Catarina Tendeiro, Hovione: Um contexto que requer cada vez mais competências estratégicas dos gestores de Pessoas

No seu comentário à LVII edição do Barómetro Human Resources, Catarina Tendeiro, senior director de Recursos Humanos da Hovione, defende que «o papel do gestor de Pessoas é mais crítico do que nunca no sentido de ajudar a implementar as estratégias certas de desenvolvimento e de aquisição e retenção das competências críticas para a sustentabilidade do negócio».

 

«No cenário actual, o papel do gestor de Pessoas tornou- se mais estratégico e transformacional, assumindo uma influência crescente nas organizações. Este novo paradigma exige que os gestores de Recursos Humanos não façam apenas a gestão de processos, mas também liderem mudanças significativas que impactam directamente a competitividade e a sustentabilidade das empresas.

Um dos desafios mais prementes é a contratação de perfis externos requalificados. De acordo com as respostas ao barómetro, 76% dos entrevistados afirmam que será necessário procurar talentos fora da organização para suprir lacunas de competências. Este dado reflecte a crescente complexidade do mercado de trabalho e a necessidade de capacidades especializadas que muitas vezes não estão disponíveis internamente.

Além disso, a evolução dos perfis de competências é uma prioridade para muitas organizações, que procuram fazer face aos crescentes desafios do negócio. Enquanto 64% dos gestores afirmam estar a desenvolver novas competências internamente, 32% ainda procuram talentos fora da empresa. Este equilíbrio entre desenvolvimento interno e recrutamento externo é fundamental para manter a agilidade e a adaptabilidade das empresas num mercado em constante mudança.

Se a requalificação e o desenvolvimento internos de competências já é desafiante, e requer muito investimento, a escassez de talento nos mercados é neste momento um dos desafios mais persistentes. Como exemplos, falemos da imigração e da preparação dos jovens para o mercado de trabalho.

A imigração desempenha um papel crucial no mercado de trabalho, mas especialmente para funções indiferenciadas. O crescimento da imigração tem sido uma resposta natural à escassez de mão-de-obra em sectores que exigem menos qualificação formal. Quanto aos jovens, apenas uma minoria sai das universidades pronta para enfrentar os desafios profissionais, com 55% dos inquiridos a afirmarem que os recém-formados não estão adequadamente preparados. Este dado sublinha a necessidade de uma maior colaboração entre o sector educacional e as empresas para garantir que os currículos académicos estejam alinhados com as exigências do mercado.

Com a introdução de IA é natural que algumas tarefas sejam substituídas e que haja menos necessidade de contratação permanente para certas funções – nesse caso, 36% dizem que é expectável uma mudança dos modelos de contratação passando para ser baseada em projectos.

Em conclusão, o papel do gestor de Pessoas é mais crítico do que nunca no sentido de ajudar a implementar as estratégias certas de desenvolvimento e de aquisição e retenção das competências críticas para a sustentabilidade do negócio. A capacidade de liderar transformações organizacionais é crucial e define o sucesso das empresas no ambiente competitivo actual. A imigração, a requalificação de perfis e a preparação dos jovens são apenas alguns dos elementos que compõem este complexo mosaico, e cabe aos gestores de Pessoas navegar com eficácia por este cenário dinâmico em que não existe uma resposta única para cada desafio.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de de Fevereiro (nº. 170) da Human Resources, no âmbito da LVII edição do seu Barómetro.

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