Rui Nascimento Alves: «Nem tudo poderá ficar bem. Vai ficar tudo diferente.»

No comentário aos resultados do XXXI Barómetro Human Resources, Rui Nascimento Alves, director de Recursos Humanos da Johnson & Johnson Consumer Health, Sul da Europa & França alerta que «nem tudo poderá ficar bem. Vai ficar tudo diferente, isso sim, e tal será mais um desafio que teremos de enfrentar como profissionais e sociedade».

 

«Efeitos desta pandemia cedo se fizeram sentir nas organizações, com impacto em múltiplos aspectos que o XXXI Barómetro da Human Resources bem destaca. Uma esmagadora maioria dos inquiridos (95%) entende que o emprego diminuirá em Portugal até 3%. Creio que essa percentagem será largamente excedida, dado que muitas organizações ver-se-ão forçadas a reduzir e reorganizar as suas estruturas. O Barómetro também o confirma – as organizações entendem que terão de despedir (25%), outras não concretizarão o recrutamento planeado (35%), sendo que os seus efeitos se farão sentir de forma prolongada até um ano (29%) ou mais de um ano (35%). Estimo que o seu efeito terá uma abrangência temporal certamente mais extensa e que, tal como este estudo também indica, nada mais será como antes (20%).

Adaptar a legislação laboral será factor crítico para a flexibilidade necessária às organizações de modo a enfrentarem estes desafios. A lei laboral precisava de ser revista profundamente, tal como defendido pelo painel (37%), na flexibilização dos regimes de trabalho (53%), no teletrabalho (49%), nos tempos de trabalho (49%) e nos modelos de contratação (39%). A flexibilização dos regimes e modelos de trabalho será um elemento crítico para uma maior adaptação das organizações aos desafios que este “novo real” coloca. Tal como estes, também os temas da Gestão de Pessoas em 2020, e certamente nos próximos anos, surgem como críticos, destacando-se a mudança das formas de trabalho (57%), a transformação digital (29%) e a gestão de equipas (20%) como principais.

Quanto ao papel dos profissionais e áreas de Gestão de Pessoas na gestão da crise desencadeada pela COVID-19, o painel entende que estes se assumiram parceiros da gestão de topo (60%), de forma pró-activa (50%), assim como na gestão emocional da crise (35%) e na comunicação com as equipas (29%).

Nem tudo poderá ficar bem. Vai ficar tudo diferente, isso sim, e tal será mais um desafio que teremos de enfrentar como profissionais e sociedade.»

Este testemunho foi publicado na edição de Julho da Human Resources, no âmbito da XXXI edição do seu Barómetro.

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