
A Gestão de Pessoas está em transformação
Nos últimos anos, assistimos a uma transformação sistémica na forma como se procedem os processos de recrutamento, moldados pela intersecção entre avanços tecnológicos, mudanças culturais e um dever crescente de preocupação com questões de ordem social, como a diversidade e a inclusão. Este cenário em constante evolução está a redefinir a maneira como as organizações atraem e retêm talento, sendo que uma gestão adequada do recrutamento deverá ser o espelho dessa evolução.
Por Marco Arroz, National Senior manager de Recrutamento e Selecção Especializado na Multipessoal
Apesar de diferentes formas de realizar um processo de recrutamento, o objectivo comum passa pela escolha de candidatos com os desempenhos mais adequados nas entrevistas de emprego no que concerne às atitudes, comportamentos, experiência e competências requeridas para a função e para a organização. Temos igualmente vindo a assistir ao fenómeno do “Candidate Lead” o qual está em ascensão, com candidatos a assumirem a proactividade de definir critérios e escolher a empresa ideal para impulsionar o seu desenvolvimento profissional.
Neste sentido, em contexto de entrevista, o candidato também avalia a empresa, procurando entender se os seus valores se alinham com os da organização. Desta forma, é imprescindível que a empresa recrutadora tenha atenção em configurar um bom employer branding de modo a criar uma imagem positiva de si mesma, aumentando a probabilidade de atrair candidatos alinhados com os seus valores e adequados às suas necessidades.
A evolução tecnológica trouxe uma maior facilidade na apresentação de candidaturas a emprego junto das empresas. Não se pode deixar de referir a importância que o LinkedIn tem assumido em processos de recrutamento, inicialmente orientado para perfis de middle e top management, mas actualmente mais abrangente a (quase) todas as tipologias de funções do mercado de trabalho.
Embora o currículo continue a ser um documento fundamental na procura por emprego, o LinkedIn tornou-se uma ferramenta indispensável para complementar a apresentação profissional e atrair a atenção de recrutadores e empresas. Por outro lado, esta plataforma permite a promoção do employer branding das organizações, sendo igualmente uma ferramenta importante para as próprias empresas recrutadoras.
No processo de recrutamento, os focos têm-se variado: se por um lado, a experiência e o trabalho anterior classifica objectivamente as capacidades da pessoa que se candidata, noutra perspectiva interessa conhecer as soft skills altamente valorizadas num contexto proactivo de convivência profissional. Efectivamente, questões como a comunicação, proactividade, escuta activa, adaptação, entre tantas outras, assumem um peso considerável no momento da selecção.
O trabalho à distância abriu às empresas a oportunidade de recrutar “sem fronteiras”, possibilitando conhecer profissionais estrangeiros que correspondem aos objectivos pretendidos, contemplando a índole globalista da nossa sociedade contemporânea. Esta é mais uma das tendências actuais no recrutamento bastante evidente em determinadas áreas profissionais, nomeadamente tecnológicas.
Em suma, todos merecem um emprego em que se sintam felizes, valorizados e competentes, e os Recursos Humanos reconhecem que se deverá estabelecer uma fusão coerente entre as qualidades profissionais e sociais de cada candidato e o contexto real da organização e suas necessidades.
Mais do que nunca, no Dia Internacional dos Recursos Humanos, este é o dia de se reflectir sobre estas tendências e sobre a sua importância nos processos de recrutamento e de selecção. Deveremos repensar os modelos tradicionais de recrutamento e selecção, criar oportunidades de trabalho que valorizem o bem-estar e o desenvolvimento dos colaboradores (actuais e potenciais) e construir um futuro do trabalho mais justo, inclusivo e próspero para todos. Um enorme desafio em que os Recursos Humanos assumem um papel fundamental.