José Luís de Carvalho: Num ambiente VUCA

A José de Mello Saúde está, internamente, num ambiente VUCA, com desafios muito interessantes ao nível da Gestão de Pessoas, área que pretende ser um parceiro que potencie o crescimento do negócio.

 

Entrevista por Felipa Oliveira, senior partner da Korn Ferry

 

José Luís de Carvalho assumiu, pela primeira vez, uma direcção de Recursos Humanos em Julho passado, na José de Mello Saúde (JMS). «Este desafio, num grupo com mais de 10 mil colaboradores, era irrecusável face ao potencial de talento e desenvolvimento que temos em mãos», afirmou em entrevista à Human Resources, conduzida pela conselheira da revista e senior partner da Korn Ferry, Felipa Oliveira. Fala do que se propõe fazer, como «dar um passo em direcção a uma maior proactividade na gestão do talento, com claros planos de desenvolvimento para as pessoas com maior potencial» e revela que, enquanto líder, gosta bastante de dar autonomia. «E considero o humor e um ambiente “leve” essencial numa equipa. Tento dinamizar este ambiente e chego a fazer algumas “praxes”», brinca.

 

Em Julho deste ano abraçou um novo desafio profissional, o de director de Recursos Humanos da José de Mello Saúde (JMS). Que empresa encontrou?
Costumo dizer, meio a brincar, que encontrei um grupo líder de mercado, consolidado, mas em modo startup. Estamos com um portefólio em grande crescimento, com desafios muito interessantes para as nossas pessoas, temos projectos transversais com necessidade de equipas multidisciplinares e precisamos de robustecer os nossos processos para sustentar o crescimento. A JMS está, internamente, num ambiente VUCA [volátil, incerto, complexo e ambíguo, traduzido do inglês], no bom sentido.

Como foi o seu primeiro dia de trabalho?
Passei os primeiros dois dias a ter conversas individuais com a equipa de Recursos Humanos, para me apresentar e receber feedback sobre a direcção.

Tem grandes desafios pela frente. De que forma espera contribuir para a liderança da JMS no mercado da Saúde em Portugal?
O mercado da Saúde está em evolução muito rápida e a nossa liderança tem de se basear numa constante antecipação, numa agilização da tomada de decisão e numa execução de elevada performance. Contamos, enquanto direcção de Recursos Humanos, contribuir com a atracção e captação de talento para estes desafios e ajudar as áreas de negócio, com uma estreita ligação e presença.

O que mais o entusiasmou ao assumir pela primeira vez a liderança de um departamento de Recursos Humanos?
A experiência anterior de gestão de um hospital com mais de duas mil pessoas despertou em mim uma grande necessidade de conhecer as pessoas e um enorme desejo de as poder desenvolver. Este desafio, num grupo com mais de 10 mil colaboradores, era irrecusável face ao potencial de talento e desenvolvimento que temos em mãos.

Como é que acha que o seu percurso o vai ajudar no novo cargo?
O facto de vir do “negócio” facilita a ligação e a construção de pontes entre as unidades e a área corporativa, algo fundamental quando estamos a crescer, mas, ao mesmo tempo, com uma forte necessidade de robustecer os nossos processos e sistemas.

Qual é a estratégia da Gestão de Pessoas na JMS?
A estratégia de Recursos Humanos não pode estar desligada da estratégia da José de Mello Saúde, que tem cinco eixos fundamentais: operação eficiente e consistente, experiência irrepreensível do cliente, projecto clínico diferenciador, aposta no talento humano e uma agenda de crescimento geradora de valor. A agenda estratégica dos Recursos Humanos está enquadrada nestes eixos, passando por: primeiro, um robustecimento de processos muito forte, com um conhecimento de gestão que nos permita a agilização de decisões; segundo, uma aproximação entre o corpo clínico e a gestão do grupo; terceiro, ter uma das melhores ofertas de valor no que diz respeito à retenção de quadros; e, quarto, desenhar um plano de desenvolvimento para os colaboradores do grupo.

Quais os principais desafios que tem assumido e que se têm imposto na Gestão de Pessoas?
Se considerarmos, e eu pessoalmente acredito, que o talento é um músculo e que, como tal, pode ser desenvolvido e potenciado, diria que este é um grande desafio para qualquer gestor. Conseguirmos o desenvolvimento das nossas pessoas, ajudando-as na sua melhoria e colocando-as nas funções e locais certos, deve ser uma das nossas ambições.

Destacaria ainda outro desafio, que se tornará mais exigente, que é a automatização que todos esperamos e o impacto da inteligência artificial nas actuais funções. Levará a que seja necessário um grande cuidado com a gestão das nossas pessoas, a um grande respeito pelo trabalho desenvolvido ao longo dos anos e a um esforço, que terá de ser considerável, para a transformação e desenvolvimento dessas pessoas.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Dezembro da Human Resources, nas bancas.

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