
A sustentabilidade do futuro do trabalho: O atleta corporativo
A transformação do mundo do trabalho a uma velocidade vertiginosa promete um futuro tanto emocionante quanto desafiador, apresentando novas oportunidades, mas também obstáculos a serem superados. Neste futuro, os colaboradores devem evoluir para verdadeiros atletas corporativos, preparados para enfrentar desafios constantes com agilidade e resiliência.
Por Marco Neves, Managing partner da Next Leader. Autor, palestrante, mentor executivo, e Instrutor Avançado da Oxygen Advantage®
Impulsionada pela inteligência artificial e automação, pela crescente adopção de modelos de trabalho remoto e híbrido, pela ênfase na sustentabilidade, pelo envelhecimento da população, pela diversificação da força de trabalho, bem como pela globalização e pelos conflitos em curso, as dinâmicas do futuro do trabalho serão continuamente redefinidas.
Para prosperar neste cenário, é fundamental estabelecer uma cultura organizacional resiliente, que promova um desempenho sustentado e eficaz sob a pressão das mudanças constantes. Embora ambicioso, este objectivo é crucial para o sucesso contínuo das organizações.
Este objectivo, no entanto, permanece incrivelmente elusivo. A crescente pressão para manter um ritmo elevado, gerir equipas diversificadas, alcançar metas ambiciosas e estar disponíveis longas horas por dia leva muitos colaboradores ao extremo. O resultado: problemas de saúde psicológica no trabalho em Portugal a custarem 5,3 mil milhões de euros por ano (1), 31,9% dos trabalhadores a relatarem stress constante (2), e 23% a sentirem-se fatigados (3).
Actividades de endurance
O futuro do trabalho, apesar de emocionante e desafiador, exige uma abordagem sistemática e holística das organizações. Para começar, é essencial reconhecer que a liderança, a gestão de equipas e projectos, e a gestão de conhecimento são actividades de endurance. Diariamente, as pessoas precisam de actuar em níveis altamente competitivos sob intensa pressão, mantendo um desempenho extraordinário ao longo de uma carreira de várias décadas.
Pensar a longo prazo é crucial. Precisamos de desenvolver a nossa endurance e longevidade cognitiva, gerindo a nossa energia em torno dos nossos ritmos de trabalho, descanso e desempenho máximo.
O pentágono de performance
Neste contexto, podemos aplicar valiosas lições do mundo do desporto. Assim como os atletas alternam entre treinos intensos e períodos de descanso, os colaboradores devem encontrar um equilíbrio entre momentos de alta produtividade e práticas regenerativas para alcançar resultados sustentáveis. Podemos e devemos ver os colaboradores não apenas como funcionários, mas como “atletas corporativos” (4), para garantir o equilíbrio de bem-estar dos mesmos e a produtividade das organizações.
Uma abordagem inovadora, o Pentágono de Performance, baseia-se no conceito de Atleta Corporativo (5). Este conceito aplica princípios do desporto para optimizar o desempenho no ambiente empresarial. Tal como os atletas profissionais, os atletas corporativos devem utilizar técnicas de gestão de energia para equilibrar períodos de trabalho intenso com recuperação adequada, prevenindo o burnout e promovendo a longevidade cognitiva.
Este modelo reconhece a complexidade do desempenho humano e abrange as quatro dimensões de energia de Jim Loehr e Tony Schwartz – o corpo, a mente, as emoções e o espiritual –, acrescentando uma quinta dimensão crucial: a social.
Cada uma das cinco dimensões é essencial; nenhuma delas é suficiente isoladamente e todas estão profundamente interligadas. Ao abordar estas dimensões de forma holística, as organizações podem ajudar os colaboradores a alcançar o seu pleno potencial e a manter um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional.
A fundação do Pentágono de Performance é a nossa energia física, que sustenta todas as outras formas de energia. É sobre este aspecto que nos iremos debruçar neste artigo.
A produção de energia
A nossa energia física é a base da nossa força, resiliência e resistência, com a glicose oxigenada fluindo através de milhares de quilómetros de vasos sanguíneos. Para optimizar o nosso desempenho físico e mental, é essencial compreender como o cérebro e o corpo produzem, gerem e renovam energia.
Quando questionadas sobre a fonte primária da nossa energia, a maioria das pessoas acerta parcialmente: o corpo é um sistema complexo que converte alimentos em energia para nos manter vivos. Embora a alimentação, o exercício físico e o sono sejam temas amplamente trabalhados de forma sustentável nas diversas instituições e organizações, muitas vezes esquecemo-nos de um elemento crucial para a produção de energia – o ar que respiramos!
Para criar energia, os combustíveis biológicos são oxidados pelo oxigénio a nível celular para produzir adenosina trifosfato (ATP), que contém energia, libertando subprodutos como dióxido de carbono. Em termos simples, o oxigénio inalado do ar que respiramos afecta directamente a energia disponível para os músculos e o cérebro realizarem actividades físicas e mentais.
Considerando que um adulto em repouso respira, em média, 20 a 25 mil vezes por dia, com este ar a circular por cerca de nove mil a 19 mil quilómetros de vasos sanguíneos para fornecer energia ao corpo e ao cérebro, estamos claramente a falar do potencial energético a ser criado. Infelizmente, ao longo das décadas, perdemos a capacidade de respirar correctamente. A pressão constante, a sobrecarga de trabalho e a conectividade 24/7 levaram a situações de stress e ansiedade, incapacidade de focar e burnout. Como resultado, a nossa respiração tornou-se disfuncional e os nossos níveis de energia entraram numa espiral descendente.
Leia o artigo na íntegra na edição de Fevereiro (nº. 170) da Human Resources, nas bancas.
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