Os dont’s da transição de carreira: os erros a evitar!

Por Joana Carvalho, autora do livro “Seja o CEO da sua Carreira”

A procura por uma mudança profissional pode ser um desafio empolgante, mas também repleto de armadilhas. É um processo que exige planeamento, reflexão e estratégia para aumentar as hipóteses de sucesso e consequentemente garantir uma transição mais satisfatória e alinhada com as suas expectativas. Muito se fala do que se deve fazer durante este processo, no entanto, será também importante ter atenção às armadilhas a evitar. Partilho alguns “dont´s” que considero essenciais a serem considerados na transição de carreira:

  1. Não seja precipitado(a).

O desespero pode levar a decisões apressadas, a pressa em deixar o emprego atual e aceitar uma oferta apenas para sair de uma situação insatisfatória pode resultar em frustração e arrependimento. É importante que, antes de avançar, invista numa pesquisa sobre o mercado de trabalho, perceba quais são as tendências e oportunidades existentes, e que, quando se candidata a um novo desafio, não deixe de estudar o potencial empregador. Lembre-se de avaliar cuidadosamente cada oportunidade, se se identifica com a cultura da empresa, com as oportunidades de crescimento e se estes fatores são compatíveis com os seus objetivos de carreira.  Conhecer a missão, visão e valores da empresa, assim como os seus produtos e o ambiente de trabalho, pode ajudá-lo(a) a destacar-se nas entrevistas, mas também a entender se é o lugar onde realmente se vê a trabalhar.

Por outro lado, uma mudança de carreira pode trazer também mudanças a nível financeiro e por isso é fundamental planear, bem como, antecipar de que forma é que estas implicações poderão impactar na sua vida. É importante que avalie cuidadosamente os seus recursos e que considere ter uma reserva para suportar períodos de transição, isso permitirá que tome decisões mais conscientes.

É ainda relevante refletir sobre as suas paixões e valores, avaliar cautelosamente “o que realmente o/a motiva?” e “quais são os seus valores fundamentais?”. Ignorar esta introspeção pode resultar numa escolha de carreira que não corresponde ao que realmente o/a faz feliz. Reserve um tempo para refletir sobre as suas motivações e opções, é mesmo fundamental que considere todas as alternativas antes de tomar uma decisão final.

  1. Não desvalorize o poder do networking.

Muitas pessoas subestimam o poder do networking durante uma transição de carreira, no entanto, será importante valorizar o poder de um conselho externo, o contato com ex-colegas, amigos e profissionais da área que, por consequência, poderá aumentar as suas oportunidades de sucesso. Ter uma rede de contactos robusta pode abrir novas janelas de oportunidades, fornecer insights valiosos sobre as tendências de mercado e aumentar a sua visibilidade e reputação no mercado, além de facilitar o reconhecimento das suas competências e conquistas, o que por consequência, poderá até conduzir a oportunidades reais de emprego. Por outro lado, é uma fonte de suporte emocional durante a transição por permitir partilhar dúvidas, receios e inseguranças com pessoas que poderão já ter passado por experiências semelhantes.

Lembre-se que insistir em fazer tudo sozinho/a pode ser um erro. Procurar um coach de carreira ou um mentor pode fornecer novas perspetivas e orientações valiosas. Em primeira instância, ter um coach pode aumentar o seu compromisso delineado para os objetivos que traçou, além de ter ao seu lado alguém que vai desenhar uma abordagem personalizada, ajudando-o/a a criar um plano de ação adaptado às suas necessidades e expectativas, que vai acompanhar o seu progresso e que vai incentivá-lo/a a seguir em frente!  Tanto o networking, quanto a mentoria ou o coaching, são ferramentas valiosas no processo de transição, pois oferecem suporte, ajudam a identificar mais facilmente novas oportunidades e apoiam o seu processo de tomada de decisão.

  1. Não subestime a necessidade de atualizar os seus conhecimentos.

Muitas vezes, as pessoas insistem em desvalorizar as suas experiências e competências anteriores, negligenciando o poder que ambas têm na construção da marca pessoal de cada um de nós, e não percebendo o quanto estas podem ser transferíveis para um novo desafio profissional. Desta forma, será importante valorizar as suas experiências profissionais anteriores e potenciar as competências que o/a ajudaram a construir o/a profissional que é hoje, e que irão certamente contribuir e impactar positivamente na concretização dos seus objetivos profissionais.

Por outro lado, é nesta altura que também deve ser autocritico/a e reavaliar as suas competências, muitos profissionais cometem o erro de acreditar que a sua experiência e as suas competências são suficientes para agarrarem um novo desafio e ignoram a necessidade de adquirir novas competências ou aprimorar as existentes, a fim de se tornarem mais robustos em alguma área em específico. A insistência em permanecer na zona de conforto pode impedir o seu crescimento e, por isso, será importante estar disposto/a a aprender e desenvolver-se constantemente. É importante que analise as tendências de mercado, que recolha feedback, e se sentir alguma lacuna, faça um investimento numa formação específica e não desvalorize a importância da aquisição/atualização de conhecimentos para se preparar adequadamente para a sua transição.

  1. Insista, mas não persista!

Não desista ao enfrentar os primeiros obstáculos, prepare-se para um processo que pode ser mais longo do que desejaria e que vai certamente exigir de si muita resiliência e persistência. Por cada porta que se fecha, por cada “não” que receber, procure perceber os motivos e a tornar-se melhor para seguir em frente mais forte e confiante. Desta forma, pode e deve pedir feedback aos recrutadores para que consiga perceber os motivos de exclusão no processo e ter perceção da imagem que passa em contexto de entrevista, sendo fundamental para a sua evolução. Além disso, será igualmente essencial trabalhar continuamente as eventuais lacunas identificadas pelos recrutadores, com o intuito de potenciar as possibilidades de sucesso em momentos futuros. Lembre-se que um processo de recrutamento é sempre um processo comparativo e que poderão ter surgido candidatos mais alinhados com o desafio e que não saber aceitar um “não” e ficar agarrado/a a uma resposta negativa pode bloquear a sua autoconfiança e causar-lhe frustração. Não caia na tendência de se comparar com colegas ou amigos, recorde que cada trajetória é única, foque-se no seu próprio caminho e no progresso que faz nele.

Evitar estas armadilhas e colocar em prática estas pequenas mudanças pode aumentar significativamente as suas possibilidades de realizar uma rápida e eficaz transição de carreira. Lembre-se de que cada mudança parte de nós e é uma oportunidade de crescimento e evolução constante. Boa sorte!

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