Precisamos evoluir para o conceito de Trabalhador 4.0

Mais importante que a transformação digital da empresa, é a transformação digital das pessoas. É delas, também, que deve fazer  parte a transformação digital nas PME.

 

Por Fernando Pacheco, Chief Operating Officer (COO) da PackIOT

 

Quando as Pequenas e Médias Empresas (PME) priorizam as pessoas e constroem um estado de espírito digital, podem alcançar a vantagem competitiva para ter sucesso na nova dinâmica económica.

Com a globalização e os avanços da tecnologia, as PME aproveitam as ferramentas digitais para melhorar sua competitividade e sustentabilidade para criar novas fontes de valor. Para responder às necessidades dos clientes, as PME precisam fornecer operações com capacidade digital, publicidade direccionada e interações fluídas com clientes. Isto dá origem ao crescimento gigantesco das oportunidades e “funções digitais”, como engenheiros de automação, cientistas da informação e profissionais de marketing digital muito especializados.

Ao mesmo tempo, os trabalhadores actuais vão experimentar uma interrupção nas funções habituais, onde as tarefas repetitivas serão feitas por soluções digitais que aproveitam a automação de processos robóticos e tecnologias de automação inteligentes. Isto implica que os trabalhadores precisam fazer a sua própria transição para se adaptarem a tarefas novas e estratégicas. É um conceito de Trabalhador 4.0.

As grandes empresas estão a descobrir que a transição da sua força de trabalho para as novas funções não é uma tarefa fácil. O desafio é maior para as PME, algo compreensível, dadas as restrições de recursos. Estas empresas não têm o mesmo grau de acesso a “talentos digitais” e enfrentam desafios de actualização ou requalificação da equipa existente. Além disso, as PME lutam para identificar quais as competências e funções necessárias para cumprir a sua agenda digital.

Muitas PME lutam para priorizar e estabelecer programas de desenvolvimento eficazes para formar digitalmente os seus funcionários em conjunto com outras prioridades de negócios. De partida, estas companhias estão ainda em desvantagem quando os candidatos a empregos com determinadas competências digitais, consideram essas empresas menos atraentes do que as grandes corporações. Por isso é necessário que as PME sejam mais pró-activas para fechar a lacuna entre a sua força de trabalho actual e uma força de trabalho voltada para o futuro, que pode maximizar a produtividade e fazer investimentos digitais de alto impacto.

 

Despoletar a mudança como indivíduo

As empresas são feitas de pessoas e nenhuma organização pode despoletar a sua transformação digital sem a equipa. Os trabalhadores precisam iniciar essa nova mentalidade. Muitas vezes, entre os trabalhadores que não participam nesta revolução, existe o sentimento de querer defender o seu emprego ou “manter as coisas como estão”. Porém, quem defende o status quo não percebe que, ao não ajudar a empresa a caminhar para o futuro, está a “ajudar” a que ela deixe de existir em alguns anos. A inovação não é o inimigo. O inimigo é ficar parado.

É uma parte vital das competências do futuro do trabalho ser capaz de negociar, convencer os outros e trazer inovações activamente. Não se trata de tecnologia, mas de competências cognitivas e ter a mentalidade certa. Um estudo do Mcisney Global Institute, reflete que o medo do abandono do emprego pode ser infundado. Com o tempo, os mercados de trabalho ajustam-se às mudanças na procura de trabalhadores devido a rupturas tecnológicas, embora às vezes com salários reais deprimidos. Esse estudo assinala que “podemos esperar que 8 a 9% da procura de trabalho de 2030 esteja em novos tipos de ocupações que não existiam antes”.

Ao longo do tempo temos visto muitas disrupções positivas na indústria. São as pessoas que efectivamente executam o trabalho que mais ganham com as formas de melhorar as suas funções. Quando os operadores de fábrica provocam as mudanças e dizem como a digitalização facilita a sua vida, é sinal que uma revolução  positiva está a acontecer.

A reflexão realmente permanece: não é a transformação digital da empresa, mas a transformação digital das pessoas.

 

Ler Mais