Markus Krammer, NFON: «A “cena tech” em Lisboa é absolutamente fervilhante e abre um mundo de perspectivas completamente novas

A pandemia veio colocar muitas coisas em perspectiva, não só para as empresas mas também para as pessoas, inclusive a um nível pessoal. Apesar da situação que desde Março de 2020 atinge a Europa, e o mundo, muitos houve que não baixaram os braços e não viraram costas a novos desafios. Markus Krammer é um desses exemplos. 

Por Sandra M. Pinto

 

O actual Managing Director do Centro de I&D da NFON em Portugal deixou o seu país natal em plena pandemia COVID-19. Desafiado a ocupar um novo cargo na capital portuguesa, não hesitou um segundo, como confessa em entrevista à Human Resources. Na companhia da família, embarcou numa viagem de carro que o trouxe da Alemanha até Lisboa. Quando lhe perguntamos se a mudança foi fácil não esconde que não. «Contudo, nada na vida vem gratuitamente ou sem sacrifícios e, se agora me perguntassem outra vez, a minha decisão seria a mesma», assegura.

 

O que o fez deixar a Alemanha e vir para Portugal?
Em primeiro lugar, Portugal é um país fantástico para explorar e para viver; em segundo lugar, estabelecer um centro de desenvolvimento de software naquele que é o Tech Hub da Europa é uma oportunidade incrível e, ao mesmo tempo, um grande desafio. Depois de alguns anos ao leme da estratégia e portefólio de produtos da NFON, senti-me extremamente motivado e preparado para esta mudança, no sentido de contribuir mais e com maior rapidez. Assim, quando a NFON me abordou com esta proposta, a resposta afirmativa surgiu naturalmente.

Foi uma decisão fácil?
Mudar para outro país no meio de uma pandemia global não é fácil. Além de ser num momento em que ainda não se conseguia prever as consequências finais, em termos de saúde e economia, era um país cuja língua não falava. Esta decisão implicou tirar a minha família da sua zona de conforto, deixar a escola, os amigos e os avós para trás, e trazê-la para Lisboa. Quando me pergunta se foi fácil, a resposta é não; contudo, nada na vida vem gratuitamente ou sem sacrifícios e, se agora me perguntassem outra vez, a minha decisão seria a mesma!

O que é que Portugal tem que o atraiu e que pode atrair outros profissionais a virem para cá trabalhar?
Portugal é um verdadeiro Tech Hub na Europa e fazer parte desta jornada com a NFON é inspirador e altamente motivante. Proporciona um ambiente de constante aprendizagem e, além disso, estamos a competir com os melhores da Europa – tudo isto torna Portugal bastante atrativo para mim! A “cena tech” em Lisboa é absolutamente fervilhante e abre um mundo de perspetivas completamente novas.

Optou por vir com a família numa viagem de carro. Como foi essa aventura?
Aventura é, de facto, a palavra certa! Como não podíamos voar para Lisboa, decidimos viajar de carro. Assim, isto envolveu conduzir 2 800 quilómetros, com os números da Covid a subir em toda a Europa. Foi cansativo mas foi também uma experiência fantástica enquanto família. Tínhamos acabado de entregar o nosso apartamento na Alemanha e de colocar todos os nossos pertences num contentor, e damos por nós a viajar juntos durante cerca de dez dias. Embora as circunstâncias não fossem ideais, com todas as preocupações e medidas de segurança implementadas, foi uma jornada incrível.

Tivemos a oportunidade de visitar alguns lugares espetaculares, que foram boas pausas entre todo o tempo passado ao volante. No final de Agosto, chegámos a Lisboa e começou uma nova parte da aventura: instalarmo-nos no nosso novo apartamento, preparar as minhas filhas para começarem na escola, e preparar-me a mim para começar a trabalhar. Depois de tudo, diria que esta é uma experiência que nunca vamos esquecer e estamos muito felizes por termos decidido embarcar juntos nesta jornada.

Tudo em época de pandemia. O que encontrou de diferente nas pessoas que se foram cruzando convosco?
O impacto e os procedimentos decorrentes da pandemia são semelhantes para toda a gente e em todo lado, por exemplo, as medidas de confinamento, o teletrabalho, as aulas em casa, a redução dos contactos sociais… Contudo, a adopção destas medidas e o comportamento das pessoas são diferentes. Na minha opinião, os portugueses, apesar da sua proximidade social, são muito disciplinados e conscientes, e as pessoas com quem nos fomos cruzando, quer a nível profissional, quer a nível pessoal, foram sempre muito acolhedoras, atenciosas e cuidadosas.

Veio liderar as operações da NFON em Portugal. Como tem corrido a implementação do centro?
A implementação do centro está a correr bastante bem. Temos como objectivo ter uma equipa de 30 pessoas até ao final do ano e estamos a dar grandes passos nesse sentido. O nosso escritório, no centro de Lisboa, já está acabado e estou muito contente com o resultado final. Planeamos fazer a inauguração oficial em Maio, se as circunstâncias assim o permitirem.

Qual é exactamente a actividade a que se dedicam?
No Centro de I&D em Lisboa, contribuímos para a melhoria contínua do portefólio de produtos baseados na cloud da NFON AG. Isto inclui, por exemplo, o nosso produto core Cloudya, o sistema de telefones e comunicações na nuvem, e uma gama de soluções premium, com novos recursos, melhor usabilidade e maior funcionalidade.

Que desafios inesperados encontrou para pôr a empresa a funcionar?
Na Alemanha, é sempre tudo muito rápido e, à medida que avançamos para sul, o ritmo muda completamente. As pessoas tendem a levar o seu tempo aqui, o que, no início, foi desafiante, ao tentarmos começar a planear o escritório, por exemplo, e mesmo a tratar de assuntos pessoais, como a renovação do nosso apartamento. Mas está tudo bem e esta foi mais uma excelente oportunidade de aprendizagem.

Qual o perfil ou perfis dos profissionais que trabalham consigo?
A maior parte da equipa é composta por Front-end Developers, Back-end Developers e QA Engineers. Tivemos muita sorte por termos pessoas altamente talentosas, motivadas e experientes a juntarem-se a nós para lançar o centro em Portugal. Além das suas excelentes competências técnicas, os nossos profissionais são verdadeiros team players, são audazes e inteligentes, e têm muita vontade de se envolver nos processos, o que é fundamental quando estamos a construir uma nova operação, num novo país.

Quantos colaboradores têm neste momento?
Até ao momento, temos uma equipa de doze pessoas.

Todos portugueses?
Sim, para já, são todos portugueses. Vamos agora receber os primeiros colegas de outras nacionalidades.

Planeiam continuar a recrutar? Que perfis?
Pretendemos ter uma equipa com 30 pessoas até ao final do ano. Estamos à procura dos melhores talentos de cloud, mais especificamente, Front-end Engineers, Back-end Engineers, Quality Assurance Engineers e SIP Voice Engineers. Procuramos pessoas com uma proporção elevada de licenciados em matemática, ciências da computação, ciências naturais e tecnologia, e uma integração muito boa e ampla da língua inglesa. Pessoas motivadas para desenvolver o potencial de comunicação na nuvem e fazer parte de grandes projectos internacionais. Os profissionais devem ter experiência nas áreas de Front-end, Back-end, QA, PHP e código no geral.

Regressar à Alemanha está nos seus planos?
Vim para Lisboa com a minha família, cheio de energia e motivação para fazer disto um sucesso. Não há tempo nem espaço para ficar a pensar em planos de voltar. Este papel é um desafio todos os dias, um desafio que abracei completamente. Dou o meu melhor para ter o privilégio de estar aqui, no centro da ação tecnológica.

Como encara o futuro da empresa no pós-pandemia e que desafios identifica relacionados, por exemplo, com os Recursos Humanos?
De um modo geral, o local de trabalho tradicional deixou de existir. É imperativa a mudança: é importante ser mais eficiente e flexível, mas também otimizar a comunicação nos negócios e empresas. É triste que tenha sido a Covid-19 a mostrar-nos estas novas formas de trabalhar, mas, neste caso, todos sabemos que já não é possível voltar aos mesmos modelos a que estávamos habituados há décadas. Na NFON, estamos bastante optimistas em relação ao futuro, extremamente motivados, e cheios de vontade de voltarmos a reunir a equipa para unir esforços e enfrentar juntos todos os desafios incríveis que temos pela frente.

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