Flash Talk: Tech skills e soft skills, as competências mais procuradas

«As empresas estão a procurar perfis de qualificações e competências cada vez mais elevados, a todos os níveis, combinando hard skills e soft skills. É essa também a lógica da transformação digital.»

 

Em entrevista à Human Resources, André Magrinho, adjunto do presidente da Fundação AIP, fez um balanço do Futurália – que decorreu este fim-de-semana na FIl, no Parque das Nações, assinalando a sua 12.º edição. O responsável falou das opções de futuro que a feira apresenta, não só para os jovens mas também para um público mais adulto, e das áreas de emprego que têm sido as mais procuradas. Destacou ainda a importância do espaço “Futurália Emprego & Empregabilidade”, criado o ano passado. A Futurália é uma iniciativa pensada para estudantes, pais, professores, recém-licenciados e todos aqueles que pretendem encontrar um novo caminho para o seu futuro profissional.

 

Na semana passada, realizou-se a 12ª edição da Futurália.
O balanço faz?

A Futurália tem a ambição de, a cada ano, superar a edição anterior, fazendo mais e melhor. Temos crescido continuamente ao longo de todas as edições e queremos continuar nessa senda, cumprindo melhor a nossa missão: colocar em confronto uma oferta muito rica e diversificada em matéria de educação e formação, e uma procura, maioritariamente constituída por jovens, que pretendem fazer escolhas decisivas em relação aos seus trajectos futuros a nível académico ou profissional. A Futurália é hoje um evento de referência a nível nacional e também cada vez mais atractiva para jovens e entidades estrangeiras que nos procuram. E essa atractividade decorre de uma grande capacidade de inovação permanente mediante um trabalho muito próximo com as diferentes partes interessadas.

 

Que números destaca?

Até data, e foram os indicadores de referência, bastante expressivos, com que partimos para esta edição, já passaram pela Futurália 82 mil visitantes, 550 entidades e empresas; 15 países representados; 7.719.984 de audiência diária alcançada nos media e redes sociais; e alunos em visita de estudo oriundos de 16 distritos portugueses. Na edição deste ano, tivemos mais actividades, mais espaços de animação, maior diversidade de ofertas formativas, mais ofertas de emprego, entre muitas outras propostas.

 

O Espaço Emprego e Empregabilidade é uma nova área que teve a sua primeira edição no ano passado. Quais os objectivos subjacentes a esta aposta?

A Futurália Emprego e Empregabilidade, que foi uma inovação introduzida na edição de 2018, pretende pôr em contacto directo empresas e potenciais candidatos/trabalhadores. Fá-lo de forma muito dinâmica, dinamizando uma série de acções em salas, relacionadas com o emprego, recrutamento e networking, promovendo a interactividade entre os participantes.

 

Que balanço fazem dessa aposta?

A edição anterior foi muitíssimo bem acolhida e com resultados muito positivos, o que nos induziu a reforçar este espaço reforçando propostas a diferentes níveis: Coaching; Softs Skils; Recrutamento, etc. Temos mais e melhores ofertas de emprego em Portugal e no estrageiro, nomeadamente para enfermeiros; colaboradores para clínicas dentárias; auditores; engenheiros informáticos; engenheiros electrotécnicos; consultores fiscais, entre muitos outros.

 

Quais as opções de futuro que a feira apresenta, não só para os jovens mas também para um público mais adulto?

Apesar de ser maioritariamente visitada por um público jovem, esta Feira de Educação/ Formação é um lugar de encontro entre estudantes, pais, professores e instituições de ensino. Veja-se, por exemplo o Fórum Futurália, dirigido a uma população mais adulta, este ano centrado no tema da “Transformação digital: o que (vou) fazer no digital?”. No futuro, pretendemos atingir segmentos mais diversificados da sociedade portuguesa, reforçando a presença de outras áreas como a ciência e tecnologia, o empreendedorismo, os espaços de demonstração de tecnologias, a oferta de empregos, entre outras.

 

Que evolução têm notado ao nível das competências mais procuradas pelas empresas presentes?

O que está a suceder, e que se perspectiva uma tendência de fundo, é que as empresas estão a procurar perfis de qualificações e competências cada vez mais elevados, a todos os níveis, combinando hard skills e soft skills. É essa também a lógica da transformação digital.

 

E que áreas de emprego/ funções têm sido as mais procuradas, ou seja, quais as que têm maior empregabilidade?

Aquilo que nos é dado observar é que o reforço das cadeias de valor das organizações, e em particular das empresas, muitas vezes resultantes da clusterização entre tecnologias maduras e novas tecnologias digitais, têm feito apelo a novas áreas de emprego e a funções cada vez mais exigentes em conhecimento intensivo, com maior incorporação de tecnologias de informação, com novos requisitos em matérias de gestão e de liderança, mas também a nível do comportamento organizacional de um modo geral, assim como as artes, entre outras.

 

Em ambos os casos – competências e áreas de emprego – que evolução têm notado nestes 12 anos?

Há um conjunto de áreas que têm vindo a reforçar a sua atractividade ao longo destes 12 anos, como tem sido os casos das engenharias, das ciências da vida, da gestão e economia internacional, das artes, entre outros. Cada vez mais encontramos áreas de emprego com exigências de competências que não se enquadram nos modelos clássicos. Combinam, por exemplo, áreas de engenharia com biologia, como por exemplo a bioinformática, a mecânica e a electrónica, isto é a mecatrónica, entre muitas outras.

Em síntese, podemos dizer que para, aprender, trabalhar, inovar, competir e cooperar, requerem-se qualificações e competências cada vez mais elevadas (competências digitais; de pensamento ágil; interpessoais e de comunicação; e de operação global), nomeadamente digitais (tech skills) e soft skills, ou a combinação entre ambas, fazendo apelo a parcerias orientadas para a qualificação e o emprego, no âmbito das quais as competências possam ser valorizadas, promovidas e monitorizadas.

 

Sendo a Futurália não só uma feira de empregabilidade, mas, na sua génese, de educação e formação, acredita que as escolas estão a preparar, quer os jovens, quer os mais seniores, para as actuais exigências do mercado de trabalho?

Quando olhamos para as mudanças tecnológicas e sociais que estão a ocorrer, constatamos que os novos recursos e funcionalidades associados à actual geração de tecnologias digitais colocam novas exigências e desafios à “escola”, confrontando-a a sua compartimentação disciplinar, as suas grelhas curriculares, algumas vezes pouco permeáveis ao diálogo entre os saberes. Mas também é justo reconhecer que existem excelentes experiências nas escolas portuguesas, algumas delas visíveis em espaços da Futurália. Novas experiências curriculares e novas abordagens a nível do ensino e da aprendizagem estão a emergir e a afirmar-se.

Centrar a educação e a formação no aluno e no formando, através de uma utilização inteligente das tecnologias digitais, é um dos maiores desafios que se coloca. É também um desafio que terá que mobilizar os professores e formadores e, bem assim, os poderes e instituições públicas e privadas que a este propósito têm um papel catalisador importante. É este trabalho conjunto que permite superar gaps de “competências digitais” e de “métodos de ensino” na era da transformação digital.

 

Que tendências perspetiva para o futuro do trabalho?

Temos que olhar para o futuro do trabalho a partir das necessidades do novo sistema técnico-económico que está a emergir e que tem várias características:

– Altera as condições do relacionamento humano, pela utilização mais intensa das comunicações digitais e da virtualidade, reduzindo exigências actuais de mobilidade;

– Amplia as capacidades humanas pela presença de auxiliares em interação cognitiva (sob a forma de assistentes pessoais e sistemas perito em atividades como serviços de saúde ou serviços jurídicos);

– Permite que se desenvolvam formas cooperativas de ação entre humanos e robots [os COBOTS], desde que não se tenha como objectivo por os robots a imitar os humanos, mas sim a multiplicar capacidades humanas, através dessa cooperação.

 

 

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