O “apagão” das redes sociais e a gestão de pessoas

Por Luís Roberto, Managing Partner da Comunicatorium e Professor convidado do ISCSP-ULisboa

 

Na tarde desta segunda-feira, as redes sociais Facebook, Instagram e os serviços de mensagens  WhatsApp e Messenger estiveram com problemas de acesso em vários países, incluindo  Portugal.

Foi um “apagão” que durou cerca de seis horas, algo que até aos dias de hoje nunca tinha acontecido durante tanto tempo. Dizem as fontes oficiais ter-se tratado de alterações de configuração que afetaram 3,5 mil milhões de utilizadores.

Diversas teorias conspiratórias e comentários na internet sobre o apagão tecnológico, não tardaram a aparecer. Desde o ataque cibernautico vindo da China,  ao “fim do mundo”, ou  a confirmação das fortes críticas de uma ex-funcionária do grupo de Zuckerberg,  sobre a insegurança das redes.

A interrupção dos serviços já causaram a queda das ações da empresa em bolsa em  5%, e a riqueza pessoal do fundador acabou por perder num só dia o equivalente a seis mil milhões de dólares.

Ter ficado desconetado durante várias horas, provocou em muitas pessoas níveis de angustia e ansiedade que não deixam de ser um sinal de alerta para a saúde mental, dizem os especialistas.

Alguns utilizadores usam as redes sociais, não só como forma de comunicarem , mas também como ferramenta de trabalho para os seus negócios. Algumas pequenas empresas que durante a pandemia usaram as redes sociais como canal de vendas, viram em apenas num dia uma redução nas suas encomendas superior a 50%.

Fala-se hoje na necessidade urgente de um plano B. O facto é que nos últimos meses várias têm sido as falhas com as redes sociais, e nem por isso o plano foi implementado.

Imaginemos por uns momentos que o apagão de 6 horas, tivesse durado  6 dias. Como iriamos reagir ?

Certamente que ficariamos parados a olhar para o telemóvel, sem saber o que fazer.

A cada minuto tentariamos entrar na aplicação que usamos, para ver se já estaria ativa.

Voltávamos  a pegar no telemovel, mas sem sucesso.

Começavamos a sentir ansiedade e impaciêcia.

“Tive a impressão de ter rebido uma mensagem. Afinal não!”

Procuro por um papel com algo escrito. Algo que me diga o que tenho de fazer.

“Não sei de nada.”

Começo a sentir alguma irritação. “Onde estão os outros ?”

Por fim, um enorme vazio.  Estamos desconetados.

Pode parecer um cenário dantesco, mas importa pensar como geríamos as nossas pessoas numa situação de “apagão” total.

Não é de todo impossivel acontecer, quando a vulnerabilidade das redes é grande, e o investimento em sistemas de segurança é francamente reduzido.

É por isso, fundamental manter a eficácia na gestão de pessoas numa situação em que se torna necessário reduzir a insegurança e manter a motivação.

Comecemos por garantir que o plano de gestão de crise da organização comtempla o cenário de “apagão” com capacidade para responder rápidamente, o que pode, inclusive, ajudar a minimizar os efeitos de desequilíbrio nas pessoas.

Quais são as metas do negócio nesse período? O que será feito para motivar a equipa e  minimizar os impactos na produtividade? Como comunicar às pessoas?  Uma comunicação interna eficaz assegura o alinhamento e a confiança entre os colaboradores e a empresa.

Criar rotinas alterativas para o contato entre as pessoas é vital para preservar o espirito de equipa e os indices de satisfação.

Para aqueles que desempenham funções críticas para a empresa, é crucial saber ouvi-los, com o objetivo de criar políticas e procedimentos para que todos se sintam apoiados durante o “apagão”.

O que mais me surpreendeu não foi o “apagão” em si, mas o facto de que ainda ainda não estamos preparados para lidar com esta falha dos tempos modernos, com impacto nas empresas e nas pessoas. Vale a pena percebermos as causas e as consequências, e começarmos a discussão.

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