O Líder Total

Por Isabel Moisés, directora executiva de Recursos Humanos do Grupo Secil

O que é o Líder Total? O Líder Total é um Líder que cuida do 360º da sua vida. Ou seja, trata de ser o melhor Líder para a família, para a comunidade e para a empresa. É uma pessoa que busca um melhor desempenho em todas as dimensões da sua vida e não se limita a aceitar trade offs de foco numas áreas em detrimento de outras.

O Líder Total entende que a integração do seu propósito de vida e, dos seus valores, em todas as dimensões da sua vivência, permite-lhe, por um lado, ter uma atuação mais autêntica porque se apresenta de forma mais real, sem posturas distintas consoante o meio, profissional, social ou familiar e, ainda, ter uma atuação com mais integridade porque se apresenta como uma pessoa una, sem conflitos internos, que em si mesmos são potenciais causadores de desgaste e stress emocional, inimigos de desempenhos sustentáveis no tempo.

Um dos autores que tem trabalhado muito esta temática é o Stewart D. Friedman, que é professor na Wharton School of Business na University of Pennsylvania e fundador do Wharton Leadership Program. No seu livro mais recente “Be a better leader, have a rich life” – Seja um líder melhor, tenha uma vida mais rica – Friedman argumenta que a liderança nos negócios não pode mais ser apenas sobre os negócios e tem que ser sobre a vida como um todo. Na verdade, Friedman sugere que as organizações deveriam começar a desenhar e usar modelos de desenvolvimento de liderança que integrem as variáveis, trabalho, família, comunidade e o “eu” na sua dimensão mais ampla de mente, corpo e espírito.

Ou seja, o que Friedman advoga é que a equação do equilíbrio entre vida pessoal e profissional é redutora porque indicia ou considera que, a existirem 2 lados, 2 vidas, 2 seres, teríamos que assignar dimensões da vida a cada um dos lados.

Então, se usarmos a imagem simples da Pizza da Vida que tem 10 fatias, que vão desde as três fatias dos relacionamentos sociais, familiares e íntimos, às fatias do lazer, financeira, profissional, intelectual, emocional, espiritual e física, teríamos um resultado aparentemente muito influenciado pelo lado pessoal, que somaria 7 elementos, contra o peso do lado profissional que poderia, eventualmente, para algumas pessoas, integrar os elementos profissional, financeiro e intelectual.
Continuando no raciocínio do equilíbrio ou dos trade-offs, cada vez que uma pessoa, consciente ou inconscientemente, dedica mais tempo e esforço aos 3 elementos do lado profissional, supostamente estaria a colocar em 2º plano todos os 7 elementos do lado pessoal, numa relação binária que pode criar potenciais sentimentos de duvida e culpa, com consequências na auto estima e equilíbrio emocional e, com impactos na sustentabilidade de bons níveis de desempenho.
Nesta linha, o que o Friedman defende é que existem, 4 dimensões principais que se beneficiam entre elas, o trabalho, a família, a comunidade e o eu (mente, corpo e espírito), que se intersectam e aglutinam à volta do propósito de vida e dos valores, para além de se relacionarem com níveis de bem estar e de desempenho,
O criador da “roda da vida” – instrumento muito usado nas metodologias de coaching e, que eu aqui tomo a liberalidade de chamar de pizza da vida, Paul J. Meyer, conta num dos seus podcasts Personal Motivation “Não importa quem você é ou qual é sua idade: se quiser conquistar sucesso permanente e sustentável, sua motivação precisa vir de dentro”, “Deve ser pessoal, ter raízes profundas e fazer parte de seus pensamentos mais íntimos”.

Ler Mais