Elsa Carvalho, WTW: É preciso estimular e aumentar a produtividade

Elsa Carvalho, head of Business Development na WTW – Willis Towers Watson, defende que «enquanto a produtividade não for estimulada e não aumentar, teremos sempre abordagens com enfoque em contenção de custos e salários baixos/médios, a par com dificuldades de atrair e reter».

 

«Neste último barómetro, a maioria dos inquiridos (49%) considera que o desenvolvimento de pessoas e a contenção de custos constituem de igual forma as prioridades das suas empresas.

Num cenário onde as empresas relatam 3x mais dificuldade de recrutar e 4x mais dificuldade de reter (WTW), necessariamente que estas preocupações constituem prioridades. São muitos os fenómenos que contribuem para esta escassez de talento. Desde fenómenos demográficos, emprego à escala global, emigração de talento jovem, até ao desajuste entre a formação e as necessidades do mercado de trabalho.

As preocupações com o acréscimo de custos, que incluem salários e respectiva carga fiscal, matérias-primas, cadeias de abastecimento e custos de produção, constituem actualmente um enfoque relatado por muitas empresas. Mas a pedra basilar é mesmo o défice estrutural da produtividade em Portugal. Portugal é o terceiro país menos produtivo da zona euro, e tem estado nos últimos anos a afundar-se no ranking. Neste momento, só está à frente de Eslováquia e Grécia. A produtividade do trabalho em Portugal, no final do ano passado, correspondia a 72% dos níveis da zona euro (Eurostat).

A produtividade resulta da contribuição de vários factores – pessoas, investimento em formação, investimento tecnológico, intensidade de inovação, qualidade da liderança e organização interna são os mais referenciados –, sendo alguns deles de grande complexidade e especificidade. Assim, só com uma intervenção global e estrutural conseguiremos rever o nosso posicionamento. Entretanto, a mão-de-obra qualificada que se perde para o exterior, que a remunera bem e potencia o seu desenvolvimento, está a contribuir para o melhor posicionamento dos outros países. Investimento em pessoas, sistemas e processos, inovação, estímulos fiscais, internacionalização e cultura de gestão são necessários e urgentes. Enquanto a produtividade não for estimulada e não aumentar, teremos sempre abordagens com enfoque em contenção de custos e salários baixos/médios, a par com dificuldades de atrair e reter.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Outubro (nº.154) da Human Resources, no âmbito da XLIX edição do seu Barómetro.

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