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Por que razão os directores de RH estão a entrar no Conselho de Administração?
Este mês, reunimos antigos directores de Recursos Humanos que têm agora peso na Administração para nos explicarem porque estão os directores de Gestão de Pessoas a ingressar nos Conselhos de Administração.
Veja as respostas de Carla Gouveia (Popular), José Paulo Machado (SUMOL+COMPAL) e Pedro Ramos (Groundforce).
Por TitiAna Amorim Barroso
Por que razão os directores de Recursos Humanos estão a entrar no Conselho de Administração?
Carla Gouveia – Directora central do Comité Executivo do Popular (antiga directora de RH do Banco)
Porque as pessoas são cada vez mais importantes. Importantes para o sucesso das empresas. A questão que se coloca é a existência de uma grande diferença entre Liderança e Gestão. Os Conselhos de Administração (CA) têm uma vasta experiência em Gerir, mas não a mesma em Liderar. As pessoas são tão relevantes como complexas. Cada ser humano é composto de ingredientes únicos. Têm expectativas diferentes, conceitos e pressupostos diferentes e entendimentos e motivações distintas. E como se lidera uma equipa com todos estes componentes para que se reflicta positivamente na conta de resultados? Nada como introduzir a valência técnica nos Conselhos de Administração através do DRH para que esse mesmo resultado seja mais rápido e eficaz. Alguns CA, constituídos por bons gestores, conseguem percepcionar que a tendência de futuro inclui o P de Pessoas na liderança das organizações e que essa inovação pode torná-las ainda mais competitivas no mercado.
José Paulo Machado – Assessor do Conselho de Administração da SUMOL+COMPAL (antigo director de RH da empresa)
Por uma simples razão. Finalmente começa a haver em Portugal uma consciência generalizada de que o que faz a diferença nas organizações são as Pessoas pois são elas que implementam as estratégias. E havendo essa consciência, as organizações têm a necessidade de, ao nível do topo, ter o conhecimento real das equipas e do seu modo de funcionamento e de criar as condições para atrair e reter os melhores talentos.
Hoje é crescentemente reconhecido que as matérias relacionadas com Pessoas são uma parte muito relevante da agenda dos CA e não apenas pelas tradicionais razões de compensação e de paz social interna. Nesse sentido, os membros dos Conselhos de Administração (MCA) têm hoje, para além da obrigação de desenhar as melhores estratégias, a responsabilidade de construírem equipas cooperantes e eficientes, constituídas pelos melhores profissionais, e de assegurarem que a liderança e os processos de rotação e de sucessão são efectivamente criadores de valor para a organização e enriquecedores, desafiantes e motivadores para os colaboradores. É pois crucial que os MCA tenham uma boa percepção do talento existente e dos factores culturais que são absolutamente decisivos para o sucesso ou insucesso das organizações. E para isso é imprescindível que – preferencialmente – todos ou, pelo menos, um dos MCA tenha uma visão global e integrada de RH e consiga que o tema vá ganhando o lugar e o peso que merece.
Pedro Ramos, administrador Executivo – Operações, RH, Comercial e TI da Groundforce Portugal (antigo director de RH)
Estão a chegar porque existe agora uma oportunidade única de fazer convergir dois factores essenciais:
Em primeiro lugar, os Boards das Empresas começam a perceber que integrar Pessoas e Negócios pode ser realmente “um bom negócio”! Ou seja, os vários estudos recentes que comprovam que quanto maior é o envolvimento dos RHs na construção e implementação da estratégia empresarial, melhores são os resultados financeiros das empresas, começam a fazer-se “sentir” e a fazer “sentido” no quadro das nossas empresas…
Em segundo lugar, os próprios DRHs, cada vez mais qualificados e preparados, já começaram a investir no reforço e consolidação das suas (próprias) competências mais “hard”. Cada vez mais disponíveis para sair das suas “zonas de conforto” naturais, estão cada vez mais capazes de medir as suas acções, propor soluções criativas e rentáveis, discutir na mesa das decisões e não apenas preparar “folhas de excel”… “Coisas” como EBTs, EBITDAs, balanços e demonstrações de resultados fazem agora parte do léxico dos (novos) DRHs.
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