IA versus human skills. Braço de ferro?

Multiplicam-se os estudos sobre a cada vez maior presença da inteligência artificial (sobretudo inteligência artificial generativa, após o lançamento do ChatGPT), nas nossas vidas, em geral, mas também no mundo do trabalho, em particular. Uns enfatizam as enormes potencialidades, outros alertam para os perigos. Certo é que é um caminho sem retorno. E, nesse caminho, as competências humanas são as que se vão destacar.

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

Se perguntarmos ao ChatGPT quais as suas potencialidades, o próprio sistema de inteligência artificial generativa elenca, em segundos, dez: da resposta coerente a várias perguntas à geração de textos criativos (até poesia, diz), passando por apoio ao cliente e tutorias, até, espante-se, a terapia e apoio emocional. Também refere o desenvolvimento de código e design de UI/UX, o que faz levantar a questão se as profissões que há muito pouco tempo eram identificadas como de futuro, com muita procura pelo mercado e bem remuneradas, vão sobreviver.
E se concretizarmos a pergunta, colocando o foco nas potencialidades do ChatGPT na Gestão de Pessoas, novamente dez são elencadas: recrutamento e selecção, onboarding, formação e desenvolvimento, suporte e perguntas frequentes, gestão de desempenho, análise de feedback e até melhoria da cultura organizacional e gestão de conflitos.
Mas é feita a ressalva: «Embora o ChatGPT possa ser uma ferramenta valiosa na Gestão de Pessoas, é importante lembrar que ele não substitui o toque humano e a expertise de profissionais de Recursos Humanos. Deve ser usado como um complemento para melhorar processos e eficiência, mas a tomada de decisões importantes ainda deve ser feita por gestores e profissionais qualificados.» De salientar a palavra “ainda”.
Neste contexto, o que vai manter, não só os profissionais de Recursos Humanos, mas todos, relevantes. A resposta parece estar nas human skills. Competências como empatia, afectividade, ética, criatividade ou discernimento serão cada vez mais úteis, relevantes, diferenciadoras e… imprescindíveis, num mundo cada vez mais digital, que precisa ser cada vez mais humano.
Estiveram presentes no almoço do Conselho Editorial: Catarina Tendeiro (Hovione), Diogo Alarcão (gestor), Fernando Neves de Almeida (Boyden), Gonçalo Rebelo de Almeida (Grupo Vila Galé), Isabel Heitor (ANA Aeroportos), Nuno Ferreira Morgado (PLMJ), Nuno Troni (Randstad), Pedro Fontes Falcão (Iscte Executive Education), Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida HR Consulting) e Vanda de Jesus (iCapital).

Almoço do Conselho Editorial da Human Resources, artigo publicado n.º 151, de Julho de 2023