias partes se relacionam e desenvolvem a sua actividade. É assim que surge a nova plataforma de recrutamento Digital Talent Ecosystem.

 

Para acompanhar as necessidades dos clientes, a concorrência e ter modelos de negócios sustentáveis, as empresas têm de mover-se depressa.» A constatação é de Célia Vieira, CEO da Neotalent, que acrescenta que «a transformação digital colocou o IT [Tecnologias de Informação] como factor crítico para o sucesso de qualquer tipo de negócio e, como consequência, a procura por talento nestas áreas atingiu níveis nunca vistos». E a pandemia causada pelo novo coronavírus amplificou ainda mais esta realidade. «Para dificultar, a oferta de candidatos não é suficiente e a “criação de novo talento” não acompanha a procura.»

Simultaneamente, também os profissionais se movem cada mais depressa, existindo agora «uma nova atitude em relação ao trabalho que está a mudar a forma como desenham as suas carreiras, coleccionando múltiplas experiências e deixando de se submeter aos percursos pré-formatados das empresas. Esta mentalidade de “emprego em série” diminui o tempo de permanência no mesmo emprego ou empresa», chama a atenção Célia Vieira, para quem «o trabalho remoto, ao dar acesso a mais oportunidades, também acentua esta mobilidade».

Uma procura crescente e sem precedentes pelo talento certo colide com a procura crescente, também sem precedentes, pela missão certa, criando maior pressão e desafios cada vez maiores para o recrutamento. Assim, «é urgente encontrar novas fontes de recrutamento e, ao mesmo tempo, apostar na retenção, sendo a qualificação cada vez mais difícil, no sentido em que existem muitos dados para processar, muito além da capacidade do ser humano», salienta a responsável. «Por outro lado, é também cada vez mais difícil validar factos profissionais e competências, enquanto é fácil introduzir preconceito, seja consciente ou inconscientemente, e a experiência do candidato tende a ser sofrível.»

No entanto, para Célia Vieira «não é apenas o recrutamento que enfrenta enormes desafios. Também é a sua gestão e desenvolvimento, tanto na perspectiva das empresas como dos candidatos. As empresas capazes de enfrentar esses desafios serão as mais bem preparadas no futuro», acredita. «São necessários novos modelos de negócio e ferramentas capazes de permitir o acesso ou a entrega de talento e capacidade.»

Face a todo este contexto, e no advento de uma transformação, a Neotalent identificou uma oportunidade e formulou uma visão. «Queremos transformar, através da digitalização, o mercado de talento e a forma como as várias partes se relacionam e desenvolvem a sua actividade», assegura a CEO. «Queremos criar uma melhor experiência para os vários actores e satisfazer os seus requisitos, ajudar no processo de recrutamento, no desenvolvimento de talento e na entrega de serviços de staffing, assim como proporcionar transparência ao mercado».

 

Digital Talent Ecosystem
É assim que surge o Digital Talent Ecosystem, uma plataforma de recrutamento com recurso a inteligência artificial e blockchain, que se insere num projecto abrangente da Neotalent que tem como objectivo digitalizar este mercado e juntar numa única plataforma os seus principais actores. «Falamos de talento, de entidades que o disponibilizam, contratam ou “consomem”, de quem o gere e até mesmo de instituições que “criam” talento, como universidades ou empresas de formação», esclarece Célia Vieira.

As principais funcionalidades do Digital Talent Ecosystem incluem ferramentas de avaliação de profissionais, que têm em conta competências técnicas, aptidões, traços de personalidade, perfil de equipas, interesses, entre outros; ferramentas de recomendação capazes de sugerir talentos, composição de equipas ou percursos de carreira baseadas em aprendizagem computacional e mecanismo de registo, tratamento e salvaguarda segura de eventos de carreira, com recurso a blockchain e smartcontracts.

O plano de projecto prevê que a actual fase de criação do protótipo decorra até Agosto de 2021. «Nessa altura, contamos ter uma primeira versão da plataforma em produção e ao serviço de talentos e clientes da Neotalent», revela a responsável.

Para a criação desta plataforma, a Neotalent conta com a parceria do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e do Instituto Pedro Nunes (IPN), sendo um projecto co-financiado pelo programa Lisboa 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Célia Vieira acredita que a resposta aos desafios da escassez de talento passa por parcerias entre o ecossistema empresas, academias e Estado. «Estamos a falar de acções que têm de ir muito para lá da iniciativa pontual ou anual durante um determinado mandato de apenas algumas entidades. Os movimentos têm de ser consistentes no tempo, ir para além de uma geração, mudar mentalidades e tentar acompanhar mudanças sociais e demográficas. Não sabemos quais vão ser as necessidades do mercado daqui a cinco ou 10 anos, mas há um trabalho a ser feito que só é possível através da concertação alargada que inclua empresas de diferentes sectores; governos, independentemente de cores políticas; e instituições de ensino, dos escalões etários mais baixos até aos mais altos.»

 

A relevância e urgência da transformação digital
Antes da pandemia, a atracção e a retenção de talento era considerada um dos principais desafios para as empresas. Num contexto de elevada procura de profissionais de TI, alimentado pela transformação digital em curso em todos os sectores, em que a nova geração assumiu o controlo da sua própria carreira e procura constantemente novos desafios e experiências, está criada a tempestade perfeita para uma ainda mais acesa guerra pelo talento.

O ano de 2020 trouxe uma pandemia cujas reais consequências económicas no mercado de TI ainda estão para ser conhecidas. «No entanto , ainda que se possam vir a sentir quebras de investimento em alguns sectores e, por consequência, da contratação, outro efeito desta pandemia foi colocar de forma ainda mais urgente na agenda dos gestores e decisores o tema da transformação digital, e esta só é possível com talento IT de qualidade», ressalva Célia Vieira.

Na Neotalent não existem dúvidas de que a relevância e a urgência da transformação digital e, consequentemente, da elevada procura por profissionais de TI irá manter-se ao longo de 2021 e nos anos seguintes. «Neste cenário, que não é diferente do que temos vivido nos últimos anos, o desafio da procura passará mais pela automatização de determinadas etapas do recrutamento, pela comunicação clara e real da proposta de valor para os profissionais, assim como pela capacidade de o reter (ou o conhecimento) e pela capacidade de encontrar novas fontes de talento, que podem passar pela «identificação de pessoas com as soft skills adequadas e formar as hard skills necessárias, ou então pelo recurso ao remoto, algo que a pandemia veio mostrar que é possível», constata a CEO.

A transformação digital vai chegar a todos os negócios, mesmo aos mais tradicionais. Esta realidade “empurra” empresas e sectores inteiros para um caminho inevitável de transformação, ancorada em tecnologia digital capaz de trazer aumentos de desempenho de negócio e novas mais-valias para os utilizadores e clientes. «A pandemia de COVID-19 veio acelerar ainda mais esta realidade e colocar a transformação digital na agenda de ainda mais negócios», reitera Célia Vieia.

A forma como as empresas criam, gerem e adaptam a sua força de trabalho vai ter de acompanhar a constante mudança e necessidade de rapidamente ter acesso às pessoas com o perfil adequado para fazer face aos requisitos dos seus clientes. «Inevitavelmente, o próprio mercado de trabalho, de serviços de recrutamento e de staffing também será transformado. Estão criadas as condições para uma eminente disrupção no mercado de trabalho. Ainda ninguém sabe bem como vai funcionar no futuro, como vai a tecnologia transformá-lo ou como vai ser a “uberização” do mercado de talento, mas a Neotalent quer ter uma palavra a dizer.»

 

Desafios, prioridades e tendências
A pandemia veio desmistificar e obrigar a colocar na agenda o tema do teletrabalho, o que levanta não só desafios técnico-logísticos como, acima de tudo, desafios de mudança de mentalidade e de maturidade pessoal para trabalhar fora do local de trabalho.

«O trabalho remoto elimina distâncias nacionais e, acima de tudo, elimina fronteiras internacionais. Podemos dizer que, para muitas funções actuais, qualquer pessoa no mundo que reúna as características e o perfil necessário é opção para a executar sem ter de sair do seu país, assim como, qualquer função para a qual uma pessoa tenha as características adequadas está ao alcance de qualquer profissional no mundo», acredita Célia Vieira. «O receio que inicialmente possa ter existido, principalmente do lado das empresas, deu lugar à oportunidade e a novos desafios. Estes desafios passam pela crescente necessidade de as organizações terem capacidade de atracção e recrutamento internacional, têm de conseguir mostrar-se, ser atractivas e competir pelo talento com muitas outras empresas no mundo. Uma consequência imediata é o facto de o talento local estar ainda mais exposto e disponível para olhar para missões que até agora não considerava, o que traz um desafio acrescido de retenção destes profissionais. Os desafios não são propriamente diferentes, têm sim uma escala amplificada.»

Para atingir o posicionamento desejado no mercado, a estratégia da Neotalent aponta para um caminho muito claro e consciente de inovação e para uma profunda transformação na forma como a empresa desenvolve a sua actividade e entrega soluções aos seus clientes. «Queremos ser agentes da mudança e da transformação digital do mercado de recrutamento em IT», reforça a CEO.

Esta estratégia passa, por um lado, por atingir um conjunto de objectivos operacionais de volume de negócio e de headcount, assim como por uma aposta no mercado internacional, nomeadamente Espanha, onde tem uma operação com alguma dimensão e, através da sua oferta de nearshore, no resto da Europa. Por outro lado, a empresa tem em curso um conjunto de investimentos que visam o desenvolvimento de novas ofertas e a criação de ferramentas digitais que podem vir a acelerar e automatizar a forma como desenvolve o seu negócio e entrega valor aos seus vários stakeholders.

Questionada sobre que tendências perspectiva para o futuro do recrutamento e do mercado das Tecnologias de Informação, Célia Vieira não esconde ser incontornável olhar para as consequências da COVID-19 e para a forma como veio impulsionar a transformação digital, quebrando de forma muito abrupta um conjunto de dogmas que existiam no mercado, principalmente os ligados ao trabalho remoto e à “cultura da presença”. «Se houve algo de bom que a pandemia trouxe foi mostrar que é possível trabalhar à distância, com recurso a ferramentas alternativas, sem que isso prejudique a produtividade. Temos, inclusivamente, a percepção de que em algumas situações a produtividade aumentou, com os profissionais a sentiram uma melhor qualidade de vida e, consequentemente, uma maior satisfação no trabalho.»

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Janeiro (nº.121) da Human Resources, nas bancas.

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