Por que é que a escolha das tecnologias empresariais já não deve competir (só) ao departamento de TI?

Decisões relacionadas com as tecnologias utilizadas no local de trabalho cabem, tradicionalmente, ao departamento de Tecnologias de Informação (TI). Contudo, na última década, com o crescimento de tendências como o Bring Your Own Device (BYOD) e o maior foco das TI no consumidor final, estas decisões começaram a envolver cada vez mais os colaboradores das próprias organizações.

Por Carlos Cunha, Diretor Comercial Dynabook Portugal

 

A actual situação pandémica veio reforçar esta questão, com o trabalho remoto a colocar em evidência certos problemas com dispositivos destinados ao consumidor final que até agora, no ambiente de escritório, não tinham tido destaque.

Embora estejamos já a assistir algumas organizações a avançar no sentido de conectar o departamento de TI com os colaboradores no que respeita os dispositivos de consumidor final, existe ainda uma clara separação entre ambos. De acordo com a PWC, 90% dos executivos acreditam que a sua empresa presta especial atenção às necessidades do seu staff aquando da introdução de novas tecnologias, contudo, apenas metade (53%) dos colaboradores corrobora esta afirmação.

Para se manterem competitivas, é crucial que as organizações consigam ir além do provisionamento de dispositivos de controlo de TI e permitam que os colaboradores exerçam um maior grau de escolha no que respeita a tecnologia e ferramentas que utilizam diariamente.

 

Conectar os Recursos Humanos com o departamento de TI

Com a conectividade e a computação de próxima geração, os colaboradores estão habituados à utilização da tecnologia mais recente. O mundo está a tornar-se cada vez mais digital e a força de trabalho actual mostra interesse nos novos dispositivos, serviços e produtos. Muitos da geração mais jovem, que se juntam pela primeira vez ao mundo do trabalho, cresceram na era digital e esperam o mesmo nível de tecnologia no local de  trabalho como em casa.

Tendo isto presente, as empresas têm tido mais trabalho em atrair e reter staff. Factores como a formação, bónus, benefícios de bem-estar e saúde ainda são aspectos valorizados pelos colaboradores, não devendo, por isso, ser ignorados pelas organizações. Contudo, a actual pandemia – causadora de um aumento significativo do tempo que estes passam ao computador em casa – transformou a tecnologia do local de trabalho uma consideração crítica para os empregadores. PCs e portáteis têm sido janelas para o mundo, tanto a nível profissional como pessoal para muitas pessoas, evidenciando a necessidade dos negócios de incluir os colaboradores no processo de decisão relativa aos dispositivos de utilizador final.

Desenvolver um grupo de trabalho feliz e produtivo já não é apenas o trabalho do departamento de Recursos Humanos. Requer conversações abertas entre colaboradores e a organização sobre a tecnologia que permitirá um melhor desempenho.

 

O negócio sai beneficiado

Fortalecer a relação entre os departamentos de RH e TI e dar aos funcionários maior liberdade para utilizar tecnologia familiar traduzir-se-á em inúmeros benefícios para empregadores e empregados. Segundo um estudo da Gensler Workplace, 76% dos colaboradores afirmam que ter uma palavra a dizer na escolha da tecnologia teria um impacto positivo no seu desempenho, com 60% a dizer que provavelmente afectaria a sua satisfação no trabalho.

Um funcionário que sente que a sua organização está atenta às suas necessidades sentir-se-á mais motivado com o seu trabalho. Tal poderá resultar num maior engagement e retenção de funcionários, e também maior satisfação e desempenho. Colaboradores mais envolvidos tendem a ser 20% mais produtivos, no mesmo sentido que trabalhadores que dizem ter a sua voz ouvida por superiores são 4.6 vezes mais prováveis de desempenhar um melhor trabalho.

 

Investir nas ferramentas certas para o futuro

Portanto, o que é que os empregadores têm de considerar ao investir em dispositivos de consumidor final? Para além de encorajar as suas equipas a discutir abertamente expectativas relacionadas com dispositivos, as empresas devem ter igualmente em conta algumas características técnicas dos dispositivos como mobilidade, segurança, fiabilidade e conectividade, bem como design e a forma do equipamento. A força de trabalho actual é cada vez mais móvel, e será ainda mais depois da pandemia, pelo que possibilitar autonomia por meio dos dispositivos escolhidos é fundamental. As organizações têm de garantir que investem em dispositivos leves e portáteis, que sejam igualmente poderosos e seguros.

É importante ter em consideração ainda que a actualização de dispositivos é importante para garantir que os funcionários dispõem das tecnologias mais recentes, bem como evitar uma potencial divisão adversa entre a tecnologia pessoal e o local de trabalho.

Para preparar uma estratégia de envolvimento de colaborares para o futuro e permanecer atractivo para novos talentos, é fundamental que as empresas adoptem novos modelos de aquisição e fornecimento de tecnologia, particularmente dispositivos de utilizador final, e que envolvam os seus colaboradores neste processo desde o início. Está provado que, escolhendo as tecnologias que usam, os colaboradores estão mais envolvidos com o seu trabalho, mais produtivos e dispostos a manter o seu papel por mais tempo.

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