
Requalificação profissional: uma prioridade para 2025 ou uma estratégia a longo prazo?
Por Inês C. Sousa, professora Auxiliar e directora da Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos, Universidade Europeia
O tema não é novo. A necessidade de requalificação profissional tem sido amplamente debatida na última década. Uma rápida pesquisa na b-on, a Biblioteca do Conhecimento Online, ilustra esta preocupação: desde 2015, foram publicados 11062 documentos sobre upskilling e reskilling.
Embora muitas vezes utilizados como sinónimos, estes conceitos têm significados distintos. O upskilling foca-se no aperfeiçoamento de competências existentes, enquanto o reskilling está associado à aprendizagem de novas competências. Tradicionalmente, os programas de upskilling eram dirigidos a pessoas que pretendiam continuar a desenvolver-se profissionalmente na mesma função, e os de reskilling destinados a quem pretendia mudar de área ou função. No entanto, estas fronteiras têm vindo a esbater-se nos últimos anos, resultado de carreiras menos lineares, mais dinâmicas, flexíveis e orientadas para o significado.
Num contexto marcado por megatendências – forças estratégicas que moldam o futuro da sociedade e da economia –, como as mudanças demográficas e a dupla transição (digital e verde), upskilling e reskilling devem ser prioridades organizacionais, tanto a curto como a longo prazo. A ameaça da escassez de competências é real: 63% das pequenas e médias empresas da União Europeia afirmaram, no Eurobarómetro de 2023, que têm dificuldades em encontrar trabalhadores com as competências adequadas.
Apesar da existência de programas como o PRO_MOV, um projecto nacional para a requalificação de pessoas desempregadas, com emprego em risco ou que pretendam mudar de carreira, a iniciativa das organizações continua a ser fundamental. Num mercado de trabalho em profunda transformação, o planeamento estratégico de Recursos Humanos torna-se mais desafiante, exigindo uma acção concertada com outras áreas funcionais para garantir a sustentabilidade das carreiras de todas as pessoas.
As equipas de gestão de Recursos Humanos devem estar preparadas para diagnosticar necessidades de competências de forma eficiente, desenhando respostas formativas personalizadas e promovendo a aprendizagem contínua. No entanto, esta preocupação com carreiras sustentáveis não pode limitar-se à oferta de programas de upskilling e reskilling. É essencial envolver as pessoas na gestão das suas próprias carreiras, de acordo com as suas preferências e necessidades. Preparar os trabalhadores para mudanças profissionais e dotá-los de ferramentas para lidar com a imprevisibilidade do futuro do trabalho é um desafio incontornável.
A requalificação profissional não deve ser vista apenas como uma prioridade para 2025, mas como um pilar essencial para a sustentabilidade das carreiras e das organizações a longo prazo. Governos, empresas e universidades devem actuar em conjunto para promover oportunidades de desenvolvimento ao longo da vida, garantindo a adaptação às exigências do mercado de trabalho e assegurando que as experiências de aprendizagem sejam cada vez mais personalizadas e eficazes.