Horas e Produtividade!
Por Ricardo Florêncio
Existe um conjunto de funções e actividades que necessitam de ter horários perfeitamente definidos. Mas mesmo em muitos desses casos, interessa analisar os resultados, e não apenas as horas que as pessoas dedicam ao trabalho. Agora, existe um vasto conjunto de funções e trabalhos em que as horas são apenas guidelines, um guia, para se aferir se os objectivos propostos, se o que se pretende de certos colaboradores ou equipas, são fazíveis e possíveis de atingir dentro da normalidade de uma certa medida de tempo que as pessoas devem dedicar às suas funções, ao trabalho. Porque o que interessa mesmo, é se as pessoas foram produtivas, se realizaram os seus trabalhos, se desempenharam correctamente as suas funções, se atingiram os objectivos propostos. De que interessa às organizações, terem as pessoas oito horas por dia presentes, nas diversas formas de trabalho, se depois pouco ou nada produzem? É só para dizerem que estiveram ao serviço? Que estiveram presentes? Isso é cada vez menos relevante. O que importa é o valor acrescentado que trouxeram para as organizações. Contudo, e em vez de nos focarmos neste aspecto da produtividade, a discussão continua a estar centrada nas horas que as pessoas dedicam ao trabalho. Porquê? Será por facilidade? Ou será uma questão de cultura? E neste campo, entramos noutra área de discussão, já muitas vezes referida, mas poucas vezes aprofundada. O mérito, os resultados, a superação dos objectivos têm de ser claramente recompensados. E muitas empresas o fazem. Mas devia claramente ser generalizado e em todas as organizações, inclusive na esfera pública, onde existe uma série de dificuldades em implementar estas medidas. Mas esta análise não pode ser feita apenas num sentido, numa direcção. Assim, também deveria haver lugar a algum tipo de penalização para quem, injustificadamente, não atingiu os seus objectivos, não desempenha correctamente as suas funções. E aqui, entramos outra vez numa questão de cultura e também na ordem jurídica. Temos muita dificuldade em estabelecer estas normas, estes princípios, e culturalmente temos muita dificuldade em implementar estas regras. Mas para uma correcta gestão de pessoas, urge a sua definição e implementação.
Editorial publicado na revista Human Resources nº 127, de Julho de 2021