Os efeitos negativos da promoção da saúde no trabalho

De acordo com um novo estudo publicado na Frontiers in Psychology, os programas de promoção da saúde no local de trabalho podem aumentar o estigma e a discriminação – e até aumentar problemas como a obesidade e diminuir o bem-estar – se colocarem a responsabilidade no colaborador. 

 

No estudo «The Impact of Workplace Health Programs Emphasizing Individual Responsability on Weight Stigma and Discrimination» defende-se que estes efeitos negativos poderiam ser evitados através de programas focados na responsabilidade do empregador na promoção da saúde e bem-estar dos colaboradores.

«Muitas vezes dizem-nos que a responsabilidade da obesidade é do prórpria, mas as pessoas tendem a esquecer que as instituições moldam o nosso ambiente imediato e influenciam fortemente nosso comportamento», refere a professora Laetitia Mulder, da Universidade de Groningen na Holanda.

Por exemplo, uma cantina em que alimentos saudáveis ​​são escassos ou caros em comparação com alimentos poucos saudáveis, ​​pode levar a escolhas menos correctas. Nesta perspectiva, os empregadores têm efectivamente responsabilidade na saúde e peso dos seus funcionários.

Outro exemplo prático, que espelha as diferenças na responsabilização dos programas de saúde: se tivermos um sinal na cantina que diga “Cuidado com seu peso, escolha opções saudáveis!”, sem dúvida que a responsabilidade na escolha passa a ser exclusivamente do colaborador, enquanto que, numa cantina onde apenas existam opções de dieta saudáveis e equilibradas a responsabilidade já é do empregador.

Estudos anteriores que analisaram a eficácia dos programas de promoção da saúde no local de trabalho, muitos dos quais focados no colaborador, relataram efeitos insignificantes na perda de peso, enquanto que outros, como o publicado por Laetitia Mulder, já alertava que programas focados nos colaboradores podiam contribuir, contraditoriamente, para aumentar o peso do estigma e da discriminação no local de trabalho, podendo mesmo levar à compulsão alimentar e ao aumento da obesidade.

Para investigar este fenómeno, os autores realizaram uma série de pesquisas e testes psicológicos nas empresas e descobriram que quando as pessoas são confrontadas com conceitos de programas de saúde focados no colaborador isso aumenta o estigma e a discriminação baseada no peso em comparação com os conceitos de um programa focado no empregador.

«Ao desenvolver um programa de saúde, as organizações não se devem concentrar, apenas, na responsabilidade dos colaboradores, mas devem analisar o que a organização pode fazer para promover um comportamento saudável», explica Mulder.

Embora a obesidade seja um grande desafio para a saúde, reconhecer onde está a responsabilidade, evita culpa e estigmatização, e é provável que forneça um roteiro eficaz para melhorar a saúde.

Estudo completo aqui.

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