Uma cultura de trabalho positiva combate a procura de emprego

Esta é a altura do ano em que todas as atenções estão focadas num único tema: os saldos de Janeiro. Mas esta é também a altura do ano em que, normalmente, os colaboradores de empresas procuram motivação, entre vários factores como o regresso ao trabalho, o tempo invernoso e até a recente Blue Monday. Isto pode explicar o facto de, de acordo com a Glassdoor, Janeiro ser, de longe, o mês mais popular para quem procura emprego – verificando-se uma diferença de +22% face a um mês normal.

Por Álvaro Dexeus, head of Southern Europe da Pleo

 

Para garantir que esta situação não afecta o negócio nem prejudica os planos de crescimento para 2024, os líderes das empresas devem procurar construir uma empresa na qual valha a pena permanecer. Há três acções-chave que os líderes empresariais, e as equipas de Recursos Humanos (RH), devem adoptar para combater o aumento da procura de emprego.

 

Tornar o trabalho divertido

Acredite-se ou não, existe trabalho divertido e depende da colaboração – algo que pode contribuir muito para a resolução de problemas e para o pensamento criativo. O local de trabalho deve ser uma experiência partilhada em que todos se ajudam uns aos outros; um local onde os sucessos são celebrados em conjunto.

Para que uma equipa trabalhe da forma mais colaborativa possível, é preciso certificar que existe a partilha de informações entre departamentos e indivíduos, e que existe um registo digital de quem está a fazer o quê.

Os locais de trabalho sofreram alterações nos últimos anos, e a chave para isso foi o abandono das culturas individualistas do género “afundar ou nadar”. Uma cultura que prospera a partir de indivíduos, só serve para prejudicar a equipa, por isso é necessário certificar de que se está a promover programas de formação e desenvolvimento que contribuem para o panorama geral.

O sucesso não deve ser definido com o pisar os que estão abaixo de nós. Em vez disso, deve-se estar ligado a realizações comuns, ao espírito de equipa e ao apoio ao desenvolvimento dos outros.

 

Fazer da curiosidade, e não do julgamento, a espinha dorsal da cultura

Em Portugal, 44% dos trabalhadores consideram que a sua produtividade aumentou a trabalhar a partir de casa e, em toda a Europa, a percentagem de profissionais que trabalham de forma remota aumentou efectivamente desde a pandemia.

Mas para cada notícia positiva sobre o trabalho remoto, há uma negativa. É por isso que a resposta para a empresa deve ser evitar o ruído e concentrar-se no que funciona para a equipa, assim como para o seu líder. Em vez de implementar uma política única para todos, é necessário analisar os dados dos colaboradores e ver como as pessoas têm o seu melhor desempenho.

Da mesma forma, uma cultura curiosa pode ter um impacto profundo na forma como a empresa é inclusiva. A menos que se passe algum tempo a conhecer e a ouvir as equipas, só se verá pequenas amostras de quem elas são e se se sentem ou não capacitadas para serem elas próprias. Especialmente se a equipa trabalhar fora do escritório, os mal-entendidos podem acelerar. Por isso, é necessário certificar de que o líder leva consigo a aprendizagem e a curiosidade na sua viagem cultural.

 

Implemente tecnologia para capacitar, não para substituir

Independentemente do “factor-surpresa” de ferramentas como o ChatGPT e o DeepAI, os líderes empresariais devem lembrar-se de que a tecnologia não deve substituir os seus colaboradores – mas sim capacitá-los. Quer seja através da automatização de tarefas administrativas pesadas, da simplificação de fluxos de trabalho ou da ajuda na criação de um primeiro rascunho de algo que mais tarde será aperfeiçoado.

A Goldman Sachs pode ter afirmado que 300 milhões de empregos seriam afectados pela IA a nível mundial, mas afectados é um termo vago e ninguém está a descartar uma afectação positiva. Isto significa que os postos de trabalho que são limitados pelo trabalho intensivo são subitamente libertados para incorporar mais recursos humanos. Isto é particularmente relevante para as equipas financeiras, com 98% das empresas a nível mundial a afirmarem que o papel dos directores financeiros mudou – algo que vai continuar com a actual crise financeira. Por conseguinte, os líderes empresariais devem concentrar-se neste departamento como uma forma para a implementação não só da IA, mas também de uma tecnologia.

 

Faça deste ano um ano positivo

Passamos a maior parte da nossa vida a trabalhar, pelo que é lógico que os líderes empresariais e as equipas de RH façam tudo o que estiver ao seu alcance para tornar este período o mais positivo possível – para os seus colaboradores e colegas, mas também para si próprios.

A chave é reconhecer que fazer isso e gerir um negócio de sucesso não são mutuamente exclusivos. A positividade impulsiona o desempenho, e comunicar isso às equipas, bem como delinear a forma como pretende implementá-lo, ajudará as organizações a combater a procura de emprego.

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