A transformação digital na aprendizagem e os desafios na capacitação do talento

A Axians promoveu a iniciativa “Swipe to digital learning”, com o objectivo de reflectir sobre o futuro na área da capacitação do talento. Apresentou três grandes tendências e convidou especialistas da área da formação de quatro grandes empresas para partilharem a sua visão e os seus principais desafios.

 

Por Tânia Reis

 

A pandemia veio transformar uma compassada caminhada de transição digital numa corrida na qual actualmente nenhuma empresa se pode dar ao luxo de desistir antes da meta final. Hoje, é impensável trabalharmos, colaborarmos e interagirmos sem o uso da tecnologia, e esta realidade trouxe enormes desafios, nomeadamente no que diz respeito à capacitação do talento, com implicações directas nas áreas de aprendizagem e desenvolvimento humano nas organizações. Com a escassez de talento e a cada vez mais rápida desadequação das competências, torna-se fundamental as empresas não descurarem este tema.

Dotar os colaboradores com as competências necessárias para que usem a tecnologia de forma eficiente e eficaz é condição imprescindível para que as organizações se mantenham competitivas e não fiquem para trás neste mundo que já não se diz que é VUCA, mas antes BANI – Brittle, Anxious, Nonlinear and Incomprehensible.

Consciente destes desafios, a Axians realizou recentemente, nas suas instalações em Lisboa, a iniciativa “Swipe to digital learning – The Future in our hands”, para promover uma reflexão sobre a capacitação do talento nas organizações. Começou por apresentar três grandes tendências – learning in the flow of work, immersive learning – extended reality e adaptive learning.

 

Learning in the flow of work
«Se a forma como trabalhamos mudou nos últimos dois anos, também a forma como aprendemos evoluiu» afirmou George Pereira, manager na Axians, Corporate Learning head of portuguese market, na sua apresentação. Destacou que, actualmente, 80% do nosso tempo é passado online, pelo que faz todo o sentido que a formação dos colaboradores seja adaptada a esta realidade e faça parte do fluxo de trabalho. «Este novo conceito prevê o acesso ao conhecimento de modo simples, acessível e rápido. Isto significa que os conteúdos são apresentados em formatos reduzidos e curtos – de dois a cinco minutos – e disponibilizados aos colaboradores nas plataformas com que trabalham diariamente, à distância de um clique, após receberem uma notificação », concretizou.

Este método implica algum tipo de curadoria, já que os conteúdos partilhados têm de fazer sentido para a organização, e a criação de um “caminho de aprendizagem” para que os colaboradores se sintam envolvidos e participem nos programas formativos. Este novo formato tem conteúdos baseados em casos práticos que são enviados directamente para o dispositivo dos formandos, para que acedam diariamente por curtos períodos de tempo, sendo que a empresa pode, posteriormente, medir as mudanças de comportamento.

 

Immersive Learning – Extended reality
Teresa Santos, manager na Axians e head of Corporate Learning, destacou uma outra tendência, começando por afirmar que «é impossível falar de aprendizagem imersiva sem falar de realidade alargada ». Esta inclui a realidade virtual, a realidade aumentada, a realidade mista e hologramas, tecnologias que simulam o mundo real através de conteúdos digitais com os quais podemos interagir. «A verdade é que a realidade alargada já faz parte do nosso dia-a-dia, muitas vezes sem nos apercebermos, bastando para tal irmos a um museu ou a um restaurante », exemplificou.

No contexto corporativo, a realidade alargada pode ser usada em inúmeros contextos e com enormes vantagens, nomeadamente ao nível da motivação, da «velocidade» de aprendizagem e da retenção de conhecimento. No acolhimento de novos colaboradores, por exemplo, pode permitir conhecer melhor a organização, a forma como operam e até os próprios clientes, e pode também acelerar a aprendizagem em temas mais técnicos e complexos. Na formação de liderança, este método poderá revelar-se útil na preparação de entrevistas mais difíceis ou momentos mais delicados.

A responsável constatou que, «apesar de estarmos a dar os primeiros passos em Portugal, já muitas empresas começam a apostar no metaverso. Através dos seus avatares, colaboradores trabalham, reúnem com clientes, assistem a conferências, socializam e interagem num escritório 3D.»

 

Adaptive Learning
Seguiu-se a intervenção de Raúl Denominato, manager na Axians e Corporate Learning head of african market, que acredita que a aprendizagem adaptada – que «já não é nova» – está a ganhar força. «Actualmente, já não nos sentamos em casa a ver televisão, vemos o que queremos, onde e quando queremos. Isso aplica-se ao café que bebemos, à música que ouvimos ou ao automóvel que escolhemos. Se é assim em todas as esferas das nossas vidas, porque há-de a formação ser diferente?»

Em oposição à formação em sala, com conteúdos iguais para todos, a aprendizagem adaptada é personalizada, ou seja, vai ao encontro das necessidades e preferências dos formandos, disponibilizando feedback em tempo real.

Raúl Denominato ressalvou que «se é importante que a empresa disponibilize formação adaptada às necessidades do colaborador, é fundamental que este procure e esteja disponível para aprendizagem à medida. Essa motivação pode ser alcançada com experiências de aprendizagem imersivas, através de módulos curtos e flexíveis e que sigam algumas das práticas das redes sociais, como as comunidades, o feedback imediato, entre outras.»

Também o tema da curadoria ganha aqui relevância. Numa realidade em que muitas organizações apostam em catálogos de conteúdos generalistas nas suas plataformas, é importante perceber o que faz sentido e seleccionar os mais adequados. Até porque daí conseguirá extrair os tão almejados KPI [key performance indicators] para recolha e tratamento de informação e tomada de decisão.

«É expectável que, daqui a 8-10 anos, a aprendizagem seja feita através de plataformas que suportem a formação adaptada», concluiu o responsável.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Julho (n.º 139) da Human Resources.

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