As Grandes Reformas na Gestão de Pessoas!

Por Ricardo Florêncio

Foi o tema escolhido para a 24.ª Conferência da Human Resources, que acontece neste mês de Outubro. Podem perguntar, reformas? Outra vez? Para quê insistir? Nós não somos um país reformista! É verdade. Infelizmente, é verdade. Mas a necessidade da insistência é mesmo por essa razão. Já não dá para esperar mais. Já não dá para adiar mais. Muito se fala que o mundo mudou. Mudou e muito.
Mais do que nunca, debatemo-nos com problemas, com situações, que se foram agudizando ao longo dos últimos tempos. Há mesmo uma escassez de recursos, de pessoas. E atendendo aos dados que temos, e à pirâmide etária, prevêem-se que, nos próximos anos, a diferença entre pessoas que entram e saem do mercado de trabalho se cifrem em 50.000 por ano. Para a nossa realidade é muito. Segundo alguns estudos, somos neste momento, o quarto país mais envelhecido do mundo. Mas será que estamos a aproveitar todos os recursos disponíveis? Se temos assim uma população tão envelhecida, por que não aproveitá-la melhor? Por que razão consideramos que muitas das pessoas de 50, 55 anos, são inaptas para trabalhar? É uma questão cultural, ou de formação, adequação?
Esta situação é apenas uma das pontas, pois face aos baixos salários praticados em Portugal, os nossos talentos são facilmente atraídos por outros países. Mas não só. Também já é em elevado número aqueles que trabalham cá, em regime de trabalho remoto, para outros países. E esta realidade, aliada a todas as mudanças que ocorreram nos sistemas, nos métodos, nos modelos de trabalho, leva a que a nossa legislação laboral careça de uma reforma profunda, para poder ir ao encontro de todas estas alterações.
Por outro lado, se é verdade que os salários são baixos, também é verdade que a fiscalidade aplicada aos rendimentos do trabalho são muito elevados para a nossa realidade. E como estão as nossas empresas, ao nível da digitalização, da transformação digital? Já deram o salto necessário? E ao nível de processos? Já estamos no estado “agile”? Como têm as lideranças das organizações, não só as de topo das organizações, mas também todas as intermédias, lidado com todas estas transformações no mundo do mercado de trabalho? Estão capacitadas e adaptadas a todos estes novos contextos?
Como estão todas estas situações a afectar e a impactar as pessoas, as empresas e os negócios? Estas, e várias outras, são os temas e questões que quisemos levar a discussão na nossa conferência.

Editorial publicado na revista Human Resources nº 142, de Outubro de 2022