No processo de decisão há espaço para todos – especialmente para os colaboradores

Graças à globalização do mundo do trabalho, o talento está a movimentar-se cada vez mais facilmente entre mercados. Aliada a esta tendência provocada por uma “aldeia global”, onde as fronteiras estão cada vez mais ténues, as gerações que estão agora a entrar no mercado de trabalho têm perspectivas e necessidades diferentes. Por exemplo, contrariamente às anteriores, que procuravam estabilidade profissional, estes jovens profissionais não se caracterizam pelo apego ao local de trabalho ou pelo receio da mudança.

Por Rui Gomes, CFO da Weezie

 

Estas tendências que estão a surgir no mercado de trabalho são responsáveis por criar uma maior competitividade na procura e gestão de talento, o que obriga as empresas a aprimorar as suas propostas de valor. Para tal, mais do que nunca, devem conhecer os seus colaboradores e considerar a sua opinião no processo de tomada de decisão.

Procurar activamente o contributo dos colaboradores no dia-a-dia da empresa é mais do que uma solução para compreender o que valorizam no local de trabalho. Quando as empresas valorizam a voz e opinião dos colaboradores, estes sentem-se mais motivados e com um sentido de propósito, o que por sua vez, pode aumentar a sua produtividade, satisfação no trabalho, envolvimento e, consequentemente, o seu sentido de compromisso.

Criar um ambiente seguro, onde é possível partilhar ideias sem julgamentos, permite ainda estimular a criatividade. Os colaboradores têm uma perspectiva única daquilo que é o seu trabalho e como este pode ser desenvolvido da melhor maneira, por isso as suas ideias contribuem para soluções que aumentam a eficiência e eficácia de trabalho.

Por outro lado, esta prática pode, no entanto, ser desafiadora. Envolver os profissionais no processo não significa que todas decisões serão tomadas em conjunto. É preciso fazer uma gestão de expectativas e garantir que os colaboradores sentem que as suas sugestões são tidas em consideração. Porém, é essencial ter a transparência para justificar o motivo pelo qual determinadas sugestões não tiveram pernas para andar.

Outro desafio da inclusão dos profissionais na tomada de decisão é a garantia de imparcialidade. Quando grupos de colaboradores estão juntos e a tentar tomar uma decisão, é fácil concordarem mais com outros colaboradores em quem confiam implicitamente ou com quem têm relações mais próximas – mesmo quando as perspectivas desses colaboradores podem não ser a solução correcta para o problema em questão. A parcialidade pode ter um impacto negativo nas relações sociais entre os membros da organização e diminuir a confiança entre os funcionários, o que, por sua vez, afecta negativamente a produtividade e a moral.

Mas como é que podemos aplicar estas ideologias na prática? Algumas formas de envolver as equipas de funcionários podem passar pelo agendamento de reuniões regulares para discutir ideias, criar grupos de trabalho que envolvam colaboradores de diferentes departamentos, de forma que qualquer elemento da equipa possa dar o seu input em qualquer área de trabalho, ou simplesmente através de um canal de comunicação aberto. Outro método pode passar pelos tradicionais questionários sobre os mais diversos temas, desde o que é mais importante para o dia-a-dia no escritório, às especialidades mais valorizadas em cobrir no seguro de saúde, ou ainda, qual a entidade de cariz social que a empresa deverá apoiar.

O mundo do trabalho mudou, está mais global e heterogéneo do que nunca, e o modelo de trabalho tradicional com a oferta dos benefícios habituais já não está ajustado ou será suficiente para atrair e manter talento. Para vencer a actual guerra de talento, é essencial saber ouvir, oferecer modelos de trabalho flexíveis, possibilidades de desenvolvimento ou até proporcionar um maior sentido de propósito organizacional, além da remuneração.

Ler Mais