Revolucionar as comunicações internas: o activo oculto da indústria tecnológica

A comunicação interna passa está a transformar-se num activo dinâmico e estratégico que pode redefinir a cultura de uma empresa, fortalecer marcas e aumentar a receita.

 

Esta transformação é particularmente evidente no sector tecnológico, onde as empresas estão a trocar os memorandos e as reuniões convencionais por soluções modernas e mais envolventes. Em vez disso, a ênfase é colocada na criação de culturas empresariais e de colaboradores orientados para o desempenho, empenhados e felizes.

Há mais de 30 anos que trabalho com os CMO para os ajudar a repensar as comunicações internas. Recentemente, dei por mim a apoiá-los na sua luta para obterem o orçamento necessário para as comunicações internas – os CEO e os CFO questionam frequentemente o seu retorno do investimento (ROI) e assumem que os Recursos Humanos tratam disso. Mas quando os líderes de topo não reconhecem o poder desta função e da colaboração necessária entre departamentos, pode ser a sentença de morte para a cultura e o progresso da empresa.

Como Simon Sinek afirmou, «quando as pessoas investem financeiramente, querem um retorno. Quando as pessoas estão emocionalmente investidas, querem contribuir. » Este facto realça a ligação entre a comunicação e o envolvimento dos colaboradores. A Watson Wyatt Research demonstrou repetidamente que as empresas com práticas de comunicação eficazes têm retornos totais 47% mais elevados para os accionistas.

Medir o ROI das comunicações internas pode ser um desafio, uma vez que os seus impactos são frequentemente indirectos e a longo prazo. No entanto, um CEO pode avaliar a eficácia e o retorno financeiro dos investimentos em comunicação interna de várias maneiras:

Classificação do envolvimento dos colaboradores e avaliação da cultura
O inquérito regular aos funcionários pode revelar a sua ligação à missão e aos valores da empresa, o que pode reflectir comunicações internas eficazes. Os aumentos nas classificações de envolvimento podem estar correlacionados com uma maior produtividade e resultados financeiros, sendo frequentemente onde as avaliações das comunicações internas começam e acabam em muitas empresas.

 

Taxas de rotatividade e retenção
Uma diminuição nas taxas de rotatividade pode indicar que as estratégias de comunicação interna fazem com que os colaboradores se sintam informados, valorizados e integrados na cultura da empresa. Uma menor rotatividade pode significar uma poupança significativa de custos no recrutamento, contratação e formação de novos colaboradores.

 

Métricas de produtividade
Os níveis de produtividade podem ser medidos antes e depois da implementação de novas comunicações internas. O aumento da produtividade traduz-se em melhores resultados financeiros.

 

Estatísticas de utilização
A análise dos dados relativos à utilização de intranets, newsletters, aplicações ou plataformas sociais pode fornecer informações sobre como os colaboradores recebem e interagem com as mensagens internas. Em tempos, trabalhei com uma empresa que ficou chocada com a demissão dos directores de instalações – mas se tivessem observado os dados, teriam previsto as saídas. A empresa distribuiu um relatório semanal de leitura obrigatória enviado aos gestores, com novidades, actualizações a serem digeridas semanalmente, e declarações aos gestores. A taxa dos gestores que acabaram por sair foi de 0%. Paralelamente, os índices de satisfação dos trabalhadores que reportavam aos gestores que se demitiram caíam a pique, semana após semana. A falta de responsabilidade entre os Recursos Humanos e a direcção era uma falha grave. Agora, a equipa de gestão tem um processo para analisar esses dados semanalmente.

 

Qualidade dos contributos dos trabalhadores
Avaliar a qualidade e a inovação das sugestões e do feedback dos trabalhadores pode indicar uma força de trabalho bem informada e motivada, frequentemente um resultado directo de comunicações internas eficazes.

 

Defesa dos colaboradores
Medir a frequência com que os colaboradores partilham mensagens positivas sobre a empresa nas redes sociais ou através do boca-a-boca pode ser um indicador poderoso do seu alinhamento e crença na empresa, um resultado directo de comunicações internas bem-sucedidas.

 

Classificação da satisfação do cliente
Uma vez que os colaboradores empenhados prestam frequentemente um melhor serviço ao cliente, as melhorias na satisfação do cliente podem ser associadas a comunicações internas mais eficazes.

 

Velocidade de implementação da mudança
Medir a rapidez e eficácia com que uma empresa consegue implementar a mudança pode indicar como as estratégias de comunicação interna funcionam bem, levando a uma percepção mais rápida dos benefícios financeiros associados.

 

Comparação com a concorrência
Comparar o desempenho da sua empresa nas métricas referidas acima com os padrões do sector pode fornecer uma medida relativa da eficácia da sua estratégia de comunicação interna.

 

Comunicações centradas no público
Quer se trate de uma estratégia de comunicação interna para toda a empresa ou para um grupo ou departamento específico, é fundamental compreender o público – tendo em conta os seus horários e como melhor absorvem informações úteis, aplicáveis, motivadoras e significativas. Esta abordagem personalizada garante que as comunicações internas não são apenas ouvidas, mas também postas em prática.

Empresas como a Salesforce e a Slack demonstraram o valor de envolver os colaboradores pelas suas próprias plataformas, aumentando a inovação, a produtividade e o crescimento das receitas. As ferramentas de colaboração da Google têm sido fundamentais para promover a inovação e manter elevados níveis de produtividade, contribuindo para o sucesso financeiro. Mas não é a ferramenta que dita o sucesso; é o envolvimento com os funcionários para saber realmente quando e como recebem a informação, em conjunto com um plano de comunicações ponderado e consistente, que estabelece a base para o sucesso.

Ao adoptarem ferramentas de comunicação modernas e ao personalizarem as estratégias para satisfazerem as necessidades da sua força de trabalho, as empresas podem transformar as suas comunicações internas num activo estratégico que impulsiona a força da marca e as receitas. Esta abordagem inovadora ao envolvimento dos colaboradores não só amplifica a presença da marca da empresa, como também solidifica a sua posição no mercado.

 

Por: Kathleen Lucente, CEO e fundadora da Red Fan Communications, uma empresa de consultoria e comunicação estratégica, na Forbes

Ler Mais