Xeque-mate corporativo: O jogo do intraempreendedorismo no tabuleiro empresarial

No tabuleiro dinâmico do mundo empresarial, onde cada movimento conta, o intraempreendedorismo surge como uma peça-chave para a(s) vitória(s) corporativa(s): fazer “xeque-mate corporativo” significa cavalgar as ondas das oportunidades, numa dinâmica de observação constante e de derrube de obstáculos. De xeque em xeque.

 

Por Rita Oliveira Pelica, Chief Energy Officer ONYOU & Portugal Catalyst – The League of Intrapreneurs

 

Aprendi, aos 12 anos, a jogar xadrez. Não porque fosse uma tradição de família, mas porque suscitou a minha curiosidade. Corri para a Feira do Livro e comprei o “Xadrez sem Mestre”, ainda sem saber que a isto se chamaria, anos mais tarde, ser autodidacta. Hoje, entendo a importância de saber jogar o jogo corporativo e do quão importante é pensar de forma estratégica e de ter capacidade de antecipação de problemas. Ou de, pelo menos, os resolver quando estes surgirem.

Há pouco tempo, voltei a jogar xadrez, desta vez influenciada pela Netflix e pelo “Gambito de Dama”. Há que saber fazer certos sacrifícios, claro. Dei por mim a pensar como o xadrez, enquanto jogo clássico e intemporal, espelha a complexidade e a diversidade dos tempos modernos, que actualmente se vive nas organizações. Cada colaborador, é (ou, melhor dizendo, deveria ser) uma peça fundamental no tabuleiro, contribuindo com o seu chá – leia-se conhecimento, habilidades e atitudes.

O jogo intraempreendedor deve fundir “o lado bom” da tradição com “o melhor lado” da inovação. Identificando potenciais Cavalos de Tróia e definindo estratégias que permitam a todos os ”peões” (cavalos, bispos e torres incluídos) dar o seu contributo. Esta é uma visão colaborativa, na qual Rei e Rainha descem do seu pedestal e entendem a necessidade de um esforço colectivo.

Tal como um tabuleiro apresenta quatro lados, pode ser feito um paralelismo entre as competências fundamentais do jogador de xadrez e do colaborador intraempreendedor em quatro passos:

1) Visão estratégica: um hábil jogador de xadrez antecipa os movimentos dos adversários, planeando estrategicamente cada jogada; colaboradores empreendedores têm uma visão estratégica, antecipando desafios e identificando e explorando oportunidades para a empresa;

2) Capacidade de rápida adaptação: no xadrez, a habilidade de adaptação às mudanças no tabuleiro é crucial para se superarem desafios inesperados; os colaboradores empreendedores adaptam-se rapidamente às mudanças no ambiente empresarial, transformando os desafios em oportunidades:

3) Versatilidade e inovação: no xadrez, diferentes peças, tal como os cavalos, destacam-se pela versatilidade de movimentos, explorando diferentes trajectórias; os intraempreendedores são pessoas versáteis, explorando novas abordagens, nem sempre lineares, e trajectórias inovadoras para resolver problemas;

4) Coragem e audácia: no xadrez, um jogador corajoso arrisca, movendo as suas peças com audácia para ganhar vantagem; os intraempreendedores têm a coragem para desafiar o status quo, movendo- se com audácia para explorar novas ideias e abordagens.

É preciso encorajar as lideranças a encarar as organizações como tabuleiros vivos, nas quais cada movimento estratégico promove uma cultura intraempreendedora. Não esperemos sentados pelos Cavalos de Tróia. A liderança, qual mestre xadrezista, deve saber “preparar o terreno” (o tabuleiro) e orquestrar os movimentos estratégicos para optimizar o potencial de cada peça. Com possibilidades de movimentação diferentes, como na vida real, uns “mais a direito”, outros pelas “diagonais”, cada peça ocupará a sua posição e terá o seu papel.

O jogo do xadrez e o intraempreendedorismo entrelaçam-se como aliados indispensáveis. Ao adoptarem esta abordagem integrativa, as empresas tornam-se mestres na arte do crescimento sustentado, alicerçado na melhoria contínua, num registo de constante proactividade e ousadia.

Todos aos seus lugares e que comece a partida! E se… se começasse a ensinar a jogar xadrez, nas organizações?

 

Este artigo foi publicado na edição de Dezembro (nº. 156) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

Ler Mais