Os desafios do Síndrome de Asperger no trabalho contados na primeira pessoa

Atento aos pormenores e ansioso, Jonathan, de 25 anos, é o lado mais frágil da sociedade. Tem síndrome de Asperger, uma doença do espectro do autismo que afecta sobretudo as capacidades de comunicação e relacionamento. No Dia Internacional da Síndrome de Asperger, que se assinala hoje (18 de Fevereiro), damos a conhecer a história e o dia-a-dia deste engenheiro informático. 

 

«Cheguei a ir a uma entrevista numa organização que era muito formal e isso foi difícil. (…) Sinto-me bastante ansioso e angustiado se tiver várias pessoas a olhar para mim e a ouvir-me ou se tiver que interagir com grupos ao mesmo tempo. (…) Fazer contacto visual é um desafio», começou por partilhar num artigo do “The Telegraph”.

Licenciado em Informática e Gestão de Empresas pela Universidade de Brunel, Jonathan trabalha há dois anos numa companhia de seguros em Londres. E o apoio é fundamental. «Desde que comecei a trabalhar, os meus empregadores têm-me apoiado muito.»  O jovem tem um mentor e um terapeuta especializado em lidar com casos de Asperger.

Jonathan admitiu, ainda assim, que gostaria de olhar para o mercado de trabalho e ver que a taxa de emprego de pessoas com deficiência aumentou.  «Gostaria de ver mais pessoas com Asperger nos locais de trabalho. Precisamos que mais empregadores percebam o muito que temos para oferecer», salientou.

Em muitos casos, conta que o Asperger também pode manifestar-se através de uma atitude inflexível face à mudança, por exemplo. «Tínhamos quatro escritórios muito próximos um do outro, mas em Dezembro passado fomos para um prédio em Aldgate, Londres, onde ocupamos os oito primeiros andares. Antes, dava apoio cerca de 100 funcionários num dos escritórios e agora estou a apoiar mais do dobro disso.». Neste aspecto, «embora todos nos tenhamos mudado há apenas alguns meses, ainda estou a adaptar-me aos novos escritórios. Acho que o ajuste talvez esteja a demorar um pouco mais do que as outras pessoas», acrescentou.

«Um bom dia de trabalho é quando entro às nove e saio às 17:30 com todas as tarefas cumpridas e consigo estar com os colegas. (…) Mas por vezes fico stressado. (…) O multitasking é um desafio para mim», fez notar.

O worklife balance também é uma prioridade. «Costumava ficar um pouco ansioso se estivesse a ler mensagens no comboio a caminho do trabalho ou no fim-de-semana, por isso optei por deixar o meu telefone e o portátil no escritório para ter uma separação entre casa e o trabalho.»

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