Oito competências (indispensáveis) para trabalhar em ecommerce

Estima-se que este ano 67% dos portugueses que utilizam a Internet comprem online. Já a representação das vendas online no PIB português deverá chegar aos 3,44% em 2022.* Face a estes números, podemos estar confiantes de que o ecommerce, ou comércio electrónico, continuará a ser uma grande aposta das empresas portuguesas, que irão precisar, por isso mesmo, de recrutar profissionais qualificados e competentes para trabalharem nos seus negócios online.

Por Sónia Costa, Consultora de Marketing Digital & Ecommerce

 

 

Uma das principais funções dentro de uma equipa de ecommerce é o seu gestor, o ecommerce manager. Como poderão as empresas garantir que estão perante um profissional capaz de liderar o negócio online com bons resultados?

Faço aqui uma chamada de atenção, indicando desde logo duas coisas que um ecommerce manager não é: não é um informático (não será a pessoa ideal para arranjar a impressora), nem é apenas gestor de conteúdos do website (poderá fazer parte das suas funções, mas não deverá com isto perder o foco da gestão do negócio).

Procure nos candidatos estas oito competências indispensáveis para trabalhar em ecommerce:

Capacidade de negociação
O gestor de ecommerce terá de negociar internamente, tanto com a administração, como com os vários departamentos. Um projecto de ecommerce impacta toda a empresa, da contabilidade à logística, e será necessária uma grande cooperação entre departamentos, sendo que cabe ao gestor de ecommerce estabelecer essas pontes.
Externamente, o ecommerce manager terá de (re)negociar condições com agências de comunicação (caso a empresa contrate este serviço), transportadoras, brokers de pagamentos, fornecedores de packaging, parceiro tecnológico, entre outros parceiros. Gerir um negócio online requer a constante negociação das condições acordadas, à procura da melhor solução para a empresa.

Domínio das leis que regem as vendas online
Ter uma loja online implica, como qualquer outro negócio, cumprir a legislação em vigor. No caso das vendas online, existe muito desconhecimento de que não se está a cumprir a lei. Isto é particularmente preocupante, pois uma loja online nunca sabe quando está a ser fiscalizada e pode receber coimas avultadas na sua caixa de correio.
É fundamental que o ecommerce manager domine a legislação para ecommerce (e se mantenha actualizado sobre este tema), garantindo que a loja online da empresa cumpre a lei.

Criatividade
Um gestor de ecommerce é também um “solucionador de problemas” e todos os dias será chamado para dar resposta a novos desafios. Vai precisar de uma boa dose de criatividade, incluindo por que razão uma campanha que funcionou muito bem no passado desta vez teve resultados péssimos, ou uma promoção que fez disparar as vendas no início do ano agora não teve impacto.
Simplesmente não dá para fazer tudo igual e esperar que os bons resultados apareçam.

Capacidade de fundamentar as decisões com dados
Provavelmente já ouviu falar em decisões data-driven. Isto significa que o ecommerce manager, mais do que analisar os dados, tem de conseguir fazê-lo para tomar decisões informadas sobre o negócio e a estratégia a seguir.
Uma das grandes vantagens de um negócio online é que permite medir tudo, o que rapidamente se pode tornar numa desvantagem: existem imensos dados, mas não há tempo para os analisar, nem para reflectir sobre o que significam e optimizar o negócio online com base nessa análise.

Rapidez de adaptação
Para além das regras do jogo estarem sempre a mudar no mundo online, nunca vamos ter certeza absoluta de como cada acção irá funcionar. Será preciso ter rapidez de adaptação e, se algo funcionar bem, investe-se mais nessa acção. Se não funcionar, abandona-se a ideia e avança-se para outra. O pior erro que se pode cometer nas vendas online é insistir num erro já identificado.

Vontade de aprender ao longo da vida
Esta é uma área onde surgem novidades constantemente. Para se manter actualizado, um gestor de ecommerce terá de reservar algum tempo para aprender, pesquisar e estudar continuamente.
Fazer formações (online ou presenciais), participar em eventos e conferências da área, entre outras acções de formação, devem ser encarados como investimento no negócio online por parte da administração da empresa, que deve patrocinar e incentivar o seu gestor de ecommerce a aprender continuamente.

Bom poder de encaixe
Trabalhar em ecommerce implica estar confortável com as constantes críticas ao trabalho, bem como com comparações com outras lojas online, outras campanhas, outros resultados. O trabalho de um ecommerce manager é público, toda a empresa, desde os colegas à direcção, e também os seus amigos e os familiares, conseguem aceder à loja online, ver os anúncios nas redes sociais e ler as newsletters enviadas.
Ao mínimo engano, chegam mensagens atrás de mensagens a apontar o erro. A intenção pode ser boa, mas é preciso conseguir não levar os reparos a peito, o que às vezes pode ser difícil.

Paciência
É verdade, contrariamente a alguns mitos que ainda existem, os resultados de um negócio online demoram a chegar. Continua a persistir a ideia que basta lançar uma loja online e as vendas acontecem naturalmente.
A realidade é que uma loja online é um negócio como qualquer outro, e necessita, entre outros, de investimento, de recursos humanos qualificados, de planeamento e estratégia e também de tempo até conseguir gerar retorno para a empresa.

* Fonte: European E-commerce Report 2022, Ecommerce Europe e EuroCommerce

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