Como manter o talento?

A pandemia trouxe para o topo das agendas de Gestão de Pessoas um tema particamente inexistente nas empresas até então: o dos modelos de trabalho. Curiosamente, não porque seja encarado como o mais relevante, mas porque tem impacto num outro, que não é novo, não desapareceu e se tornou ainda mais relevância: o da escassez de talento e da imperatividade de atrair e reter as “pessoas certas”, num mercado de trabalho cada vez mais competitivo pelos melhores.

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

A 37.ª edição do Barómetro, realizada em Agosto passado, já o evidenciava: a maioria das empresas (57%) adoptou (ou vai adoptar) o modelo híbrido de trabalho, não por acreditar que traz vantagens em relação do modelo 100% presencial, mas porque os profissionais assim o exigem. A escassez de determinados perfis está a colocar o “poder” no lado dos candidatos. «A discussão sobre o regresso, de quantos dias in e out, e quem decide, só assume tanta importância porque o que as pessoas querem e o que as empresas querem não é o mesmo, e as empresas não querem perder talento», reconhece-se. Por outro lado, «terá interesse para as empresas manter pessoas que valorizam o modelo de trabalho acima, por exemplo, da cultura da organização, das oportunidades de progressão ou do ambiente de trabalho?», pergunta-se.

O tema não passa só por ter pessoas, mas ter as pessoas certas. E com as competências necessárias. Assim, o upskilling e o reskilling têm de ser prioridade. E a mobilidade de funções também, até como forma de responder à escassez de talento. Mas outros temas também foram mencionados. À volta da mesa há unanimidade em considerar que o tema da saúde mental não vai poder ser ignorado. E outros, como a sustentabilidade, a diversidade e inclusão. «Esses sim, são os grandes temas. O modelo de trabalho é ruído.»

Como habitualmente, o almoço do Conselho Editorial realizou-se no Vila Galé Ópera, em Lisboa, contado com a presença dos conselheiros: Catarina Tendeiro (Grupo Ageas), Isabel Borgas (NOS), Margarida Cardoso (Tabaqueira), Maria João Martins (My Change), Nuno Ribeiro Ferreira (Galp Gás), Nuno Troni (Randstad), Pedro Fontes Falcão (ISCTE Executive Education), Pedro Ribeiro (Super Bock Group), Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida HR Consulting), Sofia Castro (Sonae MC), Teresa Cópio (Dom Pedro Hotels) e Vanda de Jesus (Portugal Digital).

 

Artigo publicado na Revista Human Resources n.º 131, de Novembro de 2021

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