Inteligência artificial: A redefinição do papel do gestor de pessoas
A inteligência artificial desempenha um papel cada vez mais crucial nos processos empresariais, e também na Gestão das Pessoas. A questão que se coloca é se a IA pode colocar em risco a relevância dos gestores de Pessoas, ou se ela redefine o seu papel.
Por Elsa Carvalho, head of Business Development da WTW
A inteligência artificial (IA), longe de ser uma ameaça, deverá ser vista como uma ferramenta valiosa pela sua capacidade de automatizar tarefas rotineiras e repetitivas, permitindo que os gestores direccionem a sua atenção para actividades mais estratégicas e de maior valor. Adicionalmente, oferece insights valiosos sobre o desempenho dos colaboradores, sobre as suas necessidades e preferências, possibilitando aos gestores tomarem decisões mais informadas, personalizadas e impactantes.
Assim, a IA não substitui de todo o papel humano na gestão das pessoas, mas vem redefini-lo, permitindo uma maior concentração na gestão de emoções e propósito do que em processos operacionais.
Nesta mudança, destaco a importância das chamadas human skills. As human skills, envolvendo relações interpessoais, empatia e liderança, são cada vez mais críticas e fundamentais na gestão. Deste modo, é aqui que a verdadeira conexão humana encontra o seu espaço. Assim, se os algoritmos são preditivos, a componente relacional, o toque humano e as emoções geradas não parecem, para já, ser totalmente programáveis.
No cenário actual, onde o digital e o físico não são só complementares, mas parecem caminhar numa intensa simbiose, a gestão das pessoas tem espaço para evoluir para uma nova era de compreensão emocional, relacionamento interpessoal e propósito partilhado. O gestor de Pessoas é fundamental para lidar com questões complexas e delicadas em contextos onde é necessário um toque humano, como conflitos interpessoais, bem-estar emocional e decisões éticas.
Se pensarmos na Filosofia de Epicuro e na procura da felicidade, onde equilíbrio, liberdade e tempo eram variáveis críticas, a verdadeira felicidade resulta da qualidade de vida percepcionada. Deste modo, poderá a IA ser uma aliada nas nossas vidas para uma percepção de maior felicidade, ao permitir libertar tempo para actividades mais significativas?
Nesta nossa caminhada, onde vamos reflectindo sobre o significado da vida, a busca pela felicidade e a importância do equilíbrio nas escolhas que fazemos, termino igualmente com Epicuro: «Não é o homem que tem muito, mas o homem que aprecia o que tem, que é verdadeiramente rico.»
Este artigo foi publicado na edição de Dezembro (nº. 156) da Human Resources, nas bancas.
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