
O propósito não tem código de barras
O propósito das organizações é um factor que deriva de vários propósitos, entre eles, o “propósito pessoal”, segundo os estudos que o Purpose Lab desenvolve há vários anos.
Por Tomás Pinto Gonçalves, partner do Purpose Lab
O propósito pessoal não é um chavão, nem é binário. É complexo e pode ser a conjugação de muitos factores. É tão pessoal, tão íntimo e tão intrínseco, que a fórmula para o ter/atingir (ou não) é diferente para cada pessoa. Até porque o propósito pessoal vai evoluindo à medida que cada um cresce; vive e muda à medida que as circunstâncias se vão alterando e que se descobrem novos caminhos, novas experiências, novas relações e novos sentidos de vida. O propósito pessoal é único em cada um e é um composto “químico” de muitas variáveis e reacções entre elas.
Destacamos, de entre as diferentes variáveis, os “5 is”:
1. Interesses: O que uma pessoa ama fazer? O que lhe traz mais alegria e satisfação? O que a sacia, completa e lhe dá prazer?
2. Integridade: Quais os principais valores para alguém? De que princípios uma pessoa é feita e de que linhas vermelhas não abdica? É o carácter e a marca de água. Para a vida ter sentido, em que acredito profundamente?
3. Impacto: Como faço a diferença e como posso contribuir para um mundo melhor? Que herança quero deixar no mundo e de que forma a minha existência pode impactar os outros? Que exemplo quero ser?
4. Itinerário: Corremos para onde? Caminho em direcção a quê? Quais os meus principais objectivos, ambições e desejos nas várias áreas da minha vida?
5. Identidade: Como me vejo? Quem sou eu, verdadeiramente? O que faço aqui? E, mais importante, o que quero ser e como quero viver o meu propósito pessoal?
Só a mistura destas cinco variáveis, cada uma com o seu grau de intensidade ou maturidade, produzem uma complexidade infinita de respostas.
Se é seguro afirmar, pelos dados do Purpose Lab, que o propósito pessoal tem um grande impacto na forma como as organizações vivem e atingem o seu propósito organizacional, e se também é seguro afirmar que a fórmula de promover um propósito pessoal é diferente para cada colaborador, há aqui um enorme desafio para as empresas: como ser capaz de promover o propósito pessoal de cada um na sua diversidade e como pode esse propósito estar em sintonia com a organização?
Não há respostas únicas nem soluções milagrosas, mas há certezas. Não há um manual de instruções de como se deve fazer, mas há um manual de instruções para o que não se deve fazer.
Quanto mais transparente for o governance, mais ética for a gestão de topo, mais meritocracia houver, menos espaço para jogos de poder, compadrios e injustiças, quanto mais justo for o processo retributivo e de premeio, e quanto mais transparente for o processo de avaliação top-down e down-top, mais campo aberto e menos barreiras a organização está a promover para que cada propósito pessoal se desenvolva até em regime laboral e assim contribua, de forma decisiva, para o propósito organizacional e para o sucesso da empresa.
Leia o artigo na íntegra na edição de Junho (nº. 174) da Human Resources.
Disponível nas bancas e online, na versão em papel e na versão digital.