Nuno Gonçalo Simões, PwC. «Estamos a assistir a uma clara tendência de mudança»

Nuno Gonçalo Simões, director de Capital Humano da PwC, acredita que «ter empresas em Portugal a testarem a semana de quatro dias e regimes flexíveis que oferecem a possibilidade de fins-de-semanas começarem às sextas-feiras à tarde são a prova de que algo está a acontecer no mercado de trabalho». Leia a sua análise aos resultados do XXXVII Barómetro Human Resources.

 

«O mercado de trabalho está a mudar? Ao olharmos para os resultados deste barómetro, penso que conseguimos perceber que existe realmente uma clara tendência de mudança. Praticamente a totalidade dos inquiridos considera que as empresas vão apostar em modelos híbridos (somente 7,5% dizem o contrário), contudo não deixa de ser interessante que 56% refiram que a mudança será feita não porque traz vantagens em relação ao modelo presencial, mas sim porque são os profissionais que o exigem e também porque será um factor de atracção e retenção de talento. Possivelmente, a resistência que 77% dos inquiridos está a sentir por parte dos profissionais no regresso ao escritório é um dos factores a contribuir para essa visão.

É importante que as decisões das organizações sejam tomadas com base no interesse das suas pessoas e a pensarem na atractibilidade futura, num mercado com cada vez maiores dificuldades em recrutar talento, sobretudo no sector tecnológico. Aqui, o alinhamento entre os profissionais de Recursos Humanos e os CEO, demonstrado na maioria das respostas, será fundamental para que se possam construir soluções sustentáveis, que consigam conciliar os interesses das pessoas e dos negócios.

Fica, contudo, claro (66% das respostas) que o modelo de teletrabalho não poderá ser aplicado em todas as situações. A disrupção na forma de trabalho em Portugal é uma certeza para os profissionais de Recursos Humanos, ainda que de forma gradual, influenciada pelos avanços e recuos da situação pandémica em que vivemos, e pela necessidade de se avaliarem os resultados das medidas implementadas. Como grande exemplo desta tendência de mudança temos o facto de, hoje, falarmos cada vez mais em modelos de trabalho híbridos, e não em assumirmos que o padrão será as empresas voltarem a um regime 100% presencial.

Termos empresas em Portugal a testarem a semana de quatro dias e regimes flexíveis que oferecem a possibilidade de fins-de-semanas começarem às sextas-feiras à tarde são a prova de que algo está a acontecer no mercado de trabalho. Estes factores poderão ditar a diferenciação no que concerne à atracção, retenção e bem-estar dos profissionais, ao impulsionarem outras organizações a seguirem esse mesmo caminho.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Agosto (nº. 128) da Human Resources, no âmbito da XXXVII edição do seu Barómetro.

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