Que profissionais estamos a preparar?

Ricardo Florêncio 

Acaba por ser um tema recorrente, mas sobre o qual continuamos a não vislumbrar respostas certas e objectivas, que gerem consenso entre as partes envolvidas. Muito já se reflectiu, falou e discutiu sobre os métodos e os temas do ensino em Portugal. Inclusive, já foram dados passos no sentido de reformular as matérias e incluir temas que não faziam parte dos programas. Contudo, será que é suficiente? É verdade que actualmente não se sabe muito bem quais serão as profissões do futuro. Mas sabemos quais as características que esses profissionais terão de possuir para terem sucesso. Recordo o que referiu George Monbiot: «No futuro, se quiseres um emprego, deves ser tão diferente de uma máquina quanto possível: criativo, crítico e social!» E assim, qual tem sido até à data a participação do nosso programa educativo no sentido de os alunos, futuros profissionais, adquirirem estes conhecimentos, estas capacidades, estas características? Este desenvolvimento deve começar bem cedo. As sementes têm de começar a ser plantadas logo no início do processo educativo, e não esperar pelas universidades ou escolas profissionais. Embora seja verdade que estas últimas também têm muito a fazer neste âmbito, não devemos esperar que os alunos tenham 18 ou 19 anos para dar início a este processo.

O futuro começa nas escolas, mesmo no 1.º, 2.º ou 3.º ciclo, e é aí que devem ser dados passos concretos para mudar o paradigma do ensino e incutir estes princípios de criatividade, sentido crítico e sociabilidade.

Editorial publicado na edição de Maio de 2017 da revista Human Resources