Harpoon: «Não sentimos escassez de talento»

Encontrar os melhores candidatos e as melhores oportunidades de trabalho de forma eficaz, rápida e acessível é a missão da Harpoon. E, de forma talvez surpreendente, os seus responsáveis afirmam que não sentem escassez de talento, porque olham para o mercado de forma global. Mas alertam: «Sentimos a euforia pós-pandemia, com muitas movimentações no mercado de trabalho, mas sabemos que podemos estar prestes a entrar numa época de recessão.»

 

Por Sandra M. Pinto

 

Em 2016, Matthieu Douziech fundou a Harpoon.jobs, uma plataforma – como o próprio explica – «assente em inteligência colectiva, que combina tecnologia e interacção humana para encontrar os melhores talentos e as melhores oportunidades de carreira com agilidade e eficiência, sem prescindir do rigor e qualidade de serviço». Na base da empresa está a tentativa, por parte do seu fundador, de dar resposta a duas necessidades do mercado: por um lado, o facto de as empresas procurarem talentos, muitas delas, da mesma forma, e, por outro, ter a noção de que um talento é um profissional que se destaca através de um alto nível de desempenho e com um forte potencial de crescimento, mas que surge como um candidato “passivo”, “que não está activamente à procura de uma nova oportunidade profissional. «Neste sentido, imaginei a Harpoon como uma plataforma que permite encontrar os melhores candidatos e as melhores oportunidades de trabalho de forma eficaz, rápida e acessível», esclarece.

Desde o primeiro momento que a Harpoon acredita que ser um líder não é uma questão de idade ou quota de mercado, mas de talento. A missão da plataforma passa por «ajudar os líderes a encontrar organizações e projectos que potenciem o seu talento, onde sejam mais felizes e se desenvolvam pessoal e profissionalmente, ao mesmo tempo que ajudamos as empresas com parcerias que as fazem crescer e ganhar vantagens competitivas nos seus sectores», garante Elísio Sousa, Chief Operating Officer (COO) da Harpoon. «O nosso foco será sempre potenciar o talento e fazer com que os nossos parceiros tenham os melhores candidatos a contribuir para o seu crescimento».

Presente em Portugal, Espanha, França, Reino Unido e Brasil, a plataforma, que conta com uma equipa de oito pessoas que trabalham globalmente, estima para 2022 um crescimento da empresa em 40%. Maria Falcão, co-CEO da Harpoon refere este como um ano de consolidação da operação e de crescimento através da diversificação. «Continuamos a crescer para poder responder com a mesma agilidade e qualidade de serviço que nos caracterizam, sendo que, ao mesmo tempo, criámos uma unidade de negócio capacitada para criar e entregar “Projectos de Assessment”, “Mentoria & Coaching” e uma nova ferramenta de formação, a “Immersive Learning”».

Curiosamente, ou não, a Harpoon.jobs soube aproveitar a pandemia para repensar as novidades que agora divulga, acredita Elísio Sousa, para quem «as dificuldades que surgiram na altura foram fundamentais para o incrível crescimento que temos desde então».

 

O novo paradigma do mundo laboral e a eterna (falsa?) questão da escassez de talento
Perante a transformação que assola o universo do trabalho, Matthieu Douziech acredita que a pandemia foi apenas um acelerador da passagem de um mundo VUCA [Volatile, Uncertain, Complex and Ambiguous] para um mundo BANI [Brittle, Anxious, Nonlinear and Incomprehensible], onde a agilidade, a resiliência e capacidade de reinvenção são necessárias mais do que nunca. «Num contexto onde 80% dos decisores consideram que há um desalinhamento entre as competências que suas equipas têm e aquelas de que precisarão num mundo BANI, a Harpoon passou de uma solução de recrutamento com uma forte base tecnológica para uma powerhouse de talentos capaz de apoiar candidatos e empresas de forma mais profunda, em qualquer fase de carreira/desenvolvimento», afirma.

Concordando que o mundo do trabalho está a mudar rapidamente, o fundador defende que as organizações que quiserem estar na vanguarda vão ter de transformar a forma como trabalham para responder a necessidades como trabalho remoto, maior colaboração, transformação digital, entre outros.

Mas também defende que não existe um único futuro do trabalho. «Não existe uma solução única que se adapte a todas as empresas e a todas as situações», assinala, reforçando que a competição para atrair novos talentos está a ficar mais aguerrida do que antes. «Isto representa uma ameaça para as empresas de uma forma genérica, pois uma organização é tão boa quanto as pessoas que emprega, pelo que precisam de ter em consideração as necessidades de todos os seus colaboradores e tratá-los como seres humanos, não como partes de uma máquina».

Focados em recrutar os melhores executivos para grandes empresas nacionais e multinacionais, os responsáveis da Harpoon revelam que não sentem escassez de talento. «A forma como trabalhamos talento permite-nos chegar aos melhores candidatos a uma escala global, graças ao nosso alcance e presença em diferentes mercados», assegura Maria Falcão, salientando que «o mercado de trabalho evoluiu tanto ao longo dos últimos anos, que hoje já é possível criar equipas descentralizadas, compostas pelos melhores profissionais, independentemente da sua localização».

Perante esta revelação contra a corrente, sendo que poucos são os sectores que não apontam a escassez de talento se não como uma dificuldade, pelo menos como um grande desafio, questionámos sobre que características são hoje mais procuradas e valorizadas pelas empresas nos executivos que querem contratar. A resposta veio de Elísio Sousa: «hoje, aquilo que as empresas procuram e aquilo que os talentos devem apresentar é completamente diferente do paradigma anterior. As organizações que queiram prosperar precisam de executivos resilientes e flexíveis, transparentes e com visão estratégica, com traços de empatia e mindfulness que lhes permitam inspirar as suas equipas, e capacitá-las da confiança e das competências necessárias para rapidamente se adaptarem às novas necessidades do negócio. Além disto, a orientação para a adaptabilidade digital é condição essencial para os talentos que as organizações precisam.»

Ciente de que o mercado de trabalho está a passar uma fase altamente dinâmica, transversal a todos os sectores de actividade, o COO revela ainda que o digital – seja em marketing, em transformação de negócio, ou até numa vertente de upskilling – é o sector onde têm tido mais solicitações.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Julho (n.º 139) da Human Resources.

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