Quase 100% dos trabalhadores em Portugal considera mudar de emprego (e seis em cada 10 está activamente à procura). Há sobretudo um factor que o justifica

O relatório “Talent Trends 2023“ da Michael Page demonstra que está em curso uma revolução invisível que afecta o mercado como um todo, e identifica cinco principais conclusões para candidatos a emprego e empresas.

Fique a conhecê-las:

1. Europeus abertos à mudança: a lealdade perdeu o apelo
Na Europa, a maioria dos profissionais está aberta a novos desafios de carreira, independentemente da idade, género, cargo e sector. Os dados revelam que quase 90% dos entrevistados considerariam mudar de emprego, com 52% procurando, de forma activa, um novo trabalho.

Em Portugal, 97% dos trabalhadores estão abertos a novas oportunidades, e 59% das pessoas estão activamente à procura de novo emprego ou planeiam procurar nos próximos seis meses, mostrando um mercado de talento em movimento. Quando comparados os países da Europa, constata-se que este é um movimento universal, com Portugal a liderar a tendência, seguindo-se a Áustria, Itália, Polónia e Espanha (92%).

Os dados revelam que em Portugal 91% das pessoas que começaram num novo emprego no último ano estão abertas a novas oportunidades e 58% mudaram de emprego depois da pandemia. As pessoas com trabalho temporário são as que mudaram mais de emprego desde o início da pandemia (98%).

 

2. A satisfação no trabalho não é primordial
A abertura dos trabalhadores europeus à mudança não se deve à insatisfação com o trabalho – metade dos inquiridos está satisfeita com as suas funções (20% estão indecisos) e 56% estão satisfeitos com o seu salário atual. No entanto, ainda estão dispostos a deixar os seus empregos e procurar melhores opções – apenas 12% não estão abertos a mudar de emprego.

 

3. O dinheiro é o principal factor de motivação
Nesta nova realidade, a remuneração é uma motivação ainda mais forte para mudar de emprego. Os candidatos esperam um salário justo pelo tempo e energia investidos e não serão convencidos por argumentos sobre o cumprimento de uma missão ou um óptimo ambiente de trabalho.

Para apenas 7% dos entrevistados, «a sensação de alcançar um propósito maior» é importante, e 74% não inclui o relacionamento com os colegas entre os três principais fatores para continuar numa empresa. O salário ainda é o factor número um quando se trata de aceitar um novo cargo. Segundo 74% dos empregadores, a informação sobre o nível salarial tem maior impacto no número de respostas a um anúncio de emprego.

Em Portugal, 67% das pessoas estão mais propensas a procurar um novo emprego quando a economia regista um fraco desempenho, sendo dos países da Europa, a par com Itália, em que esta percentagem é mais elevada.

Nesta equação, o relacionamento com os colegas deixa de ser relevante, com 77% dos entrevistados a não incluir este factor no top 3 dos mais importantes na cultura de uma empresa (e apenas 6% a considerá-lo mais importante).

 

4. A importância do equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Actualmente, o factor mais importante na Europa que contribui para a satisfação com o local de trabalho é o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional – relevante para 56% dos entrevistados (51% em Portugal, seguida muito de perto por um bom salário – 49%).

Até sete em cada 10 pessoas dão prioridade ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal em vez do sucesso na carreira. Mais de metade (54%) dos trabalhadores europeus recusaria uma promoção se sentisse que isso poderia ter um impacto adverso no seu bem-estar.

 

5. A flexibilidade não é um benefício, mas uma obrigação
A forma como uma empresa define o conceito de equilíbrio entre vida pessoal e profissional para os seus colaboradores determinará se irá sobreviver à revolução invisível. A flexibilidade é um dos elementos fundamentais, resultado direto da pandemia e da revolução digital.

Os dados do estudo revelam como principais aspectos, o número de horas de trabalho e a disponibilidade de um sistema de trabalho híbrido (ambos igualmente importantes para 73% dos entrevistados), em cada faixa etária.

O equilíbrio vida-trabalho é importante para pessoas de todos os sectores sociais, sendo que 60% dos portugueses com filhos consideram que o equilíbrio vida-trabalho é o fator que mais influencia a satisfação no trabalho e 57% das pessoas sem filhos dizem o mesmo. Passou a ser uma necessidade universal e deixou de ser um benefício de destaque.

O estudo foi realizado em 167 países, incluindo Portugal (1717 participantes), entre novembro de 2022 e meados de Janeiro de 2023, e contou com as respostas de mais de 69.532 clientes e candidatos, dos quais 28.009 são europeus.

Em Portugal, 39% dos participantes têm 40 anos e 25% 30 anos, são empregados a tempo inteiro (68%) e desempenham funções de gestão de nível intermédio (36%), 26% funções de nível inferior e 30% sem responsabilidades de gestão. Apenas 8% dos inquiridos corresponde a gestão de topo (por exemplo CEO e CFO).

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