Um em cada quatro profissionais foi alvo de assédio no local de trabalho. E quase metade testemunhou situações abusivas

Nos últimos cinco anos, quase metade (46%) dos inquiridos referiu ter testemunhado assédio a outro trabalhador no seu local de trabalho actual ou num empregador anterior, revelam os resultados do State of Workplace Harassment Report, da Traliant.

Nos últimos anos, o local de trabalho sofreu uma transformação considerável. O aumento da mobilidade dos colaboradores, das oportunidades de trabalho remoto e a entrada dos trabalhadores da Geração Z na força de trabalho também tiveram impacto na forma como os profissionais experienciam o assédio no local de trabalho. Para além dos efeitos negativos no ambiente de trabalho, que podem resultar em responsabilidade legal, o assédio pode prejudicar a rentabilidade de um empregador – estima-se que a má conduta custe às empresas norte-americanas 20 mil milhões de dólares apenas em custos de re-contratação.

Inúmeros factores contribuem para as experiências de assédio dos colaboradores e para a forma como as percepcionam, respondem ou denunciam.

Para saber mais sobre a forma como os profissionais e as empresas estão a dar prioridade à prevenção do assédio, a Traliant, em parceria com a Researchscape, inquiriu mais de 2000 profissionais nos EUA em empresas de vários sectores.

Para efeitos do inquérito, o assédio no local de trabalho foi definido como uma conduta indesejada e ofensiva relacionada com uma característica protegida, como religião, género, etnia e deficiência.

Nos últimos cinco anos, quase metade (46%) dos inquiridos referiu ter testemunhado assédio a outro trabalhador no seu local de trabalho actual ou num empregador anterior.

Quase um em cada quatro (24%) dos inquiridos disse que, nos últimos cinco anos, foi alvo de assédio no local de trabalho.

Segundo a Traliant, estes resultados apresentam um quadro preocupante para os empregadores que pretendem criar ambientes de trabalho seguros e estabelecer cenários onde os colaboradores possam dar o seu melhor no trabalho.

Principais conclusões:

Existe um fosso entre gerações quando se trata de exposição ao assédio no local de trabalho. Entre os colaboradores inquiridos, a Geração Z reportou a maior ocorrência de testemunho de assédio, com 52% a afirmar que viram um colega de trabalho a ser assediado nos últimos cinco anos, em comparação com apenas 33% dos Baby Boomers.

Dos colaboradores que referiram ter testemunhado assédio, pouco mais de metade (52%) disse que decidiu intervir, enquanto quase um em cada cinco (18%) afirmou que ninguém interveio.

33% dos inquiridos referiram que a pessoa que se envolveu em conduta de assédio era um supervisor directo ou indirecto, sinalizando a influência da dinâmica de poder dentro do local de trabalho e um maior nível de vulnerabilidade para aqueles em funções não de gestão ou menos seniores.

Quando os colaboradores sentem falta de protecção contra o assédio, os três principais motivos apontados são: preocupações com retaliações (67%), falta de procedimentos e formação de prevenção de assédio (57%) e medo de bullying e ameaças (50%). Isto varia de acordo com o género — as mulheres mostraram-se muito mais preocupadas (56%) com o potencial de bullying e ameaças como resultado de qualquer denúncia, em comparação com os homens (43%).

As mulheres também referiram ter experimentado taxas de insatisfação mais elevadas com os resultados das denúncias comparativamente aos homens: 32% das mulheres referiram estar pouco ou nada satisfeitas com o resultado da forma como o seu empregador lidou com a denúncia em comparação com 20% dos homens.

Quase metade (49%) dos inquiridos não denunciaria assédio se não existirem canais de denúncia anónimos ou devido a receios de retaliação, preocupações com danos à reputação ou falta de conhecimento sobre processos internos.

Os colaboradores que não receberam qualquer formação por parte dos seus empregadores relataram taxas mais elevadas de se sentirem pouco (20%) ou nada protegidos (42%) contra o assédio no local de trabalho.

Sofrer assédio no local de trabalho pode ter efeitos a longo prazo no sentimento de pertença e nos sentimentos de segurança de um colaborador.

Para os inquiridos que foram alvo de assédio no local de trabalho nos últimos cinco anos, apenas 55% referiram que se sentem extremamente ou muito protegidos contra o assédio no seu local de trabalho agora e 28% disseram que o seu sentido de pertença no local de trabalho diminuiu nos últimos cinco anos.

Compreendendo esta realidade, os empregadores podem de devem tomar decisões estratégicas mais informadas para fornecer os recursos de que os colaboradores necessitam para criar locais de trabalho mais seguros, com tolerância zero ao assédio no local de trabalho.

Aumentar a sensibilização

Os colaboradores nem sempre reconhecem o que se qualifica como assédio, especialmente quando se trata de formas mais subtis ou indirectas de má conduta.

A educação e a formação contínuas ajudam a aumentar a sensibilização entre os colaboradores e os gestores sobre as várias formas de assédio — moral, sexual, verbal ou não-verbal — e fornecem orientações sobre como responder como alvos ou espectadores. Ao explorar cenários diferenciados que abordam “áreas cinzentas”, os colaboradores ganham uma compreensão mais clara dos comportamentos considerados aceitáveis (ou não).

Implementar mecanismos de comunicação eficazes

Sistemas de comunicação mal concebidos ou pouco claros podem desencorajar os colaboradores de reportar incidentes. As organizações devem implementar canais de denúncia acessíveis e claramente comunicados e oferecer várias opções, incluindo denúncias anónimas, para garantir que os colaboradores se sentem confortáveis ​​e apoiados quando tomam essa decisão.

Prevenir retaliações

Os colaboradores podem temer retaliações se denunciarem assédio, o que os impede de falar. A implementação de um sistema de denúncias confidenciais juntamente com uma política clara anti-retaliação protege os colaboradores de retaliações e promove uma cultura de confiança, encorajando-os a reportar incidentes sem receio.

Formar todos os colaboradores, independentemente da localização

A falta de formação adequada ou regular sobre assédio resulta em colaboradores desinformados. Para lidar com isso, todos — independentemente da localização — devem ter formação contínua e abrangente sobre assédio.

Abordar o cenário de cada sector

Para tornar a formação mais relevante e impactante, é importante as empresas personalizarem as políticas e programas de formação para reflectir a dinâmica única do local de trabalho do seu sector e os requisitos legais.

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