PME: Como podem ajudar a sair da crise

Opinião de Fernando Neves de Almeida

Country President Boyden Portugal e Conselheiro da revista HR Portugal

Ultimamente somos bombardeados com notícias de aumentos de impostos e de cortes de toda a espécie e com muitas vozes discordantes e descontentes relativamente ao que se vai perder.

Não posso dizer que esteja contente e que não compreenda essas manifestações até porque, não seria de esperar que alguém ficasse contente, por perder dinheiro ou benefícios. No entanto, não nos podemos esquecer que o que vamos ser obrigados a poupar e a pagar hoje, é um reflexo daquilo que andamos a ganhar e a gastar em excesso nos anos que passaram. Não é de agora e não deveria ser novidade para ninguém que estes ajustamentos teriam de ser feitos, mais cedo ou mais tarde. O que aconteceu foi que andámos demasiado tempo a empurrar os problemas com a barriga na esperança de que o ajustamento fosse mais tarde em vez de mais cedo ou, pior, na esperança de que ignorando o problema ele desaparecesse. Pois é, normalmente os problemas não desaparecem, simplesmente, porque os ignoramos; agravam-se.

Não é minha intenção culpar ninguém pelo estado atual das coisas, até porque se existem culpados somos todos nós. Quem governou sempre o fez legitimado pelos votos dos portugueses que acreditaram numa determinada visão para a governação do País. O que interessa agora é resolver o problemas e, mais uma vez, os portugueses legitimaram uma solução governativa que está a tentar resolver a situação.

Dito isto, penso que todos nós deveríamos tentar dar um contributo para a resolução do problema, agindo, e o desafio que aqui quero deixar é para os pequenos e médios empresários.

Todos sabemos que os negócios já viram melhores dias. Sabemos, também, que a criação de emprego no sector privado, depende muito da performance das PME. Sabemos, ainda, que o País tem empresários muito válidos que, em situações de emergência ,conseguem, normalmente, resolver os problemas. Porque não mobilizarmo-nos todos, PME, num desígnio de criar emprego no próximo ano? Imaginando que existe um número de pequenas e médias empresas com dimensão para aceitar este desafio na ordem das 150.000 empresas, se cada uma delas se comprometesse a criar um posto de trabalho líquido no próximo ano, isso, por certo, ajudaria neste desígnio nacional que é sair da crise. Claro está que muitas dessas empresas enfrentam dificuldades; mas também é certo que os seus dirigentes são suficientemente criativos e perseverantes para as ultrapassar.

E reparem que não estou a sugerir que o Governo dê qualquer tipo de incentivo para isto. Esta acção seria a contribuição destes empresários (mais uma) para sairmos da crise.

Acredito que se nos mobilizarmos para isto, o País agradece. Da mesma forma que muitos portugueses se mobilizaram (e continuam mobilizados) para consumir o que é nosso, se se conseguisse este objectivo, que aqui proponho, seria uma grande ajuda para o ano de 2012.

Confesso que não tenho muitas ideias sobre a forma de mobilizar as pessoas para a concretização desta ideia e muito gostaria que se algum leitor pudesse contribuir para isso se juntasse a mim. Creio ser necessário criar movimentos positivos na sociedade portuguesa e deixar de lado a ideia de que é o Estado que tem sempre a responsabilidade de resolver tudo. Aos Governos cabe a responsabilidade de criar as condições de funcionamento da economia mas é aos empresários que cabe a missão de gerar riqueza e criar emprego.

Uma vez mais, sei que são muitas as dificuldades que as PME enfrentam, até porque sou sócio de várias. No entanto, também sei, que só estando todos mobilizados conseguiremos resolver rapidamente o problema que enfrentamos. Creio estar na altura de todos pensarmos o que poderemos fazer pelo País ao invés de nos lamentarmos da situação que vivemos.

Termino, pedindo uma vez mais a colaboração de quem queira pôr esta dinâmica em marcha. Criemos o movimento “Mais Um”.

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