Como tornar as PME portuguesas competitivas no mercado global

Transformar a realidade das pequenas e médias empresas em Portugal, através de capacitação, conhecimento e mentoria, é o desígnio do Voice Leadership, iniciativa da Nova SBE. Aumentar a competitividade e a produtividade, e contribuir para um incremento de 2% do PIB nacional são as principais metas. Nesta primeira edição, querem começar com cinco mil PME.

 

Por Tânia Reis

 

Em Outubro, a Nova SBE lançou o Voice Leadership, especificamente dirigido a pequenas e médias empresas (PME) de elevado potencial, que compreende um programa de formação, um programa de mentoria e um conjunto de actividades de apoio aos desafios mais específicos deste grupo de empresas. A formação procura endereçar temas críticos para a competitividade, tais como: sustentabilidade, transformação digital, literacia financeira, internacionalização, governance, entre outros. O objectivo? Apoiar até cinco mil empresas até 2026, com o apoio dos parceiros fundadores e outros que se juntem a este movimento, e contribuir para um aumento de 2% do PIB nacional.

Pedro Brito, associate dean para a Formação de Executivos da Nova SBE e director-executivo da Nova SBE Voice Leadership, contextualiza: «O tema da falta de produtividade e crescimento das PME em Portugal tem sido dissecado sob diferentes ângulos há décadas», nomeadamente políticas fiscais desfavoráveis, incapacidade de reter a massa cinzenta produzida em Portugal, salários baixos, entre outros. Analisando a realidade de muitas, «felizmente não todas, empresas de pequena e média dimensão portuguesas», faz notar que «os pequenos empresários têm apostado, por várias razões, e ao longo de décadas, em negócios não transaccionáveis», ou seja, produtos e serviços que são produzidos em sectores não expostos à concorrência internacional e que podem ser objecto de troca internacional. «O problema é que os sectores de bens não transaccionáveis, como a restauração, não só exigem maiores horas de trabalho para a criação de valor, como requerem mão-de-obra menos qualificada.»

O responsável acredita que essas são as razões que explicam o facto de não conseguirmos reter talento em Portugal, os baixos salários e a produtividade (ou valor acrescentado) ou as políticas fiscais desadequadas. «E se fosse possível transformar empresas que se focam simplesmente no mercado local em empresas que tiram partido de um mercado global? O que poderia acontecer ao preço transaccionado?», pergunta, dando a resposta de seguida: «Potencialmente aumentaria, o que permitiria contratar mão-de-obra especializada para melhorar a sua competitividade no sector, com consequências na retenção e um aumento generalizado dos salários. Até porque com melhores resultados, as empresas poderiam pagar mais do que pagam actualmente aos colaboradores.»

Lembrando que representam a maioria do nosso tecido empresarial, Pedro Brito considera que as PME têm mais dificuldades em responder a novas exigências regulatórias, em operacionalizar projectos de transformação digital com real impacto no negócio, em aceder a novos mercados, em atrair e gerir talento, ou em financiar-se para conseguir crescer, ao contrário das de grande dimensão. Perante este cenário, está convicto de que esta é uma oportunidade de apostar naquelas que demonstram um potencial de crescimento elevado. «São estas que pretendemos apoiar. As que têm ambição de crescer, de se internacionalizarem, deaumentarem a sua competitividade.»

 

Elevado potencial e motivação
Assim, numa primeira fase, o Voice Leadership vai apostar no apoio ao crescimento de cinco mil PME nacionais. E estas empresas estão a ser seleccionadas com base num conjunto de critérios que permitem compreender o seu potencial e motivação. «Acreditamos que vamos conseguir apoiar o crescimento sustentável de pelo menos metade destas empresas», partilha. A intenção é que essas 2500 empresas com volumes de negócio actuais médios de cinco milhões de euros cresçam cerca de 35% acumulados até 2026. «Se assim for, representará um aumento de cerca de mais de 4,5 mil milhões de euros de volume de negócio acima da realidade actual.»

Para que isto seja possível, além do programa formativo e de mentoria, estão a trabalhar com parceiros estratégicos para apoiar empresas que demonstrem capacidade para acelerar o seu crescimento no mercado doméstico e internacional. «Seja através de acesso a mercados, seja no apoio mais customizado ao desenvolvimento e implementação de estratégias de crescimento, seja no processo de acesso a financiamento.»

As candidaturas para as PME interessadas decorrem até final de Janeiro, porém Pedro Brito revela que, neste momento, têm já identificadas cerca de duas mil empresas para começar o programa formativo em Abril. Até ao final de 2024, pretendem sinalizar e convidar as restantes três mil. Os critérios de elegibilidade são simples: «devem possuir um NIF, ter mais de três anos de actividade e mais de cinco colaboradores».

Porque «o crescimento económico das PME terá obviamente impacto directo nas condições de vida dos portugueses », através da geração de riqueza nas empresas pretende-se «incentivar os empresários a melhorar os salários dos seus colaboradores, aumentando desta forma o nível de motivação dos mesmos, reduzindo o nível de absentismo, e naturalmente, melhorando as condições de vida das famílias», explica.

Ser «uma referência para potenciais políticas públicas no futuro» e incentivar «o aumento da literacia de gestão dos empresários das PME portuguesas » também integram a lista de objectivos a alcançar.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Janeiro (nº. 157) da Human Resources, nas bancas.

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