Rui Mendes da Costa, Águas de Portugal: Estão os directores de Recursos Humanos mesmo preparados?

Rui Mendes da Costa, director corporativo de Recursos Humanos da Águas de Portugal, não acredita «que venhamos a ter um novo normal, pois o “normal” será estarmos em constante mutação» e defende que «os profissionais de Recursos Humanos carecem de desenvolver novas competências e novas abordagens». Leia a sua análise aos resultados do XXXIX Barómetro Human Resources.

 

«Gostaria de destacar alguns dados do XXXIX Barómetro, em especial os temas que foram considerados como os grandes desafios na Gestão de Pessoas: atracção e retenção de talento, apesar de eu considerar que a atracção e retenção são temas diferentes e se materializam em problemáticas distintas, novas formas de organização do trabalho, que, na minha opinião, se traduzem na verdadeira transformação digital – que prefiro designar por transformação cultural –, e a saúde física e mental.

Não tenho dúvidas de que todos nos vemos confrontados com estes reptos, pelo que não é de estranhar que estes sejam também os temas considerados prioritários, mas preocupa-me que envolventes como a saúde física e mental e a diversidade e inclusão não tenham grande expressão nessas prioridades. Acredito que, em momentos de crise como o que vivemos, exista uma abordagem mais táctica, mas não podemos, nunca, descurar algumas vertentes.

Por outro lado, pareceu-me curioso que as questões relacionadas com horários – flexibilidade, teletrabalho – tenham sido consideradas como as mais importantes para os colaboradores (para além da remuneração). Será também esta a visão efectiva das pessoas nas nossas empresas? Ou estes resultados devem-se, acima de tudo, à pressão que as áreas de Recursos Humanos estão a sentir?

Não acredito que venhamos a ter um novo normal, pois o “normal” será estarmos em constante mutação, pelo que me parece que os profissionais de Recursos Humanos carecem de desenvolver novas competências e novas abordagens, acima de tudo ao nível da humanização, da simplificação e da agilidade, apesar de no barómetro ser considerado que estão preparados!

Uma nota final. Torna-se fundamental que possamos preparar o futuro das nossas organizações sem os enviesamentos ou crenças que estes momentos de pandemia criaram. Resta-me dar os meus parabéns à Human Resources Portugal pelo excelente trabalho que tem realizado neste âmbito.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Janeiro (nº. 133) da Human Resources, no âmbito da XXXIX edição do seu Barómetro nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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