Rita Baptista, Bene Farmaceutica: A evoluir no caminho certo

Rita Baptista, directora de Recursos Humanos & Organização da Bene Farmaceutica, destacou «a evolução de mudança de mentalidades e oportunidades que tem vindo a ocorrer no tema da equidade salarial entre géneros. Lentamente, é verdade, mas o mercado está no caminho certo».

 

«Os resultados da 48.ª edição do Barómetro da Human Resources confirmam uma evolução a que estamos a assistir e demonstram que a necessidade de nos adaptarmos à evolução do mercado é mesmo muito importante e urgente.

Sobre a equidade salarial entre géneros, tendo a concordar e a identificar-me, de uma forma geral, com os resultados do Barómetro, que espelham que, na sua maioria, as empresas não se encontram preparadas para pôr em prática a directiva recentemente publicada. Como se vê na Agenda do Trabalho Digno, existem alterações que impactam as empresas, não só em termos processuais e burocráticos, mas também financeiramente, o que torna a adaptação mais difícil, apesar de existirem medidas que são positivas e podem ajudar a agilizar alguns processos.

Mas gostaria de destacar a evolução de mudança de mentalidades e oportunidades que tem vindo a ocorrer neste tema. Lentamente, é verdade, mas acho que o mercado está no caminho certo. Apesar de o resultado ainda estar longe do que gostaríamos e a equidade salarial entre géneros estar longe do objectivo, já é significativo que cerca de 70% dos inquiridos tenham a percepção de que já existe alguma equidade, apesar de ainda ser numa minoria das empresas. Não posso deixar de dar a nota que é importante o caminho que está a ser feito, e que existe cada vez maior preocupação com a equidade entre géneros, começando a ser algo cada vez mais natural nas grandes empresas. Temos de continuar a fazer esse caminho.

É igualmente gratificante ver neste Barómetro que as empresas estão abertas a uma revolução cultural no que diz respeito à humanização dos Recursos Humanos, apesar de existirem ainda alguns factores bloqueadores a esse processo. As necessidades do mercado e das novas gerações vão obrigar-nos a ir nessa direcção e a humanizar e aproximar cada vez mais as empresas das pessoas, indo ao encontro das suas necessidades, mas com maior equilíbrio entre os objectivos destas e das empresas.

Já a inteligência artificial (IA) é um mundo, e um mundo novo. É importante constatar nos resultados do Barómetro, a evolução que tem havido no que diz respeito às competências que se valorizam no recrutamento: soft skills e human skills versus hard skills. Percebeu-se inclusive, há uns anos, que será até mais importante o fit do candidato do que o fit das competências técnicas. Por isso, é muito relevante que estes resultados sejam já expressivos dessa realidade e mostrem que estamos a caminhar nesse sentido.

Mais em concreto sobre a IA, acredito que ainda há muito para perceber o quanto poderá afectar a Gestão de Pessoas. Hoje, já se considera que pode ser uma importante ferramenta. Mas os resultados estão divididos – parece que pode ser um forte suporte em processos mais operacionais, destacando-se o recrutamento e compensação e benefícios, mas não ao ponto de afectar as áreas de maior relevância do factor humano.

Gostaria ainda de salientar o alinhamento que este estudo revela nos especialistas em relação à direcção e o papel que a IA terá nos RH, sendo também interessante ver que a sua expectativa é elevada, esperando um alto impacto nos processos. Espero que se reflicta em maior agilidade e maior adequação e adaptação, enquanto gestores de Pessoas, à evolução do mercado e às necessidades das pessoas e das empresas.

Uma última palavra para o tema do Trabalho Temporário. Constato que, no sector onde estamos, e na Bene Farmacêutica em particular, o recurso a este instrumento não é de todo relevante, e é curioso como no estudo se revela que quase 45% das empresas já não veem como relevante esse recurso, ao contrário do que se verificava há uns anos. Isto revela uma evolução significativa nestas matérias, indo ao encontro da Agenda do Trabalho Digno, embora existirão sempre negócios que, devido à sua sazonalidade ou outros factores, terão sempre essa necessidade.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Agosto (nº.152) da Human Resources, no âmbito da XLVIII edição do seu Barómetro.

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