Reportagem. No Dia Internacional dos Recursos Humanos, 13 profissionais da área (e não só) falam da importância da função

Celebra-se hoje o Dia Internacional dos Recursos Humanos. Para assinalar a data desafiamos alguns profissionais e empresas da área a partilharem connosco o seu testemunho sobre a importância da função e os principais desafios que a mesma enfrenta actualmente.

Por Sandra M. Pinto

 

Os gestores de pessoas têm vindo a ganhar importância preponderante dentro das organizações. Estas, que se querem mais humanizadas e próximas dos colaboradores, encontram neste responsável a ponte que precisam para alinhar as equipas com a estratégia do negócio. A transformação a que se vinha a assistir desde há alguns anos, foi acentuada com a pandemia Covid-19. Esta colocou todos os players do sector perante desafios até então inimagináveis. Dois anos depois muitas coisas mudaram no mundo do trabalho e outras estão em vias de mudar. Assim, importa, junto de quem vive de perto esta enorme transformação, perceber quais os actuais e os próximos desafios que se colocam à função, bem como de que forma olham para a sua importância neste mundo laboral em ebulição.

 

Pedro Ramos, presidente da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas

Não sabemos ainda se os desafios da pandemia já passaram, mas já sabemos bem os efeitos que este novo Mundo BANI (Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível) está a ter na vida das empresas e dos próprios gestores de pessoas!
Esta data de celebração assume especial importância! Os gestores de pessoas tiveram, como sabemos, um papel fundamental e acrescido durante todos estes últimos tempos: do cuidar da saúde física e mental dos colaboradores ao reorganizar e reformular os contextos e espaços de trabalho das empresas, passando pela operacionalização dos novos modelos de trabalho hibrido, os gestores de pessoas têm muitos motivos para celebrarem os vários sucessos de superação vivenciados das grandes às pequenas empresas.
Mas os desafios ficam por aqui? Nem pensar! Os próximos tempos serão marcados pela necessidade de se voltar a reposicionar o RH estratégico (depois das acções de emergência e contingenciais), de procurar e atrair novos talentos para as suas empresas, de transformarem a cultura organizacional em modelos de vivência experienciais positivas para os colaboradores, de potenciar o desenvolvimento das suas pessoas alinhando o negócio com a necessidade de proporcionar benefícios flexíveis (quase) personalizados, consolidar os processos e mentalidade digital das lideranças e dos colaboradores, restruturar e agilizar todos os processos RH das empresas, voltar a assumir protagonismo na comunicação plural e multiplataforma com os colaboradores, estimular e concretizar uma transformação digital com base numa aposta clara numa diversidade cognitiva. São muitos os novos e renovados desafios! Mas hoje é tempo de celebrar… Feliz HR International Day para todos nós!

 

Catarina Horta, directora Capital Humano do Novo Banco

No Dia Internacional dos Recursos Humanos lembro-me daquela t-shirt que diz qualquer coisa como “Ser um Gestor de Recursos Humanos não é uma carreira mas uma competência de sobrevivência pós-apocalíptica”. Esta t-shirt é bem antiga e, seguramente, muito anterior a qualquer fase anterior à pandemia e ao mundo como o vivenciamos, mas diria que nunca foi tão actual.
Gerir em ambientes instáveis, em mudança rápida, com muito mais informação do que já tivemos, mas também com mais informação falsa e por vezes contraditória, com mudanças tecnológicas de ciclos cada vez mais curtos é uma característica de todos os gestores atuais. Para os gestores de recursos humanos há a acrescentar as questões eminentes do trabalho híbrido e das novas formas de trabalhar, da experiência dos colaboradores, do bem-estar e saúde mental dos colaboradores, da globalização do recrutamento e da escassez de talento em determinadas áreas, da promoção da diversidade, equidade e inclusão e ainda da procura de soluções tecnológicas que libertem as pessoas das tarefas mais repetitivas e pesadas.
Destacaria este último ponto porque considero que a ligação entre os humanos e a tecnologia está numa fronteira de um salto enorme e também na gestão de pessoas podemos aproveitar esta transformação. Como? Não tenho bola de cristal, mas marcamos encontro nos próximos dias internacionais dos Recursos Humanos e vamos acompanhando.

 

Mariana Canto e Castro, directora de Recursos Humanos da Randstad Portugal

Para assinalar o Dia Internacional dos Recursos Humanos vamos antes de mais propor uma troca na sua designação:
De acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: Recursos – nome masculino plural- Conjunto de meios disponíveis para serem utilizados (ex.: recursos hídricos; recursos humanos; recursos materiais; recursos naturais). Humanos – nome masculino plural – o género humano.
Ora, o género humano, as pessoas, não são recursos.
São alma e talento; são competências e vontade de fazer acontecer; são vontade e determinação; são emoções e capacidade de aprender; são transformacionais; evoluem; adaptam-se; modificam-se.
E estão em todo o lado da sociedade: por isso quando nos preocupamos com negócios, devemos pensar nas pessoas que os concretizam; quando pensamos em empresas, devemos pensar nas pessoas que as formam; quando pensamos em resultados financeiros, devemos pensar nas pessoas que os fazem acontecer. Se pensarmos apenas no papel de embrulho (resultados, negócios, empresas) e não dedicarmos atenção ao seu conteúdo (as pessoas), estamos a fazer uma aposta de curto ou médio prazo. Mesmo em contexto empresarial importa colocarmos as pessoas como ponto de partida de todas as decisões, no centro das preocupações e procurarmos constantemente a existência de um equilíbrio entre resultados comerciais e vantagens para os colaboradores. Curiosamente, o que muitas empresas ainda não descobriram é que este foco nos colaboradores é essencial; é aqui que reside a “arma secreta” que permite a uma empresa distinguir-se, diferenciar-se, elevar-se para níveis superiores de gestão.
Cada vez mais a estratégica das empresas tem de estar intrinsecamente ligada à estratégia de gestão das suas pessoas. People 2 people!

 

Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé

No sector turístico em geral e na hotelaria em particular, os recursos humanos são absolutamente essenciais para o sucesso das empresas. Se a localização do hotel e as suas infra-estruturas e equipamentos, são essenciais no momento da captação do cliente, o desempenho das equipas será fundamental para garantir a satisfação, fidelização e recomendação dos clientes.
No actual contexto onde todos os clientes gostam de partilhar as suas experiências em redes sociais, sites de opinião ou sites de avaliação, podemos facilmente constatar que raros são os comentários de clientes que não façam uma referência positiva ou negativa à prestação dos colaboradores, o que por si só indica e confirma que estes são um factor critico de sucesso.
Para além do papel que têm nos níveis de satisfação, assumem hoje um papel de elemento verdadeiramente diferenciador e autêntico de um hotel e que dificilmente pode ser replicado ou imitado por outros players.
É por esta razão que acredito sinceramente que os recursos humanos são o maior activo das empresas de hotelaria, e onde teremos de fazer uma forte aposta na melhoria das suas condições, na formação e na progressão. Este é simultaneamente o grande desafio e desígnio dos departamentos de Recursos Humanos do sector, que deverão assumir de uma vez por todas a importância do seu papel nas organizações.

 

Elsa Carvalho, Executive Board Member/Head of consulting services do Grupo Egor

Pensar Recursos Humanos é pensar negócio e talento de forma integrada e global. São muitos os desafios que hoje as empresas e os profissionais de recursos humanos enfrentam, a passar pela competição pelo talento – especialmente talento digital – que fará necessariamente evoluir e pensar formas diferentes de atrair e reter; o futuro do trabalho – potenciado pela Covid-19 – tem impulsionado as empresas a redefinir como e onde o trabalho pode ser realizado com iniciativas como redesenho de espaços físicos e implementação de novas estruturas organizativas; digitalização, não só na vertente de negócio como da experiência interna para os colaboradores, sem esquecer o necessário impacto a nível das funções e postos de trabalho.
Todos estes desafios e alterações vão necessariamente transformar as lideranças e a forma como se gere pessoas. Com as pessoas no centro, existe a clara necessidade de desenvolvimento de uma estratégia de gestão de pessoas distinta, definindo para cada empresa/organização princípios e prioridades. Também a função de líder deverá ser repensada, numa gestão de equipas cada vez mais diversificada e com diferentes modelos de organização do trabalho. A urgência de quebrar paradigmas, evoluir e a necessidade de adaptação às novas realidades do mercado trazem a função de Gestor de Pessoas para o centro. Dia 20 de Maio, celebra-se o Dia Internacional dos Recursos Humanos para nos permitir também um tempo de reflexão a uma necessidade e urgência.

 

Rita Baptista, directora Executiva de Recursos Humanos, Comunicação e Sustentabilidade da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal
É visto como um lugar-comum afirmar-se que as pessoas são o activo mais importante das suas organizações, que sem as pessoas certas não é possível atingir o sucesso, que nenhuma empresa existe sem uma equipa. Os tempos mais recentes e todo o conjunto de desafios que as empresas enfrentaram com a pandemia vieram deixar bem claro quão reais e decisivas são estas máximas. A tecnologia é essencial, a transição digital está em curso a um ritmo irreversível, mas sem pessoas com as competências certas, com experiências, perfis e vivências que se complementem, alinhadas e motivadas para se sentirem parte essencial para a concretização do propósito da instituição, nenhuma organização estará em condições de garantir a sua continuidade futura.
Gerir pessoas, encontrar os perfis desejados, proporcionar-lhes um trajeto de evolução profissional interessante e cativante, ouvir, envolver, responder, e se possível, antecipar necessidades, desejos e frustrações das pessoas são, em grande medida, os desafios diários de qualquer director de Recursos Humanos. É absorvente, mas simultaneamente gratificante trabalhar diariamente para que a empresa seja cada vez melhor, mais forte e mais competitiva, capaz de atrair talento e os melhores profissionais do mercado e de se afirmar como um local desejado para aprender e trabalhar. Esta é missão que os directores de Recursos Humanos procuram colocar em marcha todos os dias e que torna tão gratificante trabalhar nesta área, cada vez mais estratégica para a criação de valor e para a diferenciação competitiva das organizações.

 

Ricardo Carneiro, director de Recrutamento e Selecção Especializado na Multipessoal


Nestes mais de 20 anos de carreira, nem sempre vi as pessoas de Recursos Humanos serem bem tratadas. O seu estatuto e papel esteve sempre, no meu entender, aquém da sua verdadeira importância. Em tempos incertos, em que a ficção se confunde facilmente com a realidade, mais do que nunca, as pessoas dos Recursos Humanos têm reforçado a sua importância nas organizações. Se antes estes profissionais garantiam “apenas” que o recurso mais valioso – as pessoas – eram recrutadas, integradas, formadas, motivadas, avaliadas, bem pagas e premiadas, atualmente, com os difíceis tempos que vivemos, assistimos já aos RH a assumirem finalmente um papel crucial em muitas empresas. Juntos com a gestão de topo, participam activamente no desenvolvimento da estratégia, da cultura e dos valores, e nas decisões de crescimento que, mais do que nunca, não se fazem sem pessoas. Num momento em que se observa um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico e competitivo, os desafios a que estes profissionais respondem são também cada vez maiores: o respeito pela diversidade, a sustentabilidade, a escassez, o envelhecimento da população, os novos modelos de trabalho, a mudança de mindset e prioridades dos trabalhadores, a dissipação das fronteiras, a transformação digital, a robotização… Por tudo isto, e muito mais, é importante que haja um dia para assinalar esta nobre “arte” da gestão de recursos humanos, e é minha convicção que a sua comemoração fará cada vez mais sentido!

 

Ana Porfírio, Directora de Recursos Humanos da Jaba Recordati 

Neste dia em que se celebra o Dia Internacional dos Recursos Humanos, é com imenso gosto que partilho convosco a minha visão em relação a esta área que me é tão cara.
Nunca até hoje o papel da função de Recursos Humanos foi tão preponderante nas nossas organizações e esta é uma oportunidade que não podemos perder. Para o efeito é imperativo que estejamos disponíveis para: nos adaptar em permanência assumindo uma nova forma de estar em Recursos Humanos; uma learning journey permanente e transversal no que respeita ao nosso negócio (de forma a sermos cada vez mais reconhecidos como um membro estratégico da organização temos que conhecer muito bem não só o negócio como o próprio mercado, isto implica uma aprendizagem e actualização constante e pró-activa); estar disponível para inovar, criar e experimentar (o VUCA ou Bani, como preferirem, que nos rodeia, empurra-nos para tentar caminhos diferentes, abordagens fora da caixa e espaço para errar e aprender com esses erros. Nos Recursos Humanos este mindset também é fundamental).
No que respeita aos desafios e aproveitando o ponto anterior, a atração e retenção (ou manutenção, para quem já não acredita na retenção) do talento é um dos grandes desafios que só conseguiremos ultrapassar através do “diferente”. Outro desafio é a implementação do novo modelo de trabalho com tudo o que impacta (lideranças mais humanizadas e híbridas; manutenção de níveis de engagement para com a organização; wellbeing e saúde mental; integração do digital como potenciador na performance e resultados de forma mais eficiente; e manutenção de uma forte aposta na comunicação e na proximidade e finalmente o foco na equidade em vez da igualdade na gestão dos Recursos Humanos.
Por fim deixo uma questão para reflexão: Se as nossas empresas são compostas de pessoas e os nossos clientes também são pessoas, porque não temos mais CEO’s vindos da carreira de Recursos Humanos? Um feliz dia para todos nós!

 

Pedro Pessoa, People Development Manager da Kelly

Recordo-me, em 2014, ser desafiado a assumir a função de HR Business Partner na multinacional onde trabalhava. À data, esta nova e dinâmica função visava aproximar a estrutura corporativa de Recursos Humanos ao negócio. O meu dia-a-dia constituía-se no desafio de me embrenhar naquilo que era o trabalho e actividade da empresa numa perspetiva HR360º, contribuindo para a construção e crescimento do negócio sustentável. Pela primeira vez, senti genuinamente que estava a desenvolver talento. O meu trabalho era tão “simples” quanto potenciar o melhor que cada profissional tinha a oferecer ao negócio. Rapidamente, concluí que não se tratava apenas de influenciar qualitativamente os resultados, mas também o sentido de concretização pessoal e profissional de cada pessoa.
A minha formação em Psicologia Social e das Organizações assumiu enorme relevância nesta missão. Em contexto organizacional, é fundamental compreender o conjunto de papéis que cada pessoa assume, assim como a influência que o seu trabalho traz à qualidade de concretização dos objetivos do negócio. Tudo influencia o outcome, exigindo uma constante flexibilidade e dinâmica nas respostas aos problemas que surgem diariamente.
Hoje, acredito que a função de HR Business Partner influenciada pelo contributo que a Psicologia Social e das Organizações lhe trouxe, mudou o paradigma dos Recursos Humanos em Portugal. Desde então, e em particular nestes últimos dois anos, temos sentido o transformar da área de Recursos Humanos, humanizando-a em contexto VUCA, onde desenvolver e reter talento passou a ser prioritário – e o imprevisível é um dado garantido!
É nesta realidade, onde o fluxo da corrente tem-se assumido dominantemente bottom-up que a área de Recursos Humanos tem afirmado a relevância do seu papel na construção do sucesso das empresas. Hoje, num mundo cheio de luzes e ruído, o desafio passa por assegurar que cada pessoa se conecta à empresa, se mantém engajada e comprometida com a sua missão e visão, valores e objectivos. Para isso, somos encorajados a assegurar o well being e work-life balance ajustados às necessidades de cada um num mundo louco e frenético.
E é neste contexto, que construímos o futuro das estruturas de Recursos Humanos, cada vez mais plenos na dinamização do talento, contribuindo para a concretização pessoal e profissional de cada indivíduo.

 

Cláudia Lucas, Marketing & Admissions Director, The Lisbon MBA Católica | Nova

O mundo do trabalho alterou-se significativamente nos dois últimos anos com a aceleração da transformação digital das empresas, novos modelos de trabalho, políticas de ESG (Environment, Social & Governance), com grande foco na inclusão e diversidade, exigindo uma actualização cada vez maior dos conhecimentos, das competências e dos valores de liderança. Com os novos modelos de trabalho e actuais desafios da gestão, são necessárias mudanças fundamentais com impacto na responsabilidade e no propósito das organizações na sociedade. E, neste novo contexto, os líderes têm de ser mais ágeis e resilientes, focados na inovação, transformação digital, capazes de partilhar uma visão com propósito, inspirar e mobilizar equipas para a mudança numa cultura empreendedora e inclusiva, de “empowerment” e de “accountability”, colocando as pessoas em primeiro lugar. Por outro lado, estamos perante uma nova geração de profissionais que considera que o conhecimento é crítico para o processo de crescimento pessoal e evolução da carreira, valorizando organizações com propósito e empenhadas na criação de valor social, económico e ambiental. As organizações, para continuarem a atrai e reter o melhor talento, têm de responder aos novos desafios da gestão, que implica um novo tipo de liderança, precisando de fazer o upskiling ou reskilling dos seus quadros, através da aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento de competências, como os que são proporcionadas num MBA como o the Lisbon MBA Católica|Nova.
Queremos que os nossos alunos desenvolvam um pensamento crítico, que sejam capazes de resolver problemas complexos, de trabalhar em equipas high-performance, liderando com empatia e propósito, numa cultura de meritocracia, inclusão e diversidade. Além dos fundamentos da gestão, focamos no desenvolvimento do mindset empreendedor e pensamento estratégico nas suas competências interpessoais e de liderança. Cadeiras ligadas à transformação digital, à inovação tecnológica na gestão e ao ESG, fazem parte do core dos nossos programas. Temos como missão formar líderes globais, com princípios, capazes de criar um impacto positivo, não só no negócio, mas também nas comunidades onde estão inseridos. Estamos permanentemente a rever o curriculum dos nossos programas e a consolidar uma experiência única e distintiva que permita aos nossos alunos liderar a mudança das organizações e responder as suas prementes necessidades.

 

Silvia Nunes, directora da Michael Page

As funções de Recursos Humanos enfrentam hoje novos desafios. Têm cada vez mais relevância, pois são parte integrante e importante da estratégia da empresa, dado ao ativo de maior importância nas organizações, que é o talento.
Hoje, mais do que nunca, existe uma maior consciência de que são de facto as pessoas que fazem as empresas, e nesse campo, o papel dos Recursos Humanos é crucial em qualquer momento do ciclo de uma empresa. Tornaram-se funções ainda mais estratégicas, verdadeiras business partners e com responsabilidades que impactam directamente no negócio de qualquer organização. Actualmente, muitas das oportunidades de Recursos Humanos estão associadas às funções de HR Business Partner, Talent Management & Organisation Development e Employee Experience Designer.
Ao ajudar as empresas a proteger o futuro da organização, os profissionais de Recursos Humanos ajudam também a liderar a transformação empresarial a partir da perspectiva das pessoas, fazendo com que as contratações certas para a função de Recursos Humanos sejam cada vez mais importantes.

 

Sara Matos, HR Business Partner na S21sec em Portugal

Nunca a função de Recursos Humanos foi tão importante como nos dias de hoje. Os últimos dois anos têm sido um turbilhão de alterações que têm exigido rápidas respostas por parte destas equipas. A pandemia trouxe a necessidade de adaptar a realidade que conhecíamos para trabalho remoto; posteriormente debatemo-nos com a criação planos de regresso ao escritório e com a gestão de modelos de trabalho híbridos. Os departamentos de Recursos Humanos foram elevados para muito mais que funções administrativas, e demonstraram-se essenciais para navegar nas difíceis alterações dos últimos tempos.
A atração e retenção de talento, o bem-estar e saúde mental dos colaboradores, modelos flexíveis de trabalho, diversidade e inclusão, são alguns dos temas centrais nos departamentos de Recursos Humanas. Devemos estar alinhados com o negócio, para que, face aos objectivos da empresa, possamos encontrar a melhor estratégia para responder a estas necessidades. Através da componente de People Analytics, podemos fornecer às empresas insights importantes, quer para conhecer a força de trabalho actual, e criar formas de retenção, mas também para prever e tornar bem sucedidos os processos de recrutamento. No caso da S21sec em particular, e porque o cibercrime está a evoluir a um ritmo muito acelerado, temos uma necessidade urgente de profissionais de cibersegurança e a verdade é que há falta deste tipo de profissionais. Acresce, então, a necessidade de encontrarmos estes perfis – nem sempre com formação – e por ser uma das áreas mais cobiçadas neste momento por muitas empresas, de os conseguirmos reter.

 

Andreia Rangel, Head of People da Deloitte

O activo mais importante de uma organização são as pessoas. Do seu talento, entrega, inspiração e capacidade de superação depende o sucesso da equipa como um todo. E se a esta realidade somarmos clientes, parceiros, fornecedores e a comunidade como um todo, experimentamos que de facto apesar de termos vivido – e de certo modo ainda vivermos – longe uns dos outros, nunca como dantes estivemos tão próximos. Nos dias de hoje – e esta pandemia foi uma grande demonstração – as empresas deixaram de ser ilhas, isoladas do seu contexto e apenas ligadas por uma relação de prestação de serviço ou de outros bens. Ao contrário, passou a ser uma plataforma multifacetada em que não existe uma separação da sua envolvente.
A pandemia teve um lado muito negro, mas também na adversidade conseguimos retirar lições valiosas sendo esta noção de comunidade e preocupação com o outro o critério com que nos guiámos num tempo de tantas dúvidas e incertezas. Para criar valor e multiplicar, as empresas devem agora procurar desenvolver estratégias próximas de cada pessoa. Em que cada um conta e o centro de todo o ecossistema empresarial. Os principais desafios da área de recursos humanos – como a uniformizar e criar consistência na experiência do talento, orientar a experiência do trabalho à humanização, apostar em formação e desenvolvimento individuais, entre outros – tornaram-se ainda mais relevantes num tempo em que a empresa invadiu a casa dos profissionais, mas em que o inverso também aconteceu, com os sons das nossas casas a serem parte normal de uma call e já não um embaraço a evitar.
Este tempo novo trouxe desafios exigentes, mas também a oportunidade de recentrar o foco de tudo o que a organização faz nas Pessoas como garantir a inclusão, o equilíbrio entre família e trabalho ou o reforço da cultura de empresa.
No fundo o objectivo de uma organização centrada nas pessoas é o de criar as condições ideais para que o talento escolha permanecer e continuar a crescer dentro da organização e com isso inspirar outros a juntarem-se numa missão bem maior do que a soma de todas as partes. E esse é um activo que veio para ficar.

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