Aprender a brincar mas de forma séria

Resolução de problemas, inovação e estratégia são algumas das áreas de aplicação da Lego® Serious Play®, tornando-se particularmente útil para lidar com os desafios reais das organizações, em tempo real, num contexto de complexidade – para a construção de uma “prática emergente”.

 

Por Rita Pelica, fundadora da OnYou

 

Trata-se de uma metodologia de facilitação com cerca de 20 anos, nascida no reino da Dinamarca. E, do ponto de vista da área de Recursos Humanos, são várias as possibilidades de intervenção da Lego® Serious Play®: comunicação (interna e externa); cultura organizacional; employer branding; employee experience (recrutamento e selecção/atracção e retenção de talento/ onboarding) ou gestão de equipas (building teams), para dar apenas alguns exemplos.

O seu potencial é imenso e o mercado português parece deslumbrado com a metodologia. É “sexy” e emocional! Mas exige seriedade e profissionalismo, porque brincar com Lego todos nós somos capazes… Facilitar uma sessão de Lego® Serious Play® exige competências de facilitação, a aprendizagem de um processo e a utilização de várias técnicas.

A Association of Master Trainers of Lego® Serious Play® é a única entidade que certifica profissionais em todas as técnicas da metodologia. O método assenta no conceito de “aprender, a brincar” (learning by playing) mas de “forma séria” (serious playing), garantindo o flow dos participantes (Mihály Csíkszentmihályi) – através da construção de histórias (storybuilding) e da sua partilha (storytelling).

Esta ferramenta é muito democrática na condução de reuniões/ dinâmicas de grupo, baseando-se num estilo de liderança participativa: todos participam no processo – contando as suas histórias metaforizadas e ouvindo todas as histórias dos outros (escuta activa). Há um foco evidente nos conceitos de comunicação, inteligência colectiva e de economia colaborativa, pois os modelos base individuais servirão depois para a construção de modelos partilhados.
E é aqui que entra o design thinking: das ideias (imaginação) à acção (criatividade– sob a forma de protótipos), terminado em co-criação.

Importa então definir com clareza o que é facilitar, pois não é treinar, ensinar, fazer coaching ou mentoria. Facilitar é desempenhar um papel imparcial (isento), facilitando a eficácia numa dinâmica de grupo. Um facilitador é um orientador de processo, por forma a conseguir uma relação directa entre participação e resultados.

Ser facilitador requer competências, conduta e compromisso. A IAF Global (International Association of Facilitators) tem, desde 2017, uma representação em Portugal e apresenta como competências-chave do facilitador as seguintes: criar relações de parceria com o cliente; organizar processos de grupo, criar e sustentar um ambiente participativo, orientar o grupo para resultados úteis e sustentados, actualizar e manter o conhecimento profissional e modelar uma atitude profissional positiva.

Com ou sem Lego® Serious Play®, a prática da facilitação tem de ser profissionalizada. Muito mais do que ser
uma metodologia divertida, Lego® Serious Play® impacta pessoas e produz conteúdo (conhecimento) relevante para as equipas e organizações, porque coloca as pessoas no centro do processo de decisão, promovendo a auto-reflexão e o espírito crítico individual como ponto de partida para a colaboração (trabalho em equipa).

 

Este artigo foi publicado na edição de Novembro da Human Resources.

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