Como adoptar a abordagem de Steve Jobs ao bem-estar no local de trabalho

A autora de “Pause. Breathe. Choose. Become the CEO of Your Well-Being” identifica quatro abordagens para ajudar a promover o bem-estar dos profissionais, de forma holística.

Steve Jobs foi o primeiro patrão e mentor de Naz Beheshti, coach de bem-estar executivo. Era também conhecido por ser um workaholic extremo com alguns hábitos de saúde peculiares, que alegadamente incluíam jejum extremo e até mesmo dietas só de fruta ou só de cenoura. Mas Naz Beheshti dá-lhe valor por lhe ter mostrado a importância de dar prioridade ao bem-estar e por a colocar na sua actual trajectória de carreira. Hoje, através da sua firma, Prananaz – nome que é uma combinação de “prana”, a palavra sânscrita para “energia vital”, e o seu nome – é consultora para empresas da Fortune 500, ajudando-as a criar programas de bem-estar para as suas equipas. É também autora do livro, “Pause. Breathe. Choose. Become the CEO of Your Well-Being”.

Tanto no livro como na sua prática, Naz Beheshti concentra-se em práticas holísticas enraizadas no que aprendeu com Jobs e desenvolvidas a partir de anos de estudo e consultoria própria. São estas as suas quatro abordagens:

1. Opte por fazer algo que ama todos os dias
Naz Beheshti diz que passar o tempo a fazer coisas que gostamos é essencial para o bem-estar. Se gostamos do nosso trabalho, horários mais longos não são necessariamente uma coisa negativa, porque estamos envolvidos e sentimo-nos realizados pelo que estamos a fazer, diz ela. «Steve adorava o trabalho. E eu, quando comecei a minha empresa, também trabalhava muitas horas e não me sentia esgotada.»

Mas «nem todos adoram o que fazem», admite. Nesse caso, fazer um esforço consciente para integrar mais do que aquilo que se gosta ao longo do dia pode ajudar ao bem-estar e reduzir o stress negativo. «Escolham algo que vos faça sentirem-se bem diariamente. Comecem pequeno e vão avançando. Encarreguem-se da vossa vida investindo em vós próprios e programando esse tempo no vosso calendário», aconselha.

 

2. Nem todo o stress é prejudicial
O stress é frequentemente vilipendiado – e com razão, porque pode prejudicar a nossa saúde. Mas, com alguma prudência e mudanças de comportamento, Naz Beheshti afirma que podemos reenquadrar o stress e compreendê-lo melhor. «Uma vez entendido o tipo de stress que se enfrenta, é possível identificar os verdadeiros factores de stress e a sua fonte, e tomar medidas para atenuar ou até evitar o stress perigoso, abraçando o stress desejável.»

Mas o que é isto de stress desejável? Segundo Naz Beheshti, há três tipos de stress: agudo, crónico e desesperado. O stress agudo é o stress quotidiano que sentimos e que nos motiva em situações desafiantes ou perigosas. É essencialmente a sua resposta “lutar ou fugir”. O stress crónico é aquele stress perigoso, implacável, que faz as pessoas sentirem-se desesperadas ou deprimidas. E o desânimo é «uma experiência momentânea de bem-estar enquanto lutamos por novos objectivos, dando-nos a energia para actuar com eficácia», esclarece no livro.

Para melhor gerir o stress e evitar o stress crónico, Naz Beheshti ensina aos seus clientes uma abordagem em três etapas:

Passo 1. Identificar o tipo de stress que estão a sentir e quais as suas causas. Sejam específicos.

Passo 2. Concentrar-se nas opções e oportunidades. O que podem fazer agora ou no futuro para mudarem a vossa mentalidade e comportamento para melhor lidar com ou eliminar os factores de stress ou os vossos sentimentos sobre eles?

Passo 3. Façam um plano para agir e sigam-no.

O objectivo é aproveitar ao máximo a situação, movendo-se entre o stress agudo (stress necessário) e o desespero (stress desejável), escolhendo ao mesmo tempo evitar a armadilha do stress crónico (stress perigoso), explica.

 

3. Rotinas e rituais podem mudar a nossa vida
Alguns componentes do bem-estar são universais, como dormir o suficiente, comer bem, mexer o corpo. Procurem formas de os transformar em rituais ao longo do dia, aconselha Naz Beheshti, que revela que tem uma rotina matinal não negociável, que passa por, quando se levanta, meditar durante 20 minutos, e depois exercitar o corpo durante 20 a 30 minutos. Mexer o corpo é a forma mais rápida de mudar o estado a anímico. «Isso, juntamente com a minha lista de música preferida, faz-me maravilhas», revela.

Durante o dia, Naz Beheshti dá um passeio ou liga-se à natureza e usa alguns momentos para praticar a gratidão. Quando precisa de um impulso, liga a pessoas queridas e passa tempo com pessoas que a fazem rir. «O riso é um antídoto poderoso para o stress», garante. Para além de acrescentar mais alegria à sua vida, o acto de escolher integrar estes elementos na sua vida dá-lhe uma sensação de controlo. A sensação de falta de controlo contribui para o stress crónico.

 

4. Cuidar da saúde mental
Naz Beheshti viu o stress, a ansiedade e a depressão dispararem durante a pandemia, e o mesmo aconteceu a dúvidas sobre tudo, do abuso de substâncias à ideia de suicídio. «As pessoas estão a lidar com o luto, isolamento, perda de rendimentos e medo, factores que estão a desencadear condições de saúde mental ou a exacerbar as existentes. Muitas pessoas podem estar a enfrentar níveis crescentes de consumo de álcool e drogas, insónia, e ansiedade», constata. Como resultado, as pessoas não estão a cuidar de si próprias da forma como o faziam antes da COVID-19.

Naz Beheshti afirma que agora vê mais empresas a darem prioridade às iniciativas de saúde mental dos colaboradores. Desde a formação de gestores sobre como detectar questões de saúde mental entre os membros da equipa – e o que fazer se suspeitarem delas – até à prestação de apoio aos colaboradores que sentem dificuldade, há uma maior consciencialização sobre a importância de dar recursos e apostar no desenvolvimento e formação de gestores sobre como falar com eles.

 

Fonte: Fast Company, por Gwen Moran, escritora, editora e criadora da Bloom Anywhere

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