
Trabalhadores humanos têm pouco mais de cinco anos antes de a IA os superar, alerta CEO da Google DeepMind
Em vez de profissionais espalhados em open spaces, prevê-se que as pessoas trabalharão ao lado de colegas digitais. Segundo o CEO da Google DeepMind, Demis Hassabis, isso acontecerá dentro de alguns anos e não décadas, noticia a Fortune.
«Os sistemas [de IA] de hoje são muito passivos, mas ainda há muitas coisas que não podem fazer», afirmou Demis Hassabis durante um briefing na sede da Deepmind em Londres. «Mas, nos próximos cinco a 10 anos, muitas destas capacidades começarão a vir ao de cima e começaremos a caminhar em direcção ao que chamamos de inteligência artificial geral.»
Demis Hassabis vê o potencial crescente da inteligência artificial geral (IAG) em particular — uma tecnologia capaz de ser tão inteligente, se não mais inteligente, do que os seres humanos. O próprio CEO definiu a IAG como sendo capaz de «exibir todas as capacidades complicadas que os humanos conseguem».
Mas os trabalhadores podem ficar descansados… por enquanto. «Ainda não chegámos lá. Estes sistemas são muito impressionantes em certas coisas, mas há outras que ainda não conseguem fazer, e há muito trabalho de investigação a fazer antes disso», reiterou Hassabis.
São cada vez mais os CEO que, atentos às tecnologias emergentes, acreditam que as forças de trabalho totalmente humanas estão à beira da extinção. Quer se trate de “colaboradores digitais” ou de robôs a operar em fábricas, os trabalhadores electrónicos estão a tornar-se um elemento básico nas conversas de conselhos de administração e nas estratégias laborais.
A evolução da IA e o fim das forças de trabalho totalmente humanas
O rápido desenvolvimento da IAG é outro sinal claro da trajectória do impacto da IA na força de trabalho. E Hassabis não é o único líder tecnológico a fazer esta grande previsão.
Robin Li, CEO da tecnológica chinesa Baidu, também estimou que a IAG se tornará tão competente como os seres humanos, mas num futuro mais longínquo do que 2030. «A IAG ainda está a alguns anos de distância. Penso que a mais de 10 anos», disse Li na conferência VivaTech em Paris, no ano passado.
Enquanto outros líderes como Elon Musk e Sam Altman afirmam que a IA estará pronta para a acção muito mais cedo, a força de trabalho já está a sentir as ramificações da IA a realizar trabalho humano. Cerca de 41% dos líderes acreditam que terão de reduzir a sua força de trabalho nos próximos cinco anos, de acordo com um relatório do Work Economic Forum, e uma das principais razões é abrir caminho para a IA. As competências humanas, como leitura, escrita, matemática e destreza manual, desaparecerão gradualmente com o advento da IA; chatbots, máquinas e grandes modelos de linguagem (LLM) movem-se mais rápido do que as pessoas e não exigem benefícios nem salário.
Marc Benioff trouxe essa realidade à tona no Fórum Económico Mundial deste ano, em Davos. O CEO da Salesforce disse aos outros líderes presentes que uma grande mudança estava para vir: serão o último grupo de CEO a gerir forças de trabalho totalmente humanas. «A partir deste ponto… estaremos a gerir não apenas trabalhadores humanos, mas também trabalhadores digitais.»
E a transição está bem encaminhada: o CEO da Klarna, Sebastian Siemiatkowski, já acredita que a IA pode fazer todo o trabalho que os humanos fazem e está a pôr em prática esta teoria no seu negócio. A Klarna deixou de contratar em 2023 e acolheu favoravelmente a rotatividade natural que reduziu a sua força de trabalho de 4500 para cerca de 3500 trabalhadores desde então. Em vez de contratar novos colaboradores, a empresa tem utilizado a IA para reforçar as suas necessidades de marketing, advogados internos e comunicação. O chatbot da Klarna pode fazer o trabalho de 700 agentes de atendimento ao cliente a tempo inteiro, resolvendo situações nove minutos mais rapidamente do que os humanos.
Este ano, a Workday também despediu cerca de 1750 colaboradores — cerca de 8,5% da sua força de trabalho — para priorizar “investimentos em inovação como a IA”. Num memorando aos trabalhadores, o CEO Carl Eschenbach disse que o negócio tinha atingido um “momento crucial” no mercado, e uma necessidade crescente de IA exigirá reduções de custos noutros locais. Os humanos foram os afectados.