
Quer melhorar a sua saúde mental? Experimente o “journaling”. Só precisa de 10 minutos, um papel e uma caneta
Se anda a sentir-se mais ansioso, deprimido e “agressivo”, há uma técnica que pode melhorar a sua saúde mental, o autoconhecimento e até aumentar a auto-estima.
O conceito de “journaling” não é novo, mas segundo uma reportagem da CNN Portugal, adoptar esta técnica pode ser benéfica para aprender a lidar melhor com estes sentimentos e promover a saúde mental, nomeadamente na reorganização e desconstrução de pensamentos negativos.
No fundo, consiste «em focar no presente e olhar para dentro, acedendo às emoções, dúvidas, medos, vivências», e, a partir daí, é passar tudo para o papel, explica a psicóloga Débora Bento Correia.
Apesar de ter um diário ser uma prática milenar, para que a técnica funcione é preciso deixar-se levar «sem filtros», alerta a psicóloga Jordana Cardoso. Isso significa que as pessoas não devem estar preocupadas com a gramática, sintaxe ou com receios que alguém possa ler, sublinha. «É uma escrita livre, desprendida de preconceitos e com alguma distância da voz crítica interna.».
Na prática não há regras. Pode tirar uns minutos do dia para escrever livremente sobre qualquer assunto, ou se preferir seguir alguma orientação, pode responder a questões como: «Qual o desafio que me afecta? Como vejo esse desafio? Que emoções tenho perante certos acontecimentos?». Também pode procurar pensar sobre assuntos mais positivos como «O que me deixou feliz hoje? Sou grato por…».
Para perceber qual a evolução ao longo do tempo, ter um ou vários cadernos constitui uma mais-valia, avançam as especialistas. Ao reler textos antigos, com relativa distância e outra perspectiva, ajudará a identificar as mudanças no comportamento, na maneira de ser, estar e pensar e olhar para certos acontecimentos do passado.
Numa rotina diária marcada por momentos e pensamentos repetitivos, o “journaling” pode contribuir para reorganizar o que ocorre à nossa volta, já que passamos para o papel o que nos atormenta e preocupa. Permite-nos inclusivamente identificar pensamentos negativos, e dar oportunidade de os resolver, destaca Débora Bento Correia.
Esta pode ser também uma boa técnica para ganhar um maior conhecimento pessoal. Permite conhecer as «vulnerabilidades e fragilidades», mas também «as potencialidades e forças», promovendo o autoconhecimento e, consequentemente, levando a um aumento da autoestima. Segundo a especialista, a prática recorrente desta actividade motiva a que se encontrem respostas para as dúvidas e soluções para os problemas, de forma autónoma.
As especialistas alertam para a importância de esta técnica ser feita com alguma regularidade, para alcançar maiores benefícios, aconselhando cerca de 10 a 15 minutos por dia. Se tal não for possível, recomendam a prática durante cerca de dois a quatro dias por semana.