Uma em cada cinco pessoas em Portugal tem problemas de saúde mental. Multicare e Ordem dos Psicólogos Portugueses juntam-se para promover literacia neste âmbito

A Multicare, seguradora de saúde da Fidelidade assinalou hoje a celebração de uma parceria com a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) com a “Talk Saúde Mental”. A Human Resources Portugal esteve lá.

Por Tânia Reis

 

Esta parceria visa promover a literacia em saúde mental, actuando activamente na maior consciencialização da população portuguesa para o tema e contribuindo para uma alteração do paradigma actual e, consequentemente, para uma melhor prevenção e acesso a cuidados de saúde na área.

 

Para Cristina Tavares, directora de Marketing da Fidelidade, a iniciativa formaliza e celebra uma parceria que constitui um importante passo na estratégia do grupo. Ana Rita Gomes, CE da Multicare, acrescenta que representa o corolário de dois anos de trabalho sobre o tema, entre as duas entidades, e o início de um novo ciclo para apoiar, conjuntamente, a literacia em saúde.

Além da necessidade de prevenir, proteger e tratar o tema da saúde mental, esta parceria pretende igualmente desmistificar estigmas e preconceitos associados que, muitas vezes, impedem a procura de ajuda especializada e que resultam em diagnósticos tardios e consequente agravamento da situação.

 

Nesse sentido, «uma das formas de combater o estigma, é melhorar os acessos», defende Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da OPP, e considerando que «metade da população portuguesa não tem acesso a estes serviços. A Multicare tomou a dianteira e não parou na tentativa de fazer chegar as condições que permitam melhor e maior acesso a todos os portugueses».

Outra forma, defende, é através da literacia, explicando que é «imprescindível para as pessoas analisarem mais facilmente os sinais e a forma como se sentem e comportam, e assim agirem quando for necessário». O bastonário alerta para o facto de não bastar apenas agir quando existe uma doença mental, mas sim educar para que os cuidados sejam contínuos.

 

No pós-pandemia, o cenário é preocupante e Portugal saiu como um dos países mais afectados, com um elevado aumento do consumo de antidepressivos, revela Alexandra Antunes, vogal da direcção da OPP. Em Portugal, a doença mental afecta 22,9% da população, o que significa que «uma em cada cinco pessoas tem problemas de saúde psicológica», sendo a faixa etária dos 18-34 anos a mais afectada. No Relatório Global sobre Saúde Mental, divulgado recentemente pela OMS, deparamo-nos com um aumento de 25% de casos de depressão e ansiedade no primeiro ano de pandemia. Ademais, um inquérito do Eurofund de 2021 revela que, no que diz respeito ao acesso à saúde, a média de necessidades de saúde não atendidas na UE era de 21%, contudo em Portugal cifrava-se nos 34%.

Perante este cenário, alerta a especialista, é urgente uma «mudança de paradigma e uma visão global e intersectorial, que tenha como foco os principais desafios societais, como a saúde e bem-estar, a demografia e o envelhecimento, o trabalho e educação, a pobreza e inclusão».

Para tal, as estratégias a adoptar para implementar uma melhor saúde mental passam principalmente por colocar as pessoas no centro das políticas públicas e garantir o acesso aos serviços e cuidados de saúde psicológica e mental, combater o desemprego e as desigualdades, prevenir o stress laboral, entre outros.

Inês Pimenta, da Multicare, apresentou a nova oferta da marca na protecção a saúde mental assente numa sub-cobertura a ser lançada a 1 de Novembro, na qual passará a comparticipar as subscrições de apps de apoio à promoção da saúde mental, previamente seleccionadas e validadas, de uma bolsa de apps Multicare, das quais fazem parte a Calm, a Headspace e a 29K FJN.

A iniciativa terminou com uma talk dedicada à saúde mental, que colocou à conversa Isabel Silva, embaixadora da Multicare, António Raminhos, humorista, e Tiago Pereira, psicólogo e membro da direcção da OPP.

Diagnosticado com um transtorno obsessivo-compulsivo e em digressão nacional com o espectáculo “Não sou eu… é a minha doença” que visa desmistificar a doença mental, o humorista começou por afirmar que «não é a doença mental que nos define», alertando que, «mais do que controlar a mente, devemos tentar entendê-la». Por isso defende que «todos deviam ir ao psicólogo», já que são estes especialistas que permitem ajudar a ver as situações de vida com outros olhos.

Opinião apoiada por Tiago Pereira, que defende que o factor fundamental é a comunicação – temos de normalizar as conversas sobre o tema da saúde mental e a partilha de emoções e sentimentos, seja em casa, nas escolas e nas empresas. Apesar de não haver escassez de psicólogos em Portugal (são 26 mil), se considerarmos que «300 estão espalhados pelos centros de saúde e 1700 nas escolas, faltam profissionais disponíveis no SNS e esse investimento tem de ser feito».

Não obstante o caminho ser longo, «olhando para trás, na crise económica que afectou Portugal há uma década nunca se falou de saúde mental» e, actualmente, o tema está definitivamente na agenda nacional, concluiu o especialista em tom positivo.

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